Diversidade, Liberdade e Inclusão Social

Foto: Obama, Cameron e Helle Thorning-Schmidt


quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

Duas Cartas do Início do Século Passado


No blog da Radioweb República leio duas cartas. Uma de Oswaldo Aranha (foto acima) e a outra do "velho Chico Miranda" que, no início do século passado, era chamado de comunista..


A missiva é do Oswaldo Aranha é a seguinte.


Meu nobre Patrício – Somos da mesma terra e não podemos ser de idéias diversas. As tradições de seu nome, as de suas nobres atitudes cívicas, as das relações das nossas famílias, autorizam-me a escrever-lhe. Não seria digno deixá-lo sem a palavra do Rio Grande, sendo como é um dos descendentes da estirpe dos plebiscitários. Aguardemos os fatos para agir. O Rio Grande é um só para o que der e vier. Creia-me e creia que todos nós, nesta hora de angústia nacional, confiamos em quantos têm o nosso sangue e comungam nos ideais superiores da raça gaúcha. Oswaldo Aranha".


Comentário do dono deste depósito:


Lendo a carta do Oswaldo Aranha e que mostra como pensava a nossa elite no início do século passado. A carta é típica de um fidalgo: fala em tradição, em estirpe, em raça gaúcha. Ela fala de um tempo que passou, porque definitivamente a estirpe, a raça, ser filho de alguém ou de certas famílias não significa - hoje - o que significava antigamente. Isso mostra que o Brasil está mudando e para melhor.


E a carta do velho Chico Miranda segue abaixo:


"Direito de propriedade! É a resposta mais difícil ao questionário, pelas condições baixíssimas de mentalidade atual, sendo, ao contrário, simples e fácil diante da sã razão. A reforma dessa usurpação seria – eliminá-la.Os bens que a natureza pôs sobre o planeta para a existência e necessidade das espécies, nunca poderiam ser e não são objetos de domínio pessoal. Assim a terra, de que a pseudo-propriedade faz a sua base principal, como a água, como o ar, como a luz, só devem ser considerados o patrimônio eterno da humanidade. Os próprios bens produzidos ou alcançados pelo trabalho do homem não lhe devem valer senão como posse transitória, como transitória é a sua própria existência. Propriedade, não. Esse monstro filho da força e da depredação e pai de todas as iniqüidades – é preciso matá-lo...".


Comentário do Maia:


Propriedade não é direito absoluto e tem que ter sim uma função social. Mas o direito de propriedade é também fundamental. Nenhuma sociedade se desenvolveu social e economicamente com a extinção do direito de propriedade. Se algum vivente bem vivido souber de algum causo que atire sua funda. A bancarrota da antiga URSS está intimamente ligada a isso. Santa coincidência. Todo mundo queria ser proprietário de alguma coisinha, uma casinha, uma fazendinha, um carrinho e ter acesso ao profano: o fetiche da mercadoria. Mas o Estado Soviético e sua pata de ferro dizia, com sua voz de trovão: Não. Não, nunca, bem capaz, meu rapaz, esse bem é meu, porque ele pertence ao coletivo. E o pobre povo sempre perguntava e não cansava de se indagar: mas quem é esse tal de coletivo que a gente não conhece e nunca viu???

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