Diversidade, Liberdade e Inclusão Social

Foto: Obama, Cameron e Helle Thorning-Schmidt


terça-feira, 21 de agosto de 2007

Em Nome dos Direitos Universais


É sempre irritante ler Emir Sader.

Sua última postagem em seu blog é a seguinte:

Quem fala em nome dos direitos universais?
Immanuel Wallerstein, em seu último livro publicado no Brasil – O universalismo europeu, da Boitempo – afirma: “A luta entre o universalismo europeu e o universalismo universal é a luta ideológica central do mundo contemporâneo.” Toda força hegemônica pretende falar em nome da universalidade. O ocidente o fez apropriando-se do conceito de “civilização”. O lema “civilização ou barbárie”, do argentino Domingos Faustino Sarmiento, segue sendo determinante no seu modelo hegemônico.Como recorda Wallerstein – cujo livro tem, significativamente, como subtítulo, “A retórica do poder” –a expansão do capitalismo através da hegemonia das potências ocidentais se deu através de conquista militar, de exploração econômica e da disseminação de brutalidades como a dizimação das populações indígenas da América e a escravidão. Mas trataram de legitimar essa forma de expansão pelo que representaria a disseminação da civilização, do desenvolvimento econômico e do progresso.Essa expansão seria “natural”, benéfica e historicamente inevitável.De uma primeira perspectiva teológica, vinculada à conquista e à colonização, se passou a uma versão secular, centradada no racionalismo e no progresso material. Uma vez apropriado o conceito de civilização, se dá a reivindicação do direito de intervir para impô-lo contra a barbárie. Wallerstein retoma polêmica de Bartolomeu de las Casas, para demonstrar como termos similares são utilizados pelo bloco dos EUA com a Inglaterra, para desenvolver o que hoje chamam de “guerras humanitárias”. O nome do capítulo do livro diz tudo: “Quem pode intervir? Os valores universais contra a barbárie”.Quando os EUA conseguiram apenas 4 dos 15 votos do Conselho de Segurança da ONU ao propor a invasão do Iraque, alegaram que agiam “em legítima defesa” sob o pretexto de que o governo do Iraque possuiria armas de destruição massiva. Quando este argumento se revelou uma falácia, passaram a apelar para o argumento de que tirar um ditador do poder seria um “bem moral”. Se trataria de “defender inocentes”, argumento que levou a Norberto Bobbio, Jurgen Habermas e John Rawls defenderem a “guerra humanitária” na Bósnia.“Na prática a intervenção é um direito apropriado pelos fortes”, diz Wallerstein. Como resultado, ninguém se atreveu a falar em punição – mesmo que moral – para os invasores do Iraque. A ênfase nos direitos humanos como eixo das políticas internacionais acabou sendo o instrumento dessas intervenções, sua cobertura “humanitária”, fortalecendo o argumento do “dever dos civilizados de suprimir a barbárie”.


O dono deste empório não se conteve e postou uma mensagem que diz mais ou menos isso (dificilmente essa mensagem vai ser liberada pelo proprietário do Blog):

Existe civilização e existe barbárie. Olhando o mapa mundial pode muito bem se verificar onde está a civilizazção e onde está a barbárie. Já houve barbárie na civilização, como foi o holocausto nazista. É a civilização, o mundo civilizado que fala em nome dos direitos universais. O mundo civilizado é o democrático, é o que permite a alternância no poder, a liberdade de imprensa, de opinião, de idéias, de iniciativas etc. O mundo do oeste europeu está muito mais próximo da civilização do que da barbárie. Bobbio, Habermas e Rawls fizeram muito bem em apoiar a guerra humanitária, capitaneada pelos EUA e países europeus contra o holocausto étnico dos muçulmanos na Bósnia feita pelos soldados de Milosevic. Sader, como se verifica pela sua mensagem, critica o humanitarismo do ocidente frente aos atos de barbárie de outros países. A civilização tem sim o dever de suprimir do mapa mundial qualquer tipo de barbárie. Mas isso não interessa a Sader que tem outros interesses que ele prefere não revelar explicitamente.
(a foto acima é de refugiados bosnios em Srebenica)

2 comentários:

senna madureira disse...

Meu caro Maia

O que o Emir Sader não aceita é que, não obstante a existencia de propostas, seja de quem for, sempre se consagrará a constituição de um ideal político para o ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO, e nunca um ESTADO DA DIREITA.


Quem sabe, caro Maia, ele não tem medo de perde o discurso ?


Para encerrar, receba um abraço do Paraíba, que teve que "fechar o quiosque" na Pestalozzi-Leme, em função da fiscalização do duble de alcaide e ex-blogueiro, Cesar Maia.


Foi trabalhar no Piscinão de Ramos, pois o Paraíba sempre foi "capitalista" e sabe surfar na maré economica daquela teoria.


Forte abraço


Senna Madureira

Anônimo disse...

Caro,

mas aí você se enquadra no que o próprio Sader já previa: no 'universalimo' europeu.

Para refutá-lo, você deveria explicar pq o universalismo europeu é o VERDADEIRO universalismo, e não mais um, que projeta seus temas no mundo. Mais ou menos por aí, mas o debate é interessante