Diversidade, Liberdade e Inclusão Social

Foto: Obama, Cameron e Helle Thorning-Schmidt


quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Mudança de Paradigma


Cartaz da Chapa 1, de situação e ligada ao PSOL, que perdeu as eleições do DCE da UFRGS para uma chapa não esquerdista.

O Muro de Berlim da UFRGS,

A vitória de uma chapa não esquerdista na eleição do DCE da UFRGS é sinal inequívoco de importantes mudanças na percepção política dos jovens. Nas últimas décadas, dois processos históricos, em especial, foram responsáveis pelo constrangimento da adesão juvenil a campos ideológicos de direita ou mesmo de centro-direita.O primeiro desses processos foi o rescaldo deixado pela ditadura militar brasileira na percepção média do eleitorado. Independentemente do papel do comunismo naquela época – cujos documentos mostram flagrante predisposição antidemocrática –, o fato é que a opinião pública rejeitou o retardamento do regime. A esquerda, enfim, mesmo sendo condescendente com governos totalitários pelo mundo todo, venceu o debate na arena social.
Ao mesmo tempo, a América Latina punha em marcha a estratégia escrita, entre 1926 e 1937, por Antonio Gramsci – teórico italiano que propôs a tomada do poder pela dominação cultural em vez da força. Não foi por outro motivo que a esquerda tentou apropriar-se, especialmente nas décadas de 1980 e 1990, de sindicatos, direções de escolas, universidades, conselhos paroquiais, redações de jornais, círculos artísticos e de todos os núcleos de poder com influência política e cultural.
Foram poucos os que resistiram a esse processo. Foram poucos os que não caíram na “onda da galera”, do politicamente correto, do modelo político-comportamental que se pretendia único. E quem não se encaixava nessa receita de pronto era carimbado com rótulos desairosos. Era difícil resistir. Ser de direita ou de centro-direita, no meio acadêmico brasileiro, foi sinônimo de desdém ou de preconceito nas últimas décadas.
Eis que, tardiamente – mas antes tarde do que nunca! –, o Muro de Berlim começa a ser derrubado agora no movimento estudantil. E já não era sem tempo. O mundo já havia despertado dos sonhos ilusórios da utopia socialista. A população gaúcha igualmente já desconfiara de uma militância profissional, que se pretende monopolista da ética e receptáculo celestial dos desejos populares.
Que o processo do DCE da UFRGS, portanto, contribua para um novo patamar no debate político do Rio Grande do Sul, longe da dialética “mocinhos versus bandidos” e capaz de superar a visão caricaturista da direita e da centro-direita. Tais campos ideológicos, a propósito, compõem a maioria silenciosa do eleitorado regional e são responsáveis por grandes contribuições ao desenvolvimento do Estado. É legítimo, portanto, que também no meio acadêmico tenham respeito e representatividade.*



Artigo de Cleber Benvegnú, Advogado e escritor, hoje na Zero Hora.

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