Doadores do Filme Lula, Filho do Brasil, têm negócios com o governo federal
Eu disse aqui em um comentário que o filme Lula, o Filho do Brasil, o filme mais caro já produzido no país, foi custeado com dinheiro público do BNDES.
O redator deste Blog estava equivocado. Não houve dinheiro público no financiamento do filme.
Foram 17 empresas que patrocinaram o filme e a maior parte delas mantém negócios com os ministérios e bancos do governo federal.
Apenas em 2009, sete dessas empresas receberam cerca de R$ 407 milhões em pagamentos diretos da União por conta de obras, aquisição de equipamentos e outros serviços.
Outras cinco obtiveram financiamentos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) desde o início do mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 2003, e outra tem como sócio um banco estatal e o fundo de pensão a ele ligado, ambos controlados pela União.
O Banco do Brasil e a Previ (fundo dos funcionários do BB), cujos presidentes são nomeados pelo governo federal, detêm cerca de 61% das ações da Neoenergia, terceiro maior grupo do setor energético brasileiro, que confirmou ter doado R$ 500 mil para a produção do filme. O custo total é um dos mais altos do cinema nacional. Os produtores do filme afirmam que foi de R$ 12 milhões.
Por e-mail, a produtora Paula Barreto informou que os valores doados por cada empresa não podem ser revelados: “Os contratos são confidenciais, não é possível divulgar valores”.
Fonte: ZH de hoje.
17 comentários:
Eu adoro este tipo de matéria, explicitamente anti-Lulista. Não diz nada, absolutamente nada. Mas os anti-petistas já correm a dizer "eu sabia que tinha sacanagem aí".
A matéria é um exemplo clássico de desinformação (ou de informação incompleta). Está lá porque é o que os leitores da ZH querem ler - picuinhas e fofoquinhas a respeito de Lula.
Este post é uma "mercadoria rançosa" exposta no armazém. Convém recolher.
Bueno, financiamento graúdo de empresas intimamente ligadas ao governo para um filme biográfico do presidente para ser lançado em ano eleitoral me parece algo digno de comentários e de matérias jornalísticas. Alguns, em um passado não muito distante, chamariam isto de "rabo preso". Acusariam que o privado, o "grande Capital" está imiscuído nas questões públicas. Se não me falha a memória, acho que uns tais petistas adotavam argumentos tais.
Mas, claro, entendo que pessoas e empresas que simpatizam com o governo por razão ou outra não se sintam confortáveis quando fatos desta natureza surgem no noticiário e em blogs.
O que não pode, nem vai acontecer são os que ficam desconfortáveis com tais e tais notícias conseguirem impedir sua circulação. Ainda bem, superamos (eu espero em definitivo) esse hábito pouco salutar típico de regimes autoritários de censurar tudo o que não agrada ou provoca desconforto.
Senhor Guimas, se a mercadoria não agrada ao teu fino paladar, existem outros armazéns que certamente o farão.
Peraí, Chalie, deixa eu entender: o filme é privado, feito com grana privada, a ser exibido em cinemas privados para indivíduos que gastarão o seu rico dinheirinho privado para ver. E o problema é "financiamento graúdo de empresas intimamente ligadas ao governo"? Que "o "grande Capital" está imiscuído nas questões públicas"? Mas que questão pública?
Essa lógica é simplesmente... absurda. Sem nexo. Inexistente. Assim como a matéria.
Sabe como eu vejo a coisa? O filme do Lula é um exercício simples e óbvio do capitalismo: alguém produziu um filme sobre um político com popularidade alta, muito alta. Isso vai dar grana!
Claro, os anti-lulistas estão vendo mais uma "prova" da corrupção do PT.
Não há fato a ser noticiado. As empresas patrocinadoras são grandes empresas que têm negócios com o governo desde... sempre. O filme não tem absolutamente nenhuma correlação com esses negócios.
Depois, se o teu melhor argumento pra "defender" a publicação da matéria (que não diz nada) é que petistas fariam o mesmo em outros tempos "não distantes", sugiro uma auto-crítica, pois estás duplicando os mesmo métodos que condenas.
A mercadoria continua rançosa. Já está mostrando sinais de putrefação. Aos outros consumidores, cuidado!
Minha crítica, antes de ser contra a produção milionária de um panfleto cinematográfico a ser lançado em ano eleitoral por empresas ligadas ao governo foi dirigida - e isto está claro em meu texto, aos que sentindo desconforto com as questões levantadas sobre a produção acreditam que tais opiniões deveriam ser "recolhidas". E que sim, este é um assunto a ser abordado por jornalistas ou quem quer que queira dar publicidade ao fato. Seria segredo a origem do dinheiro?
