Quem tem mais credibilidade a Carta Capital -- que apoia Dilma ou a Veja que apoia o Serra, mas não admite que apoia o Serra?
O Blog Jornalismo B, lembrado pelo nosso amigo Guimas, fez um post comparando as duas revistas, considerando as duas últimas edições, acima. Dou meu pitaco, of course, depois.
Por que Veja sim e Carta Capital não?
Duas reportagens de duas publicações antagônicas sacudiram a cena pré-eleitoral nessa semana. Carta Capital e Veja trouxeram denúncias importantes que envolvem diretamente a campanha presidencial, mas apenas uma delas acabou pautando o restante da imprensa hegemônica. A reportagem de Leandro Fortes, da Carta, foi repercutida apenas por blogs, na mídia alternativa.
Não vou, neste post, discutir as matérias em si. Cabe apenas deixar à luz que a conduta da Veja não costuma ser ética, é uma publicação que não tem por primazia a defesa da verdade, de forma alguma, e que a referida reportagem, acusando o filho da atual chefe da Casa Civil de tráfico de influência, possui apenas uma fonte, que negou parte das declarações atribuídas a ele. Por outro lado, a reportagem da Carta Capital traz informações requentadas, informações de 2001, sendo que boa parte delas realmente chegou à tona naquele momento. É daí que esta análise quer partir.
Ainda que boa parte das informações da matéria da Carta sejam requentadas, elas são importantes de serem lembradas e aprofundadas – como foram – nesse momento. Isso porque envolvem Verônica Serra, filha do candidato do PSDB à presidência, José Serra. Verônica tem sido usada na campanha de seu pai como uma aposta para derrubar a campanha de Dilma Rousseff (PT), após ter sido constatada a violação ilegal de seu sigilo fiscal. O que a Carta Capital traz agora, porém, é a lembrança de que, em 2001, a empresa Decidir.com, da qual Verônica constava como sócia, violou o sigilo de 60 milhões de brasileiros.
Esclarecidas essas questões iniciais, a pergunta que se impõe é: por que apenas a reportagem da Veja, escrita por Diego Escosteguy, repercutiu na grande imprensa? Por que apenas ela pautou os telejornais e os jornais impressos desse final de semana? Não foi por causa das informações requentadas, mas pela afinidade ideológica entre a Veja e esses outros veículos. Seria exagero comprar Estadão, Folha de S. Paulo e Globo com a Veja, nenhum chega tão baixo e apresenta manipulações tão grosseiras quanto a publicação da Abril. Mas estão todos mais ou menos do mesmo lado.
O pensamento único da mídia hegemônica é uma realidade, e qualquer coisa que fuja um pouquinho disso está automaticamente excluída, inclusive seu poder de agenda é restrito, mesmo quando falamos de uma publicação do porte da Carta Capital que, se ainda não possui o tamanho da Veja, é uma revista de grande força e influência política, sem dúvida. Mesmo assim, nada foi dito pelos outros veículos sobre o que a Carta apresentou. Informações sobre a quebra de sigilo de Verônica Serra não paravam de chegar, a cada momento, mas, quando elas vêm do outro lado, faz-se silêncio absoluto, e o foco é automaticamente transferido.
Meu pitaco: A relação de Verônica Serra com a Decidir -- empresa da irmã de Daniel Dantas -- ocorreu no ano de 2001. Os fatos levantados pela Veja são mais recentes e dizem respeito a pessoas que ainda permanecem no círculo do poder, inclusive a ministra chefe da Casa Civil do governo Lula e seus parentes, todos beneficiados com cargos nos altos escalões do governo ou fazendo lobby e recebendo comissão, o que por si só já é uma demonstração de picaretagem e falcatrua. E o valor recebido por essas comissões são muito, muito, muito elevados. O filho da ministra embolsou cerca de 6 milhões de reais com esse lobby. Em outras palavras, pessoas, companheiros estão enriquecendo no governo Lula. Nada contra a riqueza, mas é complicado ficar rico da noite para o dia apenas porque é filho de uma ministra da república, braço direito da possível presidente do Brasil.
A matéria trata a Veja como uma revista desqualificada. Claro, o pessoal do PT detesta a Veja por um motivo simples: foi ela que mostrou para o Brasil aquele vergonhoso contrato de financiamento entre o PT, assinado pelo Genoino, e a empresa de Marcos Valério.
Corrupção no Brasil sempre existiu. E no governo Lula ela continua existindo.
8 comentários:
"A matéria trata a Veja como uma revista desqualificada. Claro, o pessoal do PT detesta a Veja por um motivo simples: foi ela que mostrou para o Brasil aquele vergonhoso contrato de financiamento entre o PT, assinado pelo Genoino, e a empresa de Marcos Valério."
