Diversidade, Liberdade e Inclusão Social

Foto: Obama, Cameron e Helle Thorning-Schmidt


sexta-feira, 10 de setembro de 2010

A Passeata Contra A Guitarra Elétrica



É preciso impedir que o lixo pop norte americano ingresse no Brasil. Esse era o lema das pessoas e artistas que participaram da famosa passeata contra a guitarra elétrica:  Elis Regina. Gilberto Gil, meio desconfiado, Geraldo Vandré, Edu Lobo, Jair Rodrigues e muitos outros artistas que representavam a música brasileira à época (e até hoje) entoaram gritos contra a guitarra e a música norte-americana em 1967.

Do lado oposto, estava Caetano Veloso que não foi a passeata, mas assitiu o protesto ao lado de Nara Leão.


Leio no Blog do Vitor Ferreira o seguinte:

Essa patrulha contra a guitarra, aliás, mirou Caetano Veloso no Festival Internacional da Canção, em 1968. No livro “Cale-se”, o jornalista Caio Túlio Costa descreve a apresentação de Caetano no Tuca, teatro da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. O cantor baiano apresentava a canção “É Proibido Proibir” carregada de guitarra elétrica, ao lado do grupo de rock Os Mutantes. Hoje, essa música é considerada uma das mais marcantes no protesto à ditadura, mas naquele dia foi vaiada efusivamente. Inconformado, Caetano interrompeu a apresentação e entoou um discurso contra o público:
– Mas é isso que é a juventude que diz que quer tomar o poder? (…) São a mesma juventude que vão sempre, sempre, matar amanhã o velhote inimigo que morreu ontem. (…) Vocês estão por fora. Mas que juventude é essa?

A tal passeata contra a guitarra elétrica se revela hoje um movimento infantil, bobalhão, como sugerem Caetano e o próprio Gil no documentário. Até mesmo “idiota”, como diz o jornalista Sérgio Cabral, jurado no Festival da Record de 1967. Resgatar essa história, no entanto, revela muita coisa sobre a música brasileira.

4 comentários:

Pablo Vilarnovo disse...

No fundo o que querem nada mais é do que a reserva de mercado. Apenas isso. São as mesmas pessoas que gastam da "universalidade" da música, mas só criticam os americanos.

Algo parecido aconteceu com o samba que nas mãos de Pixinguinha e outros lembrava muito mais o jazz dos negros americanos que as marchinas militarizadas de hoje em dia.

Tico Santa Cruz outro dia, apoiando o repasse de verba pública para "artistas" (como ser artista não fosse uma profissão como encanador, médico, mecânico) por conta da "invasão cultural americana". Como um cara que se diz roqueiro pode falar isso? Pergunta para ele sobre influências e com certeza irá citar artistas americanos.
Ora ter influência americana não impede o desenvolvimento de uma música nacional. Chico Science mostou muitíssimo bem, aliando o rock com regionalismos.

Essa gentinha quer é dinheiro público para bancar os seus fracassos de vendas. Não se sustentam no trabalho por que não produzem o que as pessoas querem ouvir. O problema é deles. Não quero que meu imposto seja utilizado para bancar um hobbie alheio.

Senão um músico seria um ser mais importante que o vendedor da corrocinha de cachorro quente. Só porque faz música?

Ogro Zen disse...

Maia, a despeito da alta relevância deste "movimento social", a verdade é que todos eles vivem às custas de criticar o capitalismo, e o negócio é tão lucrativo que deu para comprar apê em Paris!

Carlos Eduardo da Maia disse...

Muito bom, como sempre, Pablo. O engraçado é que o Gilberto Gil participou do protesto, mas se apresentou no Festival da Record de 1967 em companhia dos Mutantes - com Rita Lee -- e suas guitarras elétricas.

Valeu Ogro.

Anônimo disse...

E o que é que as pessoas querem ouvir? Justin Bieber,Rihanna,Katy Perry,Beyonce... e por ai vai. E a nossa música brasileira ao que se resume nos dias de hoje? A pancadões que só falam de bunda e buceta; bandas, que seguem a tendência lá de fora, sem criatividade nenhuma; sertanejo(que não vejo problema, porém as letras atuais deste estilo tratam de temas tão fúteis, vide Luan Santana e companhia). É isso o que o mercado, o público e as gravadoras, querem porque vende. Nossa cultura músical já era... Se nem os "artistas" atuais conseguem se manter, mesmo fazendo maior sucesso com o público, mas depois de três, quatro meses ninguém lembra mais; como alguém que quer fazer música de verdade vai se manter assim?
Triste, mas hoje em dia, além da pobreza social que sempre assolou o Brasil, a pobreza cultural também domina a sociedade porque Mpb não vende, não é isso o que as pessoas querem ouvir.