Diversidade, Liberdade e Inclusão Social

Foto: Obama, Cameron e Helle Thorning-Schmidt


segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Pichação e Bienal do Espaço Vazio


Caroline Mota sendo detida na Bienal em São Paulo depois de pichar parede do evento.

O país do homem cordial

A dificuldade dos jovens artistas para mostrar o que fazem é enorme: estão fora do mercado, encontram poucos lugares para expor, para debater com outros artistas e com a crítica.

Jorge Coli no Caderno Mais da Folha.


Chave de ouro: a Bienal do Vazio encontrou um fim condigno. Caroline Pivetta da Mota, de 23 anos, entrou no prédio do Ibirapuera com um grupo e pichou paredes [em 26/10].Foi posta na cadeia. Uma moça de 23 anos foi mandada para aquilo que se chama cadeia no Brasil porque pichou parede.
O argumento jurídico, destruição de patrimônio cultural, aplicado àqueles traços facilmente eliminados com uma ou duas demãos de pintura, é um despautério.Pena prevista: dois ou três anos na prisão.Caroline tem argumentos mais inteligentes para defender seu ato do que os curadores para responder sobre o "conceito" que presidiu a Bienal de 2008. Diz ela: "Estava me manifestando contra os desfavorecidos, os que não têm acesso àquela coisa toda".A dificuldade dos jovens artistas para mostrar o que fazem é enorme. Estão fora do mercado das artes, circuito que se assanha só por valores artísticos lucrativos. Encontram poucos lugares para expor, para debater com outros artistas e com a crítica.
Aí, a Bienal exibe acintosamente um enorme espaço vazio, sem falar no pequeno conjunto mal alinhavado de obras do primeiro andar, várias bem pífias.
Tem razão Caroline: alguém precisa manifestar pelos desfavorecidos da arte, os excluídos da turminha artística que manda, desmanda, mói e remói.
Ela explica bem: "Tanto grafite quanto "picho" são underground, coisa do fundão. Não são feitos para exposição em galeria. A parada que eu faço é na rua, é para o povo olhar e não gostar. Uma agressão visual".
Muros
Pichação e grafite são transgressores. Brotam de uma cultura socialmente bem marcada.São arte, coisa que muitos já perceberam. A galeria Triângulo, em São Paulo, deu abrigo a essa vibração enérgica que os pichadores manifestaram no Ibirapuera.A Bienal, porém, não sabe disso: enfrenta um problema da cultura com boletim de ocorrência. Nádegas"A Bienal dizia ser um espaço interativo. Rolou de algumas pessoas entrarem lá para discutir arte contemporânea. O cara que ficou pelado (Maurício Ianês) estava integrado com o sistema, para a gente não é assim. arte tem que ser livre". A frase do pichador Rafael Augustaitiz denuncia o caráter oficial e convencional das vanguardas.
As vanguardas se institucionalizaram e afastaram qualquer liberdade não autorizada, que não caiba em sua ordem autoritária e arbitrária.Há tempos, Gerald Thomas sofreu um patético processo porque mostrou a bunda no Municipal do Rio, ao ser vaiado por uma excelente montagem.Se sua bunda tivesse aparecido durante o espetáculo, antes de a cortina baixar, seria artística e livre de perseguições judiciárias.Onde fica mesmo?Ainda bem que a Bienal não é em Mato Grosso do Sul.Se fosse, haveria fortes chances para que os pichadores levassem bala.O governador Puccinelli fez declarações durante a cerimônia "Feliz Cidade" (sic), em que distribuiu 1.500 pistolas calibre 40 a policiais militares."Os policiais estão autorizados a atirar no peito de quem tem passagem." Não precisam cumprir "100% dos dizeres dos direitos humanos"."A ordem é atirar."Seu secretário da Justiça alega com candor: "Ele (governador) pensa como médico, como cidadão. Não entende as questões técnicas".Bom. Matar os outros é uma questão técnica, pensamento de médico, de cidadão, de governador? No inferno talvez seja. O pior é que o velho lugar-comum está cada vez mais certo: o inferno é aqui.

2 comentários:

Anônimo disse...

Desculpa, Maia, não li até o fim o artigo, mas não gostei do início. Lugar de pixador é na cadeia ou lavando parede. Que a Bienal é uma droga, qualquer um sabe, mas tem um regramento. Já pensou se todo descontente pudesse pegar uma lata de tinta e sair pintando o que quisesse?

Aqui na minha terra, meu irmão tinha escritório ao lado de uma boate deste grupo de "artistas". Toda manhã, o escritório aparecia pixado. Ele contratou um pintor que ia às sete da manhã, todos os dias, para pintar as pixações. Fez isto por um mês, mais ou menos. Santo remédio! Pixadores não gostam de serem apagados. Mas custou caro para ele... É justo?

JeFF astack' disse...

AAAAAAAAAAAAAH O CARA EU VO LAVAR SUA CARA PRA VC NAUM PENSA QUE VC É O DONO DAS PAREDES NÓS PIXA TUDO MSM! E VC AXA Q NÓS Ñ DA VALOR AS SUAS PAREDES VC TBM NAUM DEVIA MEXER NA VIDA DAS PESSOAS!