Diversidade, Liberdade e Inclusão Social

Foto: Obama, Cameron e Helle Thorning-Schmidt


quarta-feira, 3 de novembro de 2010

44%

Estou no interior do RS. Ontem em um jantar de 16  pessoas nenhuma delas votou na Dilma.  São os 44%.

Mas não sou tão cético e radical assim. Prefiro acreditar que Dilma vai mesmo tirar os brasileiros da miséria  - que é o que efetivamente importa - sem alimentar antagonismos sociais.


44% estão na oposição

Espaço para a oposição existe. O primeiro passo é assumir seu papel e pensar em um projeto para o Brasil

A OPOSIÇÃO acreditou que criticar o governo levaria ao isolamento político. O resultado das urnas sinalizou o contrário: 44% do eleitorado disse não a Dilma. Ela era candidata desde 2008. Ninguém falou em prévias, nenhum líder fez muxoxo. Lula uniu não só o partido, como toda a base.
Articulou, ainda em 2009, as alianças regionais e centrou fogo para garantir um Congresso com ampla maioria, para que Dilma pudesse governar tranquilamente.
Afinal, nem de longe ela tem sua capacidade de articulação política.
E a oposição? Demorou para definir seu candidato. Quando finalmente chegou ao nome de Serra, o partido estava dividido, vítima da fogueira das vaidades. Ao buscar as alianças regionais, encontrou o terreno já ocupado. Não tinha aliados de peso no Norte e Centro-Oeste, e principalmente no Nordeste.
Neste cenário, ter chegado ao segundo turno foi uma vitória. No último mês deu mostras de combatividade, de disposição de enfrentar um governo que usou e abusou como nunca da máquina estatal. Como, agora, fazer oposição?
Não cabe aos governadores serem os principais atores desta luta -a União pode retaliar e isso, no Brasil, é considerado "normal".
É principalmente no Congresso Nacional que a oposição deve travar o debate. Lá estará, inicialmente, enfraquecida. Perdeu na última eleição, especialmente na Câmara, quadros importantes. Mesmo assim, pode organizar um "gabinete fantasma" e municiar seus parlamentares e militantes com informações e argumentos. Usar as Câmaras Municipais e as Assembleias estaduais como espaços para atacar o governo federal. E abastecer a imprensa -como sempre o PT fez- com denúncias e críticas.
Espaço para a oposição existe. O primeiro passo é assumir o seu papel. Deve elaborar um projeto alternativo para o Brasil. Sair da esfera dos ataques pessoais e politizar o debate, acabar com o personalismo e o regionalismo tacanho, formar quadros e mobilizar suas bases.
É uma tarefa imediata, não para ser realizada às vésperas da eleição presidencial de 2014.
O lulismo tem pilares de barro. É frágil. Não tem ideologia. Não passa de uma aliança conservadora das velhas oligarquias, de ocupantes de milhares de cargos de confiança, da máfia sindical e do grande capital parasitário. Como disse Monteiro Lobato, preso pelo Estado Novo e agora perseguido pelo lulismo: "Os nossos estadistas nos últimos tempos positivamente pensam com outros órgãos que não o cérebro -com o calcanhar, com o cotovelo, com certo penduricalhos, raramente com os miolos".

Artigo de Marco Antônio Villa na Folha de hoje.

11 comentários:

guimas disse...

Olha só:

"Espaço para a oposição existe. O primeiro passo é assumir o seu papel. Deve elaborar um projeto alternativo para o Brasil. Sair da esfera dos ataques pessoais e politizar o debate, acabar com o personalismo e o regionalismo tacanho, formar quadros e mobilizar suas bases."

É o que tenho dito há bastante tempo. A cadidatura de Serra foi o oposto disso. Foi personalista, despolitizada e regionalista.

Tomara que os 44% acordem e entendam que é pra frente que temos que ir, e não para os lados.

Fábio Mayer disse...

