O escritor Ian McEwan escreveu uma pequena história chamada "Na Praia", editada no Brasil pela Companhia das Letras. Recebi o livro de presente e resolvi devorá-lo.
Era uma vez um casal virgem que se casa no início da década de 60 em plena Inglaterra dos Beatles e dos Rolling Stones. Ela violinista clássica e ele professor de história. Ela uma fidalga, filha de um industrial e de uma professora de filosofia; ele filho da classe média baixa dos subúrbios londrinos. A noite de núpcias se aproxima. E eles conversam, discutem, falam e lembram a vida e o escritor Ian McEwan embala a história contando fatos paralelos e perpendiculares. Tem gente que gosta de uma encheção de linguiça. Outros não gostam. Até que os dois chegam ao quarto para consumar uma relação que nunca houve. Momentos de tensão e angústia. E o relevante detalhe acontece que faz a vida conjugal ser dividida. Um problema que poderia muito bem ser resolvido com diálogo, jeito e acomodação e, sobretudo, paciência. Não se pode resolver tudo numa noite só. Mas o orgulho toma conta das pessoas e da vida delas. E cada um segue seu caminho nos labirintos do cotidiano. Dizem que "Na Praia" é a história de um casal que ainda recebe os pingos moralistas da sociedade inglesa vitoriana ali mesmo na linha divisória da pílula e do rock and roll. Faltou paciência. Sobrou orgulho.
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