Diversidade, Liberdade e Inclusão Social

Foto: Obama, Cameron e Helle Thorning-Schmidt


segunda-feira, 16 de novembro de 2009

O Dilema Moral dos Falsários


Salomon e Burger a luta moral exposta.


Pois, finalmente assisti "Os Falsários" (recomendação do Senna Madureira), belo e inteligente filme alemão. A história é real. Você sabia que os nazistas falsificaram libras e dólares para implodir com o sistema financeiro inglês e americano? Trata-se da operação Bernhardt, a maior falsificação de dinheiro da história. E o personagem central é um judeu, Salomon ou Sally Sorowitsch, bem interpretado por Karl Markovics que comanda um grupo de judeus, prisioneiros de campo de concentração, que erguem suas mangas -- que escondem as marcas da violência nazista - para trabalhar em favor do III Reich e fazer essa imensa operação fraudulenta. E ninguém suspeita da qualidade das notas falsas.
Há um dilema moral interessante. Os judeus que falsificavam as notas de libra e dólar faziam esse trabalho para a sua própria sobrevivência e com direito à regalias: cama com colchão e cobertas, comida razoável, roupas limpas etc. E um dos membros do grupo, Adolf Burger, resolve sabotar a falsificação. Ele pensa no coletivo, nos interesses da comunidade judaica, pois não interessava aos judeus, que sofriam e morriam com a guerra, essa operação que podia implodir os sistemas financeiros dos países aliados. Evidentemente que essa sabotagem de Burger colocava em risco -- e muito risco -- a vida de todo o grupo de falsários. Começam as intrigas. Quem está com a razão: Salomon ou Burger? Esse é o grande ponto de interrogação do filme e que gera pilhas de reflexões. Há de se pensar na sobrevivência do próprio umbigo ou no universo, no contexto maior que está por trás dos valores individuais de cada um? Como a luta é pela sobrevivência diária, Burger e os interesses do coletivo restam vencidos pelos companheiros de falsificação. Ponto para o individualismo.
Nota interessante é que foi Adolf Burger -- aquele que tentou sabotar a falsificação -- que escreveu o livro da história real dessa grande falsificação e foi adaptado pelo roteiro e direção do Stefan Ruzowitzky. A fotografia é dez, meio noir, meio branco e preto, meio cinza. Recomendo.



Um comentário:

senna madureira disse...

Maia, cher ami


Vou aproveitar o "lance" para recomendar outro grande filme de um diretor alemão: DENNIS GANSEL.

O filme é "DIE WELLE" ( A Onda ), que conta a estória de Rainer Wegner, professor de ensino médio, deve ensinar seus alunos sobre autocracia.

Devido ao desinteresse deles, propõe um experimento que explique na prática os mecanismos do fascismo e do poder.

Wegner se denomina o líder daquele grupo, escolhe o lema “força pela disciplina” e dá ao movimento o nome de A Onda.

Em pouco tempo, os alunos começam a propagar o poder da unidade e ameaçar os outros.

Quando o jogo fica sério, Wegner decide interrompê-lo.

Mas é tarde demais, e A Onda já saiu de seu controle.

O filme foi baseado em uma história real ocorrida na Califórnia em 1967.

Grande abraço

Senna Madureira