Muito bom o artigo de Newton Carlos na Folha hoje. Este blogueiro defende o fim do bloqueio americano à Cuba. Assim, termina-se, por vez, a esfarrapada desculpa de que a causa dos problemas cubanas são os embargos. Todo mundo sabe que não são. Obama, ao que parece, está disposto a acabar com o bloqueio, mas não de imediato.
A questão cubana
Newton Carlos
Há um capítulo sobre Cuba (único tema latino-americano presente) em documento recente do Instituto Brookings] recomendando ao futuro presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, ações diplomáticas em áreas tidas como vitais.A questão cubana é abordada como parte de um conjunto de itens de maior importância e maior urgência na agenda futura do Departamento de Estado, como energia, imigração e comércio. O Brookings é um centro de pesquisas, análises e reflexões, um importante "think tank" próximo ao Partido Democrata, de Obama. Diz que é preciso repensar as "relações tumultuadas" com Cuba.
Há razões que não se limitam às relações bilaterais. A convicção, por exemplo, de que uma política interminável de mãos-de-ferro prejudica a imagem dos Estados Unidos no continente e afeta a capacidade americana de trabalhar em parceria com os países ao sul do rio Grande.
Publicação especializada em América Latina cita declarações do ministro da Defesa do Brasil, Nelson Jobim, como um dos avisos de que é preciso mudar de curso, fazer uma "reavaliação". Jobim disse que passa "necessariamente" por Cuba qualquer iniciativa do Departamento de Estado procurando reduzir tensões entre Estados Unidos e América Latina.Obama já encampou, por antecipação, duas recomendações do Brookings. Devem ser derrubadas as proibições, decretadas por George W. Bush, de viagens de familiares à ilha e de envio de dólares vitais em orçamentos domésticos de muitos cubanos.Pelo que se sabe Obama não pretende tocar no embargo vigente há mais de 40 anos, pelo menos no curto prazo, embora se fortaleça a idéia de anacronismo. O "New York Times" sugeriu sua suspensão como o melhor meio de testar a nova estrutura cubana de poder. O Brookings, em seu relatório, achou por bem não encará-lo de imediato. Mas recomenda a remoção de Cuba da lista, feita pelo Departamento de Estado, de países que supostamente dão as mãos ao terrorismo.Washington também deve desmontar barricadas que impedem a reintegração de Cuba à Organização dos Estados Americanos. Com isso, segundo o Brookings, seria evitado que prosperem alternativas regionais. Cuba acaba de incorporar-se ao Grupo do Rio, cuja meta é dar soluções latino-americanas a problemas na América Latina.
Há algum tempo outro "think tank" americano, o Council on Foreign Relations -cujas publicações são espécies de mentores do "establishment" diplomático americano-, deu a entender que era preciso evitar a repetição em Cuba de erros cometidos no Iraque. Bush decidiu destruir o Exército iraquiano e o partido Baath, de Saddam Hussein, embora fossem as duas únicas instituições em condições de manter sob controle, no pós-invasão, a integridade iraquiana.Também em Cuba só existem duas instituições que funcionam: o partido Comunista e o Exército, que ampliou sua influência muito além do campo militar. Se houver negociações, devem ser com eles.
O jornalista NEWTON CARLOS é especialista em assuntos internacionais
3 comentários:
Eu defendo a manutenção do boicote ao regime cubano. Minhas razões são bem simples, o regime será fortalecido com a abertura da economia, e não o contrário. Seguirão o modelo chinês de capitalismo-ditadura. Ou seja, cai o embargo externo, mas se mantém o interno, contra o próprio povo. Não sei de onde surgiu a idéia de que o fim do embargo significa o fim da ditadura.
O autor do texto concorda comigo. Diz ele que "em Cuba só existem duas instituições que funcionam: o partido Comunista e o Exército", e diz que não se deve cometer o mesmo erro ocorrido no Iraque (derrubar o partido Baath e o exercito).
O que o autor propõe como solução é manter a ditadura, e fortalecer a economia. O modelo chinês.
Esse sujeito deve ser comuna.
Outro motivo é de ordem "psicológica". Em política externa, uma potência como os Estados Unidos deve tomar cuidado com ações de boa vontade. Os inimigos invariavelmente assumem como fraqueza.
E, no momento, todos os inimigos ( que não são poucos) estão observando...
Mas estou feliz com o Obama. O cara está mostrando que mesmo sendo liberal, não está aí pra brincadeira. Amém.
rsrs
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