Diversidade, Liberdade e Inclusão Social

Foto: Obama, Cameron e Helle Thorning-Schmidt


sábado, 4 de agosto de 2007

Repórteres Sem Fronteira



Este blog endossa integralmente a correspondência enviada pela organização Repórteres Sem Fronteira ao Presidente Lula, em relação a uma declaração formal do PT exarada em 31 de julho.

O partido que faz esse tipo de declaração não pode ser considerado um partido democrático.
A página do RSF está no www.rsf.org


Exmºs Srs.
Luís Inácio Lula da Silva, presidente da República Federativa do Brasil, e Ricardo Berzoini, presidente do Partido dos Trabalhadores.
Repórteres sem Fronteiras manifesta sua preocupação sobre as conseqüências da decisão adotada no dia 31 de julho pela Comissão Executiva Nacional do Partido dos Trabalhadores (PT), convocando detentores de mandatos públicos à mobilização contra uma “grande ofensiva da direita aliada a certos setores da mídia contra o PT e o governo do presidente Lula", fundador do partido. Gléber Naine, responsável pela comunicação do PT, destacou o canal de televisão privado TV Globo e os diários Correio Braziliense, O Estado de São Paulo, O Globo e Folha de São Paulo como veículos que “nunca fizeram antes oposição a um governo como o fazem agora".
Esta decisão nos parece inoportuna e sem fundamento. De um lado, se é verdade que a mídia privada do país não poupou críticas ao presidente Lula e seu governo quando de sua chegada ao poder, a relação entre o governo federal e a imprensa evoluiu de forma favorável desde então. Por outro lado, os veículos citados não deixaram de criticar representantes dos partidos de oposição citados em casos de corrupção, abuso de poder e fraude.
É nosso dever lembrar, contudo, que a revelação, às vésperas das eleições de outubro de 2006, de um escândalo envolvendo membros do PT - que tentaram comprar um falso dossiê contendo acusações contra candidatos de oposição - provocou a reação de militantes do partido contra a imprensa. Na ocasião, os demais partidos representados no Congresso que tomaram parte nessas manifestações também tiveram parte na responsabilidade pelas agressões dirigidas contra a mídia, para as quais não servem de justificativa as alianças políticas vigentes.
A resolução que o PT acaba de aprovar ocorre poucos dias após a ampla cobertura pela mídia das manifestações que se seguiram após a catástrofe aérea no aeroporto de Congonhas, em São Paulo, no dia 17 de julho, e as vaias dirigidas ao presidente Lula por ocasião da abertura dos Jogos Panamericanos do Rio de Janeiro. Tais manifestações devem ser vistas como uma crítica sistemática às autoridades de Brasília? Deveria a imprensa se calar diante desses eventos, deixando-os passar de forma despercebida? É possível responsabilizar a mídia pela insatisfação provocada pela emoção coletiva decorrente da tragédia de Congonhas?
Repórteres sem Fronteiras vem por meio desta chamar as autoridades de governo ao bom senso. A decisão do PT não nos parece em acordo com um partido democrático. Ela não pode senão alimentar o rancor, e deve ser reconsiderada.
À espera de que nossas considerações sejam ouvidas, queira, Exmº Sr. presidente, receber os nossos votos da mais alta estima e consideração.
Robert Ménard Secretário Geral

13 comentários:

PoPa disse...

Esta seria uma grande oportunidade para o Lula dar sua versão à população brasileira, dizendo que nada tem com esta decisão do partido e que não autoriza os detentores de cargos a tomar atitudes contra a mídia. Difícil, não?

Anônimo disse...

Tem dois pontos na carta que são papo furado de primeira linha:


O primeiro: "Por outro lado, os veículos citados não deixaram de criticar representantes dos partidos de oposição citados em casos de corrupção, abuso de poder e fraude." Vejamos: compare-se o que se falou de Eduardo Azeredo, que para muitos é o fundador de que se chama comumente de "mensalão", com o que se falou de José Dirceu. Não defendo nenhum dos dois, mas compare. Não conseguiu? Ninguém consegue. O tucano é ignorado. O petista foi julgado e condenado (novamente, não defendo nenhum dos dois). A mídia foi e ainda é extremamente parcial nestes dois casos.

Seguindo, vejamos o segundo: "É possível responsabilizar a mídia pela insatisfação provocada pela emoção coletiva decorrente da tragédia de Congonhas?" Quando a mídia ignora possíveis causas do acidente para colocar a culpa no governo, repetidamente, mesmo depois de se saber que o acidente se deve à falha humana e/ou mecânica, é possível sim. Ainda tem gente por aí dizendo que o "Lula que assassinou as 200 pessoas do avião". E não são radicais de direita. São só anti-petistas e anti-lulistas. Em grupo, estes formam o maior partido político em funcionamento no RS hoje.

Essa cartinha parece uma manifestação sindical, em defesa da classe.

Carlos Eduardo da Maia disse...

Que classe, Guimas? O que é preocupante é a nota infantil do PT. O PT é governo e tem o dever de administrar este país de forma eficiente, competente e não está fazendo isso. E as promessas de campanha? Que o PT governe e faça este país funcionar. Que administre e pare de reclamar contra a crítica. Onde, afinal, o PT quer chegar com esse tipo de nota? Uma revolução bolivariana em solo tupiniquim? Da mesma forma como não existe clima para fazer um golpe de direita ( e vou ser contra este golpe) não existe também nenhum clima para venezuelizar o Brasil. Que o PT governe e pare de reclamar.