Esta foi a natureza da minha crítica e este é meu ponto principal. Além, é claro, de realmente suspeitar de empreendimentos que receberam milhões do erário lançarem um filme que, ao que parece, não passa de mera propaganda. Em ano eleitoral.
Mas, bom, ninguém é obrigado a concordar comigo e pode acreditar que não passa de mera coincidência as relações entre as empresas, o governo, o conteúdo do filme e o ano eleitoral.
.. e só para marcar, não vejo grande problema em financiamento privado para campanha política. Se um indivíduo quiser contribuir com seu partido e doar pila para campanha, o dinheiro é seu e o partido agradece. O mesmo para empresas. Mas que a isto seja dado publicidade e seja devidamente registrado.
O filme, no caso, é propaganda e deveria ser tratado como tal. Mas, não duvido, ano que vem vai ser cobrado em vestibulares, assistido por alunos em salas de aulas e exibido em acampamentos do MST.
Alguém duvida?
Continuas não entendendo, Charlie. Minha crítica é à qualidade da matéria: fala vagamente em 17 empresas, algumas realizando "obras, aquisição de equipamentos e outros serviços". Isso não diz nada. Depois, fala em financiamento do BNDES. Financiamento para quê? Faz parte do contexto? Não se diz nada.
Finalmente, menciona a Previ e o BB, mas não diz se estes foram responsáveis pela doação à produção.
Ou seja, não há informação alguma: há apenas um levantamento de dados que não significa nada, mas que já está sendo usado como indicativo de alguma irregularidade.
Por isso tudo, minha opinião é que a matéria nem deveria ser comentada, pois não traz nada de útil; é uma mera fofoquinha, sem valor. Se achas isto censura, recomendo um dicionário. Ou férias, o que for mais conveniente.
Quanto ao filme, os anti-lulistas já decidiram: não vi e não gostei. Já taxaste o filme de propaganda, mas Lula não deve concorrer a nenhum cargo eletivo. Seria propaganda do PT, então? Difícil dizer, pois não vi o filme ainda. Há um instituto com o nome de FHC, e ele aparece com frequência nos jornais. É propaganda também? Ou este pode?
A fraqueza do teu argumento é que me espanta: o filme foi produzido, e já decidiste que tem maracutaia nele. Vai ser lançado em ano de eleição, e já decidiste que isto é proposital, destinado a privilegiar o candidato de Lula (já que ele não concorre a nada). Foi financiado por grandes empresas que mantém contratos com o governo, e já decidiste que elas o fizeram a título de lobby. Extrapolaste e comparaste isso à financiamento de campanha política - o que diz muito a respeito do que achas do financiamento do filme.
Ninguém precisa concordar comigo (também), mas, como disse no primeiro post, a matéria de ZH é uma fofoquinha evidentemente destinada a agradar os anti-Lulo-Petistas. Não diz nada, não traz nada de informação. É exemplo de mau jornalismo.
E, quando juntada aos outros ítens do deposito, destaca-se rançosa e mal-cheirosa.
OK, vamos dar o privilégio da dúvida ao filme: existe uma chance de que não seja propaganda, que o filme retrate nosso presidente sob todos os ângulos e contradições que marcaram sua carreira, e que não seja pintado como herói e coisa e tal. Vamos também considerar que o lançamento do filme no dia 1º de janeiro de um ano eleitoral foi uma feliz coincidência, assim como as empresas que pagaram pelo filme possuam envolvimento milhonário com o governo. Tudo não passaria de acaso.
Ah, sim, a chance existe. Ela sempre existe! Mas no caso me parece, digamos, improvável. E tomas por idiota os que se abraçam nela desconsiderando as questões levantadas.
Bem, não vou entrar na discussão geral, mas vou questionar apenas um dos argumentos apresentados: rico dinheirinho privado para assistir ao filme? Grana de centrais sindicais para "subsidiar" trabalhadores que irão ver o tal filme não é grana privada! É grana de imposto cobrado de trabalhadores. De TODOS os trabalhadores, para ALGUNS trabalhadores assistirem UM filme. É, tem sacanagem, sim!
"É grana de imposto cobrado de trabalhadores."
Amiguinho, depois que o dinheiro é recolhido para o sindicato, este pode usá-lo como bem entender (dentro da lei, obviamente), e deixa de ser público. Isto me lembra de quando a oposição ao PT em Porto Alegre alegava que a contribuição que os CCs da Prefeitura faziam ao PT, dinheiro retirado de seus salários, era de dinheiro público. Absurdo.