O Guimas tem razão, oposição tem que ser politizada e impessoal, e mais do que isso, São Paulo não pode ser oposição por ser São Paulo.

Oposição tem que ter em todo o país e discutir os problemas sociais e políticos, apresentar propostas e alternativas, não ficar de nhenhenhé eleitoreiro como PSDB e DEM fizeram durante os anos Lula.

Claro que é preciso investigar e agir com força em casos como o Mensalão, que foi a única vez que a oposição apresentou algum tipo de competência nos ultimos 8 anos, expondo de modo republicano os problemas do governo. Depois, foi só roto falando de rasgado... Ou seja, oposição se faz dando relevância ao que é relevante.

Pablo Vilarnovo disse...

E como ser oposição já que a oposição possui o mesmo "projeto" que o governo?

O que esperar do PSDB já que deixou, covardemente, seus acertos serem "tomados" pelo PT?

Como ser oposição se o PT e o PSDB são tão iguais??

Esse é o problema do PSDB.

E duvido que consiga resolver.

Pablo Vilarnovo disse...

Guimas - Desse medo eu não tenho...

Não tenho dúvidas nenhuma que o Brasil com o PT andará de lado. Como andou com Lula e andará com Dilma.

senna madureira disse...

Maia

É um erro crasso de uma suposta elite brasileira menosprezar o poderio e a saúde politica do PT e LULA DA SILVA, em especial.

Causa-me frouxos de risos quando um idiota como essa vem novamente dizer que "O lulismo tem pilares de barro. É frágil. Não tem ideologia. Não passa de uma aliança conservadora das velhas oligarquias, de ocupantes de milhares de cargos de confiança, da máfia sindical e do grande capital parasitário".

Sempre fui oposição ao PT, porém não sou cego para não ver o sucesso do processo politico petista

Insulta a inteligencia de todos uma manifestação como essa.

guimas disse...

Pablo,

Tem um montão de gente que subiu à classe média que discorda de ti.

Esse é um discurso estéril. Não reconhecer os avanços do país nos ultimos oito anos é coisa de... petista ressentido que não reconheceu os avanços no governo FHC.

O Brasil foi (e vai) bem. A prova é que Dilma foi eleita.

PoPa disse...

O governo Lula pegou o País estabilizado e o mundo em uma onda de desenvolvimento. O problema foi que avançamos muito menos do que poderíamos, fizemos uma dívida maior do que deveríamos e muito pouco se investiu em infraestrutura básica.

No entanto, a oposição não está onde deveria. O psdb não é, nem nunca foi, oposição ao governo Lula, já que tem projetos semelhantes - talvez menos corrupção no início. A oposição - fraca, claro - está no DEM. Este é o partido que deverá fazer oposição decente daqui para a frente. Se fazendo a oposição mole e fajuta até agora, Lula clama que foram violentos, então que sejam uma oposição forte, para valer!

Os 44% não são eleitores de Serra e do psdb. São eleitores que simplesmente rejeitaram Dilma e que esperam que exista algum tipo de oposição ao governo, não deixando a coisa rolar como foi feito nos dois governos Lula.

Espaço existe e quem ocupá-lo poderá escrever seu nome na história deste País. Mas, falando francamente, não acredito...

Pablo Vilarnovo disse...

Popa - Exato. Há certas coisas que pessoas como o Guimas nunca vão querer entender. Religião é fogo.

Se Lula tivesse feito pelo menos uma das reformas que são necessárias (Política, Tributária, Fiscal) aí sim eu diria que ele fez um bom governo.

Ele sentou no Bolsa Família (que não foi nem ele que fez) e pronto. Acabou o governo.

Os investimentos em infraestrutura foram ridículos. O PAC nada mais é que um produto de propaganda. Tanto é que nem foi utilizado na campanha.

guimas disse...

Pablo,

Religião é mesmo fogo.

"Se Lula tivesse feito pelo menos uma das reformas que são necessárias (Política, Tributária, Fiscal) aí sim eu diria que ele fez um bom governo."

