Entre Meirelles e Mantega, Dilma escolheu Mantega.
Parece que Dilma não gostou das declarações de Henrique Meirelles de que ele ficaria no cargo se o Banco Central continuasse independente. Não sei se por isso ou por outros aspectos do tipo: o pessoal que se alinha com Dilma é desenvolvimentista ou expansionista (Guido Mantega) e o estado deve, portanto, ser o indutor da economia e o Banco Central deve ser instumento dessa indução.O fato é que Dilma escolheu Mantega e Meirelles vai seguir outros caminhos a partir de janeiro de 2011.
A estabilidade brasileira está centrada em três vetores: metas de inflação, câmbio flutuante e responsabilidade fiscal (muito embora esse último item seja discutível). É assim que o Brasil aprendeu a se equilibrar e passar incólume diante da grande crise internacional de 2008. O governo Dilma quer atingir ou ultrapassar o PIB potencial e isso pode ser perigoso, porque pode gerar inflação. É evidente que os tempos são outros e não temos mais no Brasil a cultura inflacionária. Já faz mais de 15 anos que os preços estão estáveis e se a inflação subir um pouco é fácil de controlá-la. O que parece ser preocupante são os gastos públicos que aumentaram significativamente no segundo governo Lula e isso também tem o efeito de gerar inflação, porque alguém paga essa conta: nós.
Espera-se que o Brasil consigar reduzir os juros sem causar inflação ou recessão e não faça mais o que tanto fez: abusar na emissão de moedas e utilizar o Banco Central como instrumento de política irresponsável, ou seja aquela que só enxerga o curto prazo.
Análise da Folha hoje sobre o risco de inflação com a vitória da ala expansionista ou desenvolvimentista do governo:
O mercado brasileiro parece apostar em chance crescente de que a nova administração consolide a tendência recente de política fiscal expansionista e seja mais leniente no combate à inflação do que foram o governo Lula e seu antecessor.
O relatório Focus (que traz projeções econômicas de analistas do mercado) divulgado ontem pelo Banco Central (BC) confirmou o temor de inflação mais elevada.
As expectativas para o IPCA (indicador que baliza o regime de metas de inflação) subiram de 5,48% para 5,58% em uma semana.
No mesmo período, as projeções para 2011 passaram de 5,05% para 5,15%.
O aumento das expectativas de inflação e dos juros ocorreram na esteira da confirmação de que Guido Mantega (de tendência desenvolvimentista) continuará no Ministério da Fazenda, e de fortes especulações sobre a provável saída de Henrique Meirelles (visto como ortodoxo) do comando do BC.
Para analistas e operadores do mercado, o que cria maior incerteza não é a saída de Meirelles em si, mas o temor de que o BC poderá perder a autonomia que teve na prática nos últimos anos.
Essa incerteza é alavancada por ruídos em relação à política fiscal, como a indefinição em relação à fórmula que será adotada para o reajuste do salário mínimo.
O temor do mercado é que a continuação da tendência de gastos públicos elevados contribua para pressões inflacionárias e que, com menor autonomia, o BC sofra pressões para não subir os juros, principalmente em 2011, primeiro ano do governo de Dilma Rousseff.
Nenhum comentário:
Postar um comentário