"Vamos também considerar que o lançamento do filme no dia 1º de janeiro de um ano eleitoral foi uma feliz coincidência, assim como as empresas que pagaram pelo filme possuam envolvimento milhonário com o governo. Tudo não passaria de acaso."
Sabe, o melhor momento de lançamento do filme é AGORA. Sabe por que? Porque Lula está no auge de sua popularidade. E o filme é sobre ele. Entendeu o sentido mercadológico do filme? A minha interpretação é bem capitalista. A tua, ideológica. Colocando de outra maneira, queres censurar a apresentação do filme sobre um dos mais populares políticos da história brasileira?
Quanto aos negócios milionários com o governo, estas empresas os têm desde que existem. TODAS as maiores empresas (tá bom, quase todas) brasileiras têm negócios com o governo. E as mesmas, no geral, contribuem com outros eventos culturais. Mas, deixa pra lá. Quem é anti-petista não vai ver isso imparcialmente.
Uma verdade não exclui a outra. Se for verdade que o melhor momento para lançamento do filme é no dia 1º de janeiro de um ano eleitoral, para fins capitalistas, também é verdade que este é o momento mais oportuno para fazer propaganda. E algo me diz que o conteúdo do filme mira mais em direção ao segundo objetivo, mesmo sem ter assistido (apesar de existir uma chance mínima, como disse em comentário anterior).
E não falei em proibição ou censura, mas em tratar o filme como ele realmente é e foi concebido para ser: propaganda. E que se veicule com liberdade como foi feita a captação do pila. And that's it.
..ah sim, claro. E que não seja obrigatório sua exibição em escolas nem seja cobrado como conteúdo de vestibulares, concursos e afins.
"amiguinho", da Silva vetou a parte da lei em que as centrais e os sindicatos tinham que prestar contas ao TCU. Logo, a intenção era usar, sim, dinheiro público - imposto é e sempre será dinheiro público - para coisas que eles não gostariam de tornar... públicas.
existem duas contribuições sindicais. Aquela em que os trabalhadores recolhem por serem associados do sindicato e aquela que é recolhida, compulsoriamente (é imposto), um dia de trabalho por ano de cada trabalhador, quer ele queira, quer não. É imposto! E, sendo imposto, é grana pública!
"... depois que o dinheiro é recolhido para o sindicato, este pode usá-lo como bem entender (dentro da lei, obviamente), e deixa de ser público". Infelizmente, é verdade. A prestação de contas de como um pila oriundo da sociedade é gasto inexiste. E como saber se o dinheiro é usado "dentro da lei" se tal prestação de contas inexiste?
Enfim, é verdade: dinheiro público quando cai na mão dos amigos do rei passa a ser privado, e privado sendo a ninguém cabe perguntar "e aí, onde usou?".
E antes que o Guimas se sinta ofendido, apesar do veto do Lula este é um problema de governo antes de ser problema do PT.
Charlie e Popa: substituam "centrais sindicais" por "empresas privadas". O que diriam se o governo quisesse auditar como as empresas privadas aplicam o dinheiro público que receberam?
Sabe o que isso significa? Nada. Se o filme fosse sobre o Médici, ou sei lá, qualquer outro político, ninguém estaria falando nada.
Depois, se centrais sindicais vão levar um monte de gente ao cinema, qual o problema? De novo, se o filme fosse "Se eu fosse você 2", ninguém falaria nada, nem se notaria. Como o filme é sobre o Lula, o líder sindical mais bem-sucedido da história deste país, acho até mais coerente esse subsídio.
Se empresas privadas, bancos, indivíduos ou o que quer seja recebessem dinheiro público deveriam, na minha opinião, claro, prestar contas de tudo. Não é razoável?
(Aliás, dinheiro público não era para ir parar em mãos de empresas privadas.)
Vamos clarear esta situação: que empresa privada pega dinheiro público? Dinheiro de financiamento do BNDES tem origem pública (FAT) mas é finaciamento. Paga-se de volta, com juros e correção além, é claro, de comprovar seu uso de acordo com as regras estabelecidas.
Dinheiro de patrocínio tem que ser auditado e comprovado (sempre).
Dinheiro para pesquisas, precisam de projetos e comprovações, sempre.
Não existe a possibilidade de dinheiro público entrar em empresa privada, sem qualquer tipo de comprovação. Não é o caso das centrais sindicais, que pegam o dinheiro do trabalhador, recolhido através do governo, e fazem o que querem com ele.
No setor privado, existe o sistema S, que também é grana pública (recolhida das empresas) e aplicada em várias atividades - nem todas muito explicadas... mas, pelo menos, tem uma prestação de contas.
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