Anônimo disse...

Acho que aí o anti-petismo cai em sua própria armadilha, Maia: o PT tem todo o direito de reclamar do tratamento que o partido e o governo recebem da mídia - é a democracia. E não acho que a nota do PT seja infantil. Seria o mesmo que dizer que a OAB-SP que cuide dos advogados e pare de se queixar da corrupção.

A classe de que falei em meu post anterior é a dos barões da mídia, Maia. Este tipo de nota evidencia que este tipo de jornalista quer "liberdade de imprensa" sem responsabilidade - o que é, num país como o Brasil, evidentemente não democrático. Que os jornalistas melhorem a qualidade de seu serviço e parem de se queixar do PT e do governo.

Carlos Silva disse...

Não, Guimas, não é a mesma coisa. A OAB ou qualquer outra entidade de classe, pode reclamar da corrupção, que atrapalha seus afiliados (e muito!). O PT reclamar da mídia, tudo bem. O que não pode é chamar a mídia de golpista!

Anônimo disse...

Tá bom, então proibimos o governo e o PT de chamar a mídia de golpista.
Mas pode chamar de parcial, incompetente, elitista, de baixa qualidade?
Pode dizer que grande parte da mídia tomou para si o papel de oposição dos tucanos, que agora só repetem o que os jornalões escrevem sobre o governo?
A OAB pode reclamar da corrupção à vontade. Mas se reclamar só da corrupção no PT (como o "Cansei" está fazendo), aí vira movimento partidário. Concordas que a OAB tenha cor partidária? Eu acho temerário (no mínimo) que isto aconteça.

Carlos Eduardo da Maia disse...

É muito bom que isso esteja ocorrendo. O PT está aprendendo a conviver com a crítica. Está engatinhando ainda, mas vai ter de ouvir muita crítica para aprender a conviver democraticamente. Volto a dizer o que eu sempre disse: o Pt colhe o que plantou. Anos e anos de oposição impiedosa gera o que está gerando. Não é a toa que parte significativa da classe média (e não é pouca gente) não gosta e odeia o PT.

Anônimo disse...

O que não entendo é o seguinte: nesta lógica, o PT melhorou por causa do telhado de vidro. E os outros, por fazer oposição raivosa como o PT fazia, não regrediram?

Por que a classe média não nota e não rejeita esta regressão? Não estariam "plantando" também?

O problema é que criticar o PT é da moda. Por isso nas rodinhas da classe média de Porto Alegre é chique ser anti-petista. E isto torna o debate infértil.

Carlos Eduardo da Maia disse...

Guimas, antigamente era vergonhoso ser de direita. Hoje não é mais assim. Pessoas se assumem de direita numa boa. Isso faz parte da convivência democrática. O PT não é mais oposição, é governo e tem que aprender a conviver com a crítica. O PT tem uma oposição raivosa pelo simples motivo de que o PT sempre foi raivoso como oposição. Simples como água morna. Prova cabal da oposição raivosa é a que o PT faz contra a Yeda que foi eleita para racionalizar os gastos públicos e necessita fazer medidas impopulares. O PT sabe disso e capitaliza em cima disso. É a sede do poder.

Anônimo disse...

Maia, se eu tirar as generalidades do teu último post, não sobra nada. Nada a acrescentar.

Toda a oposição é raivosa, não só a do PT. Isso é óbvio.

O que acho bacana é que só criticas o PT. É uma opção tua. É a famosa "indignação seletiva". E este é, sem dúvida, um dos maiores defeitos de nossa classe média.

Carlos Eduardo da Maia disse...

Guimas, sinceramente, não tenho muitas críticas a fazer do governo da Yeda. Diga, com sinceridade, o que Yeda fez de errado? Ela está racionalizando os gastos e foi eleita para isso. Não posso fazer críticas a um governo que está fazendo o possível (talvez pudesse fazer mais) para melhorar as finanças do combalido erário estadual.

Anônimo disse...

Sem problemas, Maia: a "racionalização dos gastos" prejudica diretamente os serviços de saúde, educação e segurança pública que o governo do Estado deve prestar.

O que estava ruim, sem verbas, piora.

A não ser que vivas no mundo encantado da governadora, que diz que a qualidade dos serviços não diminuiu.

Não era justamente para saúde, segurança e educação que dizes que o Estado deve existir?

PoPa disse...

A idéia de que a mídia é contra o governo é bem falsa também. A Folha de São Paulo, um dos jornais de maior circulação no Brasil, é claramente a favor do governo. Claro, coloca alguma coisa nos editoriais, mas nada que comprometa muito. Nas matérias, deixa clara sua posição. A Globo também não é tão assim contra o governo, fazendo um joginho de cena, como já fazia no governo FHC, deixando as críticas para o Jornal da Noite e sendo bem mais branda no Jornal Nacional, que é o que o povo pode assistir.

A ZH mantém o Veríssimo fazendo sua parte... E se uma determinada revista for totalmente a favor do governo, como a Caros Amigos, como fica? Não tem direito de sê-lo?