Quando eu digo que o Chile superou as babaquices ideológicas, porque implantou uma política de consenso na direção da inclusão social, o mesmo também está acontecendo no Brasil -- em velocidade menor.
Todos querem, senhor Presidente, tirar os pobres da merda. Existe, por acaso, algum cara pálida que é contrário a isso?
O que significa inclusão social nos dias de hoje?
A matéria de capa da Folha de hoje fala exatamente sobre isso.
"Inclusão cresce, mas maioria não tem acesso à internet
Uso da rede aumenta, mas 65% da população com mais de dez anos está fora da rede
O "estreante" na internet mora no Norte/Nordeste do país, tem renda de até um salário mínimo, 27 anos de idade e sete anos de estudo
Graças à expansão da renda e do crédito, o total de brasileiros com acesso à rede mundial de computadores cresceu 75%, passando de 32 milhões para 56 milhões de pessoas em três anos. Apesar do avanço, 104,7 milhões de brasileiros -65,2% de quem tinha mais de dez anos ou 55% da população de 189 milhões- ainda estão excluídos do mundo digital.
Este é retrato que emerge da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios), feita pelo IBGE no último trimestre de 2008. Foram ouvidas 391 mil pessoas, com mais de dez anos, que acessaram a rede três meses antes da entrevista.
O brasileiro que acaba de descobrir a internet mora no Norte/Nordeste do país, tem renda de até um salário mínimo, 27 anos de idade e sete anos de estudo, acessa de casa ou de LAN house por banda larga e mantém seu perfil no site de relacionamento Orkut para encontrar amigos. Esse é o perfil médio dos 24 milhões de brasileiros que descobriram a internet entre 2005 e 2008."
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5 comentários:
Maia, tu sabes que esta é a mesma Folha que considera o Bolsa-Família populista e eleitoreiro e que reporta as cotas raciais na universidade como uma abominação, né?
"o mesmo também está acontecendo no Brasil -- em velocidade menor."
Não sei se a velocidade é menor - nossa distribuição de renda era mais injusta antes. Há mais trabalho a fazer.
"Existe, por acaso, algum cara pálida que é contrário a isso?"
Existe sim, e não é difícil encontrar por aí. São os mesmos que ficaram escandalizados quando Lula falou a palavra "merda". Vai no blog do Reinaldo Azevedo e lê os comentários.
Guimas, o candidato que fizer discurso extinguindo o bolsa família não vai ser eleito. Não tenho uma opinião definida sobre o assunto, até porque acho que o Estado tem mesmo que dar o mínimo aos cidadãos. O problema é o uso eleitoral disso. E Lula faz isso muito bem. Jà disse aqui, não acho ruim o governo Lula. Sou daqueles 80% que aprovam o governo, mas não voto e nem faço campanha, porque acho que existem propostas melhores por ai e sem ranços ideologicos. Idiotas, Guimas, existem em qualquer lugar. Na Carta Maior, na Folha, e em certos posts e comentários do Weissheimer, do Feil e do Reinaldo. E assim caminha a vida...
"O problema é o uso eleitoral disso. E Lula faz isso muito bem."
Discordo: qual o problema em haver uso eleitoral dos programas sociais que dão certo? Aliás, qual o problema de fazer uso eleitoral de qualquer coisa que um político fez e deu certo?
Os tucanos ainda usam e abusam eleitoralmente do plano Real. Nenhum problema nisso, o plano Real é tucano e foi bom para o Brasil. Lula e o PT vão usar eleitoralmente tudo que deu certo nesse governo. É o jogo, e é bom discutir o que se fez e deu certo.
"...porque acho que existem propostas melhores por ai e sem ranços ideologicos."
Na oposição a Lula? Não tem não, infelizmente. Só se for na minoria que está escondida embaixo de alguma pedra. A oposição parou em 2003 e não evoluiu mais, infelizmente. E, se Serra for candidato, estaremos regredindo a uma disputa que o PT já venceu e superou.
O bolsa família é um programa eleitoreiro e populista da meneira que é conduzido hoje e pelas atuações fora dele. Mas não é um mau programa: é barato e atinge diretamente as pessoas que necessitam.
Cotas são uma abominação. Disso eu não discordo. Cotas é o pior do racismo.
O problema do BF é que ele não resolve o problema, só ataca as consequências. E o governo faz muito pouco para resolver os problemas. Senta na "popularidade" do BF e pronto. Acabou.
"O problema do BF é que ele não resolve o problema, só ataca as consequências. E o governo faz muito pouco para resolver os problemas. Senta na "popularidade" do BF e pronto. Acabou."
Discordo completamente. O BF não ataca só as consequências. A contrapartida do BF é manter crianças na escola. Isso é investimento no futuro.
"Cotas são uma abominação. Disso eu não discordo. Cotas é o pior do racismo."
Explique melhor, Pablo. Considero que cotas são uma saída imediatista, mas entendo que são necessárias, por uma simples questão estatística.
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