Diversidade, Liberdade e Inclusão Social

Foto: Obama, Cameron e Helle Thorning-Schmidt


quarta-feira, 9 de janeiro de 2008

Espetacularizando Doenças


O diario gauche continua sempre sendo uma bela fonte de inspiração. O gauche de hoje está a criticar o deputado Beto Albuquerque (PSB-RS) que foi a Dubai nos Emirados Árabes assistir o Internacional ganhar aquela tacinha. Ele foi junto com o filho de 18 anos que tem uma grave doença. Ele posou para uma foto ao lado do filho e que saiu na coluna da Rosane de Oliveira na Zero Hora.

E o gauche critica a postura do deputado de espetacularizar a doença do filho.

Diz o gauche:

Up to date, o deputado! Tão up to date que não consegue separar a sua vida pública do mundo particular e reverente do drama familiar que sofre, não sem grande dor e lacerações várias. Expressar em público o drama pessoal ou familiar exige mediações muito sofisticadas e reflexões não-espontâneas. É como mexer com eletricidade em alta voltagem, se se fizer ligações muito diretas, um curto-circuito pode queimar o sistema. O deputado cometeu essa ligação direta, vulgarizando e banalizando um drama mórbido em nome da publicação de uma foto no jornal, nada mais.Inúmeros autores escreveram páginas caudalosas e sofridas sobre o tema doença/morte/eu/família. Lembro agora de pronto: Kate Kollwitz (através das esculturas e crayons de sua mãe morta), Susan Sontag, Simone de Beauvoir (sobre sua mãe e sobre seu companheiro, Sartre), Darcy Ribeiro, Carlos Heitor Cony, e tantos outros. Nenhum deles, entretanto, espetacularizou o seu drama como compensação mórbida para o agudo sofrimento psíquico.

O grande Cazuza - hoje nome de praça no Baixo Leblon -- de certa forma espetacularizou sua doença. E que bom que espetacularizou, porque tornou público um grave problema de saúde pública. A espetacularização, de certa forma e com seus limites, ajuda a assimilar e entender melhor os problemas, conscientiza, diminui preconceitos, torna público, faz circular o assunto. E o Brasil acompanhou de perto o sofrimento do Cazuza até os últimos momentos. Um dos melhores shows que vi na vida foi o último do Cazuza em Porto Alegre, ali no Teatro Presidente (hoje templo da Igreja do Bispo Macedo). Foi de emocionar o coração de qualquer vivente. Grande e saudoso Cazuza.

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