Diversidade, Liberdade e Inclusão Social

Foto: Obama, Cameron e Helle Thorning-Schmidt


quinta-feira, 10 de março de 2011

Descobriram Saturno: Serra Defendia Maior Alinhamento do Brasil com os EUA


Encontrei este post no  Blog Alfabetizados Políticos que pescou do Carta Capital/Wikileaks. Uaaaau, que coisa horrosa: o Serra defendia um maior alinhamento do Brasil com os EUA....

 Meu pitaco vem depois.

Serra “buscaria uma política externa mais afinada com os EUA”

Em 18 de dezembro de 2009 o então governador de São Paulo José Serra encontrou-se durante 90 minutos no palácio do governo com o subsecretário para assuntos do hemisfério ocidental do governo americano, Arturo Valenzuela. Serra já era já cotado para ser candidato tucano à presidência em 2010, mas ainda não havia formalizado a candidatura.



Valenzuela saiu do encontro privado com a impressão de que Serra seria um presidente mais afeito aos EUA. “Serra alertou que a corrupção e a radicalização estavam crescendo no partido governante, o PT, e sugeriu que como presidente iria pressionar por uma política externa mais alinhada com os Estados Unidos”, diz o telegrama enviado pelo consulado em São Paulo.

O político tucano criticou a política externa de Lula e propôs-se estar numa posição mais internacionalista caso fosse eleito, criticou a tarifa americana sobre o álcool brasileiro julgando-a “economicamente ilógica” e destacou seu engajamento com o então governador da Califórnia, Arnold Schwarzenegger, nas questões climáticas como uma das oportunidades de cooperação.

Serra criticou a participação de Lula na crise em Honduras, responsabilizando o governo brasileiro e o presidente hondurenho deposto Manuel Zelaya de impedirem a resolução do problema.

Sutilmente, Serra deu a entender que os EUA faziam mal ao elogiar Lula. “Ele também avisou que as referências do governo americano a uma ‘relação especial’ com o presidente Lula não agradam a todos os segmentos do Brasil e que poderiam ser manipuladas pelo PT”, diz o telegrama.

Desinformado


Depreende-se do documento, no entanto, que Valenzuela achou que Serra estava focado demais na política interna brasileira sem prestar a devida atenção aos vizinhos na América do Sul.

A conversa aconteceu pouco menos de um mês depois do chileno assumir a subsecretaria de Assuntos do Hemisfério Ocidental, cargo anteriormente ocupado por Thomas Shannon e que coordena as relações dos EUA com América Latina, Caribe e Canadá. “A presidente Kirchner é esperta e cordial. Se o populismo na Argentina preocupa aos EUA, então Dilma causará preocupação maior”, comparou o candidato tucano à presidência.

Valenzuela visitou países do Cone Sul e na volta aproveitou para fazer uma escala em São Paulo onde realizou uma série de encontros extra-oficiais. “Serra pareceu completamente desinformado de acontecimentos recentes no Cone Sul, incluindo a situação política do presidente paraguaio Lugo”, comentou o telegrama fazendo menção à série de reconhecimentos de paternidade atribuídas ao ex-bispo.

Preocupado com a derrota
José Serra deu a entender a Arturo Valenzuela não estar “firmemente confiante” que fosse ganhar as eleições de 2010. Segundo o tucano, o embate entre os esforços do PT em montar uma base política sólida e o fraco aparato do PSDB justificavam tal descrença.

Meu humilde pitaco:
Votei no Serra exatamente por isso. Mas não estou decepcionado com o governo Dilma que considero muito bom, pelo menos nos primeiros meses: menos ideologia, menos ressentimento, menos ódio e mais trabalho, porque o que efetivamente importa é a inclusão social dos excluídos. Temos de transformar este Brasil num imenso país classe média, como é hoje os EUA e os países europeus, mas com responsabilidades ambientais e sociais. Não vejo nenhum problema do Brasil ser mais parceiro e amigo dos EUA. Muito pelo contrário, assim devemos fazer. E Obama está vindo ai.

7 comentários:

Carlos Arruda disse...

Os novos documentos do WikiLeaks, sobre as eleições de 2010, mostram o enorme despreparo do corpo diplomático norte-americano em acessar as fontes corretas.

Os diplomatas se deixaram envolver pelo coro da velha mídia como um leitor classe média desinformado. Nenhuma visão estratégica, nenhuma discernimento para separar torcida de análise e a inacreditável ingenuidade de considerar Diogo Mainardi como “renomado colunista político” – apenas um repassador de recados e de dossiês de Serra, utilizado por ele para atacar inimigos e jornalistas.

Mas dá uma boa ideia de como a vontade se impõe sobre os fatos e gera erros rotundos de análise.

Até agora é o melhor documento sobre a loucura que tomou conta da velha mídia, indo comer nas mãos de Serra. Uma fantasia na qual se meteu uma dúzia de jornalistas, julgando que com seus veículos à mão - em uma fase de transição em quase todos eles - se tornariam os novos donos do Brasil.

Carlos Arruda disse...

Serra se cercou de um conjunto de jornalistas, para jornalistas, políticos sem conhecimento mínimo sobre o jogo político, meros torcedores sem capacidade de análise prospectiva, sem discernimento para entender sua (do Serra) própria incapacidade analítica, e, com eles, criou um mundo virtual. Machado de Assis se esbaldaria com essa versão contemporânea de "O alienista".