A política ele tentou, o PT enviou projeto, mas a oposição barrou e não aprovou.

A tributária esbarra em São Paulo, que é quem tem mais interesse em manter o status quo entre os estados como está. Nada contra, SP está defendendo o seu quinhão.

"Ele sentou no Bolsa Família (que não foi nem ele que fez) e pronto. Acabou o governo."

Aí entra a religião. E daí que não foi ele que fez? Isso não tira os méritos do programa e de sua boa gestão, coisa que repetidas vezes a oposição nega. A gestão do programa mudou, melhorou, e o Bolsa-Família é referência. Milhões saíram da miséria graças ao programa. Fazer de conta que ele é nada é... religião.

"Os investimentos em infraestrutura foram ridículos. O PAC nada mais é que um produto de propaganda. Tanto é que nem foi utilizado na campanha."

Aí concordamos em parte. Também acho que investimento em infra-estrutura foi pequeno. Mas não esquece que existe uma pressão grande para cortes orçamentários. Esses cortes caem justamente no investimento. No custeio é que não vão cair, obviamente.

E dizer que o PAC é produto de propaganda é expor desinformação. Vai ler um pouco. Tá parecendo o Artur Virgílio falando mal da Dilma.

Não temos oposição justamente por conta dos argumentos que usas, Pablo. O governo Lula não foi perfeito, mas foi bem. Não enxergar os acertos só pra fazer "mimimi" é o que tu mesmo chamas de religião.

Popa,

"O governo Lula pegou o País estabilizado e o mundo em uma onda de desenvolvimento."

Aí veio a maior crise econômica desde 1929 e o Brasil seguiu, graças ao governo, na "marolinha". Olha a cegueira religiosa impedindo de se ver como a coisa está andando. A Europa e os EUA estão lutando contra a recessão, enquanto o Brasil tem taxa de geração de emprego recorde.

Mas como Lula é do mal, precisa-se encontrar coisa pra falar mal, a qualquer custo.

E pra mim esta é a razão pela qual a oposição é tão fraca. Se pensa antes em falar mal do PT, de Lula e de Dilma. Só que ainda não chegaram na parte de propor seriamente um projeto alternativo, já que este de Lula é tão ruim assim. Aí ficamos com Serra.

Parece que a ficha caiu para FHC, e para Aécio. Vamos ver.

Pablo Vilarnovo disse...

Guimas - O congresso era do PT. A única reforma que o PT tentou foi a tributária, mas era tão ruim, tão ruim, que jogaram ela de lado rapidinho.

Então você acha muito? Oito anos de governo e nada de realmente importante???

Reforma tributária esbarra em SP... Porque? Quem disse?


Vc continua dizendo que a gestão mudou. Não mudou coisa nenhuma meu caro. Cara, enche o saco ficar retindo a mesma coisa. O programa do PT era o FOME ZERO que era uma porcaraia. Mudaram para os programas do PSDB porque esses tinham melhor gestão.

Que pressões de corte de orçamento?? Onde??? Quando o governo fez isso?? Não crie factóides cara... não invente coisas para justicar outras.

Quer dizer que juntar investimentos públicos e privados, investimentos de Estatais (que só beneficiam as próprias estatais) debaixo de um só programa não é propaganda?? Poupe-me...

"Aí veio a maior crise econômica desde 1929 e o Brasil seguiu, graças ao governo, na "marolinha". "

Graças ao PROER você quer dizer... que aliás o PT foi contra. Novidade? Não.

guimas disse...

Pablo,

OK, me convenceste.

FHC é Deus. Lula é o diabo. Serra é do bem, Dilma é do mal.

Nada de bom do que ocorreu nos últimos oito anos é relevante. Se é, deve-se ao governo FHC.

Parafraseando, religião é uma droga, mesmo.

PS.: Creditar o bom desempenho economico do Brasil na crise de 2008 ao PROER é... divertido. Dei boas gargalhadas.