Maia, não sou o "pessoal do PT". Eu acho a Veja desqualificada porque publica matérias fracas, algumas sabidamente mentirosas, com cunho político. Ela só tem valor para o "pessoal do anti-PT". Para uma criatura que não torce pra nenhum partido, como eu, ela tem credibilidade zero.
E a Carta Capital, por estar entrando no negócio com sinal invertido, está começando a ter valor só para o "pessoal do PT".
E aí está o problema. Por que precisamos pautar nosso debate político só pela exposição de supostos escândalos? É só o negativo que conta? E os acertos, para onde vão?
Não estou dizendo que denúncias não devem ser feitas. Digo, muito antes, que denuncias devem ser bem feitas. Veja está longe disso.
A Veja é pobre de conteúdo, e a Carta Capital está andando neste caminho também. Pena.
Guimas, se você pensar assim, qualquer notícia mais bombástica sobre a politicagem podre deste país vai ser desqualificada. Estamos vivenciando tempos de desqualificar as informações e isso é muito perigoso. TEmos sempre de ser razoáveis e existem fatos objetivos e incontroversos. O filho da ministra fazia Lobby e recebia milhões. Isso em qualquer país razoavelmente desenvolvido é um escândalo, mas no Brasil do Lula tenta se desqualificar quem denunciou. Coisa de república de bananas.
Não vejo diferença nenhuma entre Carta Capital, revista que já assinei, e VEJA... são dois ícones do péssimo jornalismo!
"Guimas, se você pensar assim, qualquer notícia mais bombástica sobre a politicagem podre deste país vai ser desqualificada."
Negativo. O que eu disse, e releia, por favor, é que denúncias apoiadas em castelos de cartas, sem provas, pré julgadas e pré condenadas só servem aos torcedores, que acreditam em qualquer coisa.
"O filho da ministra fazia Lobby e recebia milhões. Isso em qualquer país razoavelmente desenvolvido é um escândalo, mas no Brasil do Lula tenta se desqualificar quem denunciou. Coisa de república de bananas."
Maia, és o exemplo do que disse. Já julgaste e já condenaste, baseado no péssimo jornalismo da Veja. Já estás afirmando, com uma certeza inabalável, que o filho da ministra praticou corrupção. Pode ser verdade isso? Pode. Mas não é a Veja que vai me convencer disso.
Fica fácil, assim. Se qualquer denúncia que sai na Veja é tomada como a verdade, não precisamos nem da Justiça, nem de investigação. Já está tudo resolvido.
Fábio, não poderia concordar mais. É isso mesmo.
Guimas, o filho da ministra fazia Lobby. Isso ela mesmo admite. Isso, por si só, já é um absurdo, uma falcatrua, uma picaretagem. E como lobista recebia a comissão. Isso não é invenção da Veja, isso é verdade, realidade. Só não vê quem não quer.
"Guimas, o filho da ministra fazia Lobby. Isso ela mesmo admite. Isso, por si só, já é um absurdo, uma falcatrua, uma picaretagem."
Estás chamando a filha de Serra de picareta? Ela também fez lobby, e também teve negócios dependentes do governo. Quando o Serra era ministro, em 2001. Tá lá na CartaCapital.
Eu não acho ela picareta. Lobby é uma maneira bem comum de fazer dinheiro em Brasília, e só não vê quem não quer. Se o problema é que o cara era filho da ministra, a Veja e seus seguidores vão ter que cair em cima de muita gente que é filho de alguém lá na Capital. E eu quero dizer um montão de gente mesmo.
De novo: quando dizes "Isso, por si só, já é um absurdo, uma falcatrua, uma picaretagem" está pre-julgando um montão de gente, mas tua opinião "seletiva" só está indignada com o PT.
Quanto às revistas, eu fico indignado com a quantidade de matérias sobre dieta, lipoaspiração, tratamento de beleza e comportamento de adolescentes.
Sou de um tempo em que VEJA, SENHOR e ISTOÉ eram revistas de PO-LÍ-TI-CA e o resto era apenas complemento. Hoje, são revistas de bem estar, não são muito diferentes de Cláudia ou Playboy.
Tanto VEJA quanto CartaCapital estão desse jeito, razão pela qual não lhes defiro credibilidade.
Eu penso que filho de ministro é como a mulher de Cesar, não basta ser casto, tem que parecer casto!
E por esta razão, é preciso ir à fundo nas denúncias e apurar tudo com clareza... mas não porque são contra o PT e sim porque são contra o Brasil.
O Guimas citou lá em casa o engavetador geral da União. EU mantenho o que disse lá, Lula passa a mão na cabeça dos seus indicados que aprontam... é grave contra ele, porque o PT sempre pregou uma ética perfeita, mas sejamos sinceros: no Brasil, todos os governantes fazem coisa parecida.
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