Diversidade, Liberdade e Inclusão Social

Foto: Obama, Cameron e Helle Thorning-Schmidt


quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

A Velha Desculpa de Sempre


Leio no RS Urgente um texto que o jornalista Marco Weissheimer publicou para o site de esquerda CArta Maior acerca do filme O Caçador de Pipas, que está no cinema, mas que ainda não vi (cena do filme acima)


Não pretendo aqui falar de um filme que não vi, mas de um comentário que foi feito no texto do Weissheimer. Depois eu volto:


O filme “O Caçador de Pipas”, dirigido por Marc Foster, tem o mérito de apresentar um painel sobre a cultura, as tradições e a vida no Afeganistão, a partir do relato sobre a amizade de dois meninos afegãos. É uma obra de ficção mesclada com uma tentativa de painel histórico sobre um período da história do país que compreende a queda da monarquia nos anos 70, a invasão dos soviéticos e a ascensão dos talibãs ao poder. É aí, em seu pano de fundo histórico, que os méritos definham e os problemas florescem. O filme é uma adaptação do best-seller do médico Khaled Hosseini, nascido em 1965 em Cabul e que vive nos Estados Unidos desde 1980. O livro foi escrito inteiramente na Califórnia. Hosseini só voltou ao Afeganistão depois do livro ter sido lançado, 27 anos após ter deixado o país. Essa distância espacial e temporal ajuda a entender as omissões históricas e a visão generosa do autor com o papel dos EUA na destruição de sua terra natal.
Quando visitou o país, após a publicação de seu livro, Hosseini ficou chocado. “Infelizmente, o que vi por lá era pior do que aquilo que imaginei e narrei. A destruição do país é impressionante, muito triste”, declarou em entrevista à revista Época. No livro (e no filme), o escritor é grato pela acolhida que teve nos EUA. Ao imaginar como poderia ter sido a vida do personagem Hassan, caso tivesse conseguido fugir para a América, escreve que o amigo estaria vivendo em um país “onde ninguém se importa com o fato de ele ser um hazara”. Essa visão que é escancarada em todo o filme, mostra os soviéticos e os talibãs como seres monstruosos e pervertidos sexualmente, mas omite alguns “detalhes” históricos relacionados ao papel que os EUA tiveram no fortalecimento dos talibãs e na sua chegada ao poder. Assim como ocorreu com Saddam Hussein no Iraque (contra o Irã), os talibãs foram aliados dos EUA no Afeganistão (contra os soviéticos). O civilizada e laico Ocidente foi cúmplice direto dos terríveis crimes cometidos pelos talibãs.
Se Hosseini não tivesse escrito o livro inteiramente na Califórnia, baseado apenas em sua memória e imaginação, talvez tivesse produzido um relato um pouco mais equilibrado historicamente. Ao final do filme, do ponto de vista histórico, o que fica é o seguinte: a selvageria soviética e talibã, de um lado, e o papel salvador e civilizatório do Ocidente, do outro. Nenhuma referência sobre como países como EUA e Inglaterra – e seus aliados na região, como Paquistão e Arábia Saudita -contribuíram decisivamente para tornar o país um monte de ruínas. Clique
AQUI para ler mais.


Voltei.


É questionável que EUA e Inglaterra tenham contribuído decisivamente para tornar o Afeganistão um monte de ruinas. A desculpa parece ser sempre a mesma; ou seja os grandes culpados pelas mazelas e violência mundial vão ser sempre os EUA e os países europeus. E a história não é bem essa, porque todos os fatos têm os seus contextos. Os EUA apoiaram o Taliban no contexto da guerra fria. O muro de Berlim caiu e esse apoio foi para o espaço. E o regime Taliban foi sim um dos mais estúpidos, violentos e crueis que a humanidade já presenciou e foram exatamente os EUA quem libertaram o povo sofrido do Afeganistão das garras do Taliban. Se não fossem os EUA o Afeganistão estaria ainda escravo do Taliban. Contudo, o Afeganistão de hoje não é um mar de rosas (talvez seja de papoulas que geram heroinas), mas tudo tem o seu contexto e a história dos afegães, suas culturas, sua rígida religião, seus hábitos é muito mais complexa e por isso não pode ser explicada pela visão maniqueísta ideológica que a nossa esquerda brasileira tanto gosta de usar e abusar. Nada é tão simples assim.

3 comentários:

Anônimo disse...

Quem começou a destruir o Afeganistão foi a URSS com a invasão de 1979. O Talibã, os EUA e a Inglaterra só completaram o trabalho.

PoPa disse...

É difícil explicar - ou tentar - estas situações do outro lado do mundo, mas eles já demonstraram que não estão dispostos a ficar por lá, avançando com sua barbárie sobre o ocidente...

Carlos Eduardo da Maia disse...

O Afeganistão e seu povo também não se ajudam. A religião muçulmana é um grande empecilho para as reformas que devem ser feitas no Afeganistão para melhorar as condições de vida das pessoas.