Quando se deu conta de que os fatos não batiam com as análises, a corte de Serra passou a espancar os fatos resultando na campanha jornalística mais irracional da história recente do país. Só restaram escândalos diários para suprir os erros de análise.

Em seu “Ciência e Demência” Olavo de Carvalho traça um cenário clássico desse tipo de piração coletiva de intelectuais e subintelectuais, quando os fatos teimam em desmentir suas teses. Por não pode abrir mão da teoria - porque ela os consagrou - passam a desenvolver teses para provar que os fatos não existem, são meras alucinações.

Por exemplo, Serra – cuja incapacidade de análise política hoje em dia é uma unanimidade (especialmente no seu partido) – diz a Mainardi, durante um almoço, que Marina Silva seria a vice de seus sonhos, porque tem uma história bonita como a de Lula. Pronto. A embaixada informa que Mainardi reproduziu todos os argumentos de Serra em sua coluna na Veja – aliás, foi um dos pontos ridículos da campanha, na qual um colunista sem familiaridade com a política recebe a receita do bolo de Serra e se propõe a ser o padrinho de uma chapa presidencial impossível. Era o poder que emanava de quem considerava estar falando com Deus.

Carlos Arruda disse...

Desde meados de 2009, qualquer analista político competente sabia que Aécio jamais aceitaria ser vice de Serra. Esse quadro ficou óbvio em dezembro, quando Aécio anunciou oficialmente sua desistência de qualquer tentativa de impor seu nome – a presidente ou a vice – e lançou sua campanha para senador. Ainda se poderia acreditar nele para presidente, jamais para vice de seu verdugo.

No entanto, a embaixada se baseia em “insiders” – Mainardi e Merval Pereira (!) – para sustentar que Aécio aceitaria ser vice, sim. Aécio anuncia formalmente estar fora da disputa. Mas a embaixada, em conversa com o notável analista político Mainardi, sustenta que ele irá aguardar até... março para aceitar a indicação para vice.

Qual a outra grande fonte da embaixada que confirma a informação? O delegado Marcelo Itagiba, claro. No início de 2010, também garantiu que Aécio terminaria vice de Serra. O brilhante Itagiba é mais contundente: se Aécio perceber que a vitória de Serra não está assegurada, aí ele aceitará ser o vice. Só um completo alienado poderia supor um Aécio indo para o sacrifício por Serra.

Ou seja, um conjunto de pessoas intimamente ligadas a Serra, despidas de qualquer capacidade mais profunda de análise, comendo na mão de Serra e tratando como análises definitivas o que não passava de sonhos desconjuntados e impossíveis do próprio Serra. E essa loucura tornou-se o fio condutor da cobertura da velha mídia.

Carlos Arruda disse...

Por aí dá para entender a maluquice da velha mídia de jogar todas suas fichas no desastre político de Serra. Eles acreditavam piamente no que escreviam sobre as possibilidades de Serra porque só no final da campanha perceberam que estavam nas mãos de um alienado.

Muitas vezes escrevi como esse desequilíbrio da informação era um dos principais fatores do custo Brasil, por conduzir a erros decisões empresariais e políticas. No episódio em si, as maiores vítimas foram os próprios jornais.

Quando sai das fontes midiáticas e passa a falar com deputados, como Otávio Leite Rio (PSDB-RJ) e Rodrigo Maia (DEM-RJ) os relatos ganham um pouco mais de consistência. Eles mostram a quase impossibilidade de Aécio aceitar a vice candidatura ou de Marina apoiar Serra no segundo turno.

Rangel disse...

Cara. Algumas coisas me deixam realmente chateado. E as injustiças cometidas pelo PT contra FHC são muitas e fazem várias vitimas, entre elas, as pessoas que recebem o bolsa-família.
Eu viajei pelo interior do NE Brasileiro durante o segundo mandato de FHC implantando o programa que hoje dá tanta fama e credibilidade ao Lula e a Dilma. Os premissa do programa era despolitizar totalmente o benefício e incluir o máximo de pessoas que realmente necessitassem da ajuda. Para tanto, eu e meus colegas cadastrávamos os beneficiários ali, "na lata", no "cara-a-cara". Mas era muito trabalho e os resultados eram quase invisíveis. Entretanto, agindo assim retirávamos os vereadores, deputados estaduais, deputados federais e goverandores da equação. Assim o benefício chegava diretamente ao beneficiário. O que Lula fez? reicluiu a cambada de vagabundos direcionando indiscriminadamente os recursos para as autoridades citadas acima para que estas, repassassem o benefício vinculado ao nome do presidente e outros à sua escolha. O resultado foi esse. Um presidente batendo recordes de popularidade e o apoio incondicional de todos que recebem o benefício já defasado, pois a grana antes de chegar ao bolso do beneficiário, passa pelas mãos dos políticos do estado. É triste.

Fábio Mayer disse...

Ué?

E Dilma não tá se aproximando dos EUA?

Carlos Eduardo da Maia disse...

Arruda, a eleição já passou, a Dilma ganhou e ela está surpreendendo (pelo menos a mim) e isso que importa.

Rangel, concordo contigo. O governo Lula foi apenas uma continuação do bom governo FHC que colocou o Brasil nos trilhos.

Fábio, sim a Dilma - pelo visto e assim espero - vai ter uma relação bem amistosa com os EUA.