O dono deste boteco recomenda o artigo "Brasília não é Caracas"de Marco Antonio Villa, professor de história da universidade de São Carlos, SP, publicado hoje na Folha de S. Paulo.
Diz o professor:
"Se vivemos numa sociedade de classes e com desigualdade regionais, cabe à oposição construir uma proposta supraclassista e enfrenta os problemas do desenvolvimento desigual. Ou seja, não deve aprofundar o fosso construído pelo governo, mas edificar uma ponte com os setores mais pobres da população, ter um programa para o Nordeste, realizar um trabalho de convencimento político, exibir propostas, enfim, participar e ganhar o debate ideológico.
A oposição não aprendeu a falar com a maioria dos eleitores; só é entendida pela classe média, e isso não basta. Vive o complexo de UDN. O caos aéreo é um bom exemplo. O sofrimento dos passageiros nos aeroportos não sensibiliza essa faixa do eleitorado. A vida de milhões de eleitores pobres foi mmarcada pelo descaso público: no INSS, nos hospitais, nas rodoviárias, nas matrículas, nas escolas, etc."
Em resumo, como resumiu Luiz Favre em seu blog:
"O que fazer - a oposição
Em artigo na Folha, o historiador oposicionista Marco Antonio Villa ataca a oposição. “O governo Lula é enfadonho(...). A sorte do presidente é que a oposição é tão enfadonha quanto o seu governo. Sem rumo, agora ameaça cair na armadilha criada pelo próprio governo: a de que o Brasil é a Venezuela. Aceitar o corte social proposto por Lula (governo dos pobres x oposição dos ricos) é derrota certa não só nas pesquisas como também o será nas urnas, em 2010”.
O que fazer - o governo
Bem mais complexa é a crítica do dirigente petista Luis Favre ao governo Lula. Ao analisar as pesquisas de avaliação do governo Lula em São Paulo, Favre reconhece a força da oposição. Ele defende “uma ação de explicação política de envergadura, não só do governo federal, mas dos partidos e organizações sociais que o sustentam para mudar o equilíbrio atual”, favorável à dupla PSDB-DEM.
Afinal, quem está melhor colocado? A oposição ou o governo? As pesquisas indicam que o governo leva vantagem.
4 comentários:
Gostei do post. E é fácil identificar o problema da oposição à Lula:
"...ter um programa para o Nordeste..."
O governo Lula tem, é o Bolsa-família. O Bolsa funciona em todo país? Sim, mas principalmente no Nordeste. Sem falar de outros projetos, que podem (ou não) dar certo lá. Precisa de mais? Acho que sim, mas a oposição não oferece nenhuma proposta.
"...realizar um trabalho de convencimento político..."
É o que o Lula se esmerou em fazer no primeiro e no segundo mandato - a famosa coalisão. Podem chamar de aparelhamento, toma-lá-dá-cá, mas é o que TODOS os políticos de TODOS os partidos fazem. A oposição tentou unir partidos com CPIs mal executadas e escândalos, e isso pode atrair mídia e políticos que gostam de brilho, mas não atrai eleitores.
"exibir propostas"
Aí está o problema da oposição. Onde estão as propostas alternativas? Se o governo Lula é o caos, como diz a oposição, quais são as alternativas? Não há nenhuma alternativa importante. Eu estou louco de vontade de votar na oposição, mas qual é a proposta que a diferencia de Lula? Alckmin perdeu o segundo turno quando ficou claro que ele não tinha nada a falar em seu favor, mas somente contra Lula.
Bom artigo.
Concordo, Guimas. Felizmente ou infelizmente o bolsa família veio para ficar. Em relação ao nordeste, acho que o governo Lula deveria ir mais fundo e tocar a obra do projeto de transposição do São Francisco, mas está se enredando na burrice ideológica de certos companheiros.
Sorte do Lula é que a oposição tá tri fraquinha, mas falta tempo ainda para as eleições presidenciais e Lula tá fora, não vai poder se reeleger. A história ai é outra.
Não sei se é outra história, Maia. Por incrível que pareça, só quem tem projeto de governo é o governo. O resto tá pulando que nem macaco louco em volta do Lula.
A oposição não tá fraquinha. Ela é fraquinha e sempre foi, até quando era governo.
É claro que a oposição tem projeto de governo Guimas. A oposição governou 8 anos, conseguiu controlar a inflação e essa mesma política vem sendo adotada pelo atual governo. A questão não é de projeto de governo, mas de linguagem e comunicação com as classes de baixa renda favorecidas com o bolsa família.
Postar um comentário