Diversidade, Liberdade e Inclusão Social

Foto: Obama, Cameron e Helle Thorning-Schmidt


quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Posição Ridícula


Honduras realizou eleições e Brasil pede bloqueio econômico. Cuba não realiza eleições há 50 anos e Brasil pede o fim do bloqueio.

Deu nos Dedos

"O Brasil deveria ter sido mais cauteloso antes de começar a grita de que não reconheceria as eleições em Honduras. É uma posição ridícula: por um lado, o país pede a suspensão do embargo dos EUA a Cuba, país que não tem eleição multipartidária há 50 anos; por outro, quer impor sanções econômicas a Honduras, que realizou eleições multipartidárias. Já os EUA nos deixaram coçando a cabeça, porque o que eles fizeram foi bastante confuso. O que deveriam ter feito diferente no começo era condenar o golpe, como fizeram, mas marcar posição de que havia dois culpados aqui, o presidente interino Roberto Micheletti e o presidente deposto Manuel Zelaya, que estava orquestrando seu próprio golpe constitucional à la Hugo Chávez. E ter uma mensagem mais clara. Por fim, a OEA foi a primeira a vir com uma posição unilateral condenando o golpe, o que foi certo, também, mas não lidava com o que Zelaya vinha tentando fazer, que era passar por cima de algumas instituições e convocar um referendo constitucional e se reeleger. "

Declaração de do mais respeitado colunista de assuntos latino-americanos da imprensa americana, Andres Oppenheimer, cujos textos são publicados no "Miami Herald" e em 60 outros jornais pelo mundo. O jornalista americano de origem argentina, autor do recém-lançado "Los Estados Desunidos de Latinoamérica" (editora Debate), ainda inédito no Brasil, e de "Contos do Vigário" (editora Record, 2007), entre outros livros.

Folha de hoje.







9 comentários:

guimas disse...

Não sabia que o Brasil estava querendo impor sanções econômicas à Honduras. Se for verdade, acho uma posição ridícula, mesmo.

Só que o colunista (e todo o resto dos críticos do Zelaya) se engana em um ponto: Zelaya não queria se reeleger. Ele queria marcar um referendo para o dia das eleições (29/nov) onde a população diria se é favorável ou não à reeleição. Zelaya não poderia se reeleger, nem poderia ser candidato, mas, se aprovado o referendo e mudada a constituição, o seu sucessor poderia.

É uma daquelas coisas: repete-se uma mentira tanto até que vira verdade.

Carlos Eduardo da Maia disse...

No fundo, no fundo, o governo brasileiro está caindo na armadilha imposta por Chávez para defender uma figura completamente impopular.

Fábio Mayer disse...

A "duplomacia" brasileira defende os ditadores de Cuba mas não aceita eleições livres em Honduras... até aí tudo bem, mas promover embargo econômico contra Honduras como?

Não entendem que existe apenas um país no mundo que é capaz de ambargar economicamente um país latino-americano, é os EUA. Sem os EUA, essas idéias imbecis ficam no campo da piada...

guimas disse...

"No fundo, no fundo, o governo brasileiro está caindo na armadilha imposta por Chávez para defender uma figura completamente impopular."

A figura impopular foi eleita pela maioria. Quando ele foi eleito, a vontade da maioria não valia, mas agora vale?

Maia, acho que, como todo anti-esquerdista, gostas de inflar o valor do Chavez. Não acho que ele impôs armadilha ao Brasil. O protagonista nessa história é Lula.

"A "duplomacia" brasileira defende os ditadores de Cuba mas não aceita eleições livres em Honduras... até aí tudo bem, mas promover embargo econômico contra Honduras como?"

Concordo, mas com um porém. NÃO foram eleições livres. Elas se realizaram em um regime de exceção. O exército estava nas ruas, os opositores foram censurados, a imprensa não estava livre. NÃO são eleições livres.

Pablo Vilarnovo disse...

Guimas, não seja ingênuo.. Zelaya iria dar um golpe. Isso é certo.

Para não dizer que você esta mentindo, prefiro dizer que você está enganado...


O referendo que Zelaya queria fazer era para ser feito em Junho. Esse referendo já era ilegal. Assim como a quarta urna nas eleições de novembro.

A Constituição de Zelaya já estava pronta, cria do mesmo grupo de espanhóis que estão assessorando os bolivarianos desde o início.

A fraude iria comer solta. Já estava tudo certo.

Só faltou combinar com aqueles que queriam que a lei fosse seguida.

Sim, as eleições em Honduras foram livres. Nenhum opositor foi calado. Nenhum foi cassado. Não havia nenhum regime de excessão.

Daí você não está enganado.

Está mentindo mesmo.

Terráqueo disse...

Quando eu estudava economia em Porto Alegre (84) lembro dos primeiros petistas condenando a intervenção dos Estados Unidos nos países e chamando os americanos de colonialistas.Eu mesmo cheguei a comprar da minha querida colega apelidada de PT um adesivo (Tirem as garras da Nicarágua). Diante disso, acho estranho que o Brasil agora resolva meter o bedelho em assuntos que não lhe dizem diretamente respeito, que afetam toda a comunidade internacional e o que é pior a soberania nacional de outros países. Lamentavel também o apoio declarado a um ditador da espécie de Fidel que assassinou diversas pessoas pelo fato de discordarem de seus desmandos. Existe assim uma falta de critério e transparência absoluta.

guimas disse...

Pablo, sugiro dar uma lida nisso. É em inglês, mas é interessante. Não sou especialista em direito internacional, mas me parece bem fundamentado.

Quanto ao resto, não me considero ingênuo, nem mentiroso.

Mas retirar um presidente eleito (por mais populista que seja) do país sob a mira de armas, no meio da noite, é golpe. É, inclusive, ilegal pela constituição hondurenha. Se Zelaya descumpriu a constituição e merecia ser deposto, quem coordenou o golpe, pelo mesmo critério (a constituição) também deveria.

Do documento que citei acima, tiro algumas conclusões: Zelaya não governava com a maioria política, e algumas instituições (o STF deles, principalmente) eram francas opositoras ao seu regime, o que os levou ao ocorrido. Zelaya não é santo, mas também não é um vilão bolivariano que ia implantar uma ditadura como a da Venezuela (é o que os anti-chavistas dizem).

"O referendo que Zelaya queria fazer era para ser feito em Junho. Esse referendo já era ilegal. Assim como a quarta urna nas eleições de novembro."

O plebiscito foi considerado ilegal, e Zelaya mudou a coisa para uma consulta popular ("encuesta"), que é como uma pesquisa. Esta não foi julgada ilegal.

Também Zelaya foi deposto sem ter direito à um processo criminal ou à defesa, o que não é, digamos, democrático.

"Sim, as eleições em Honduras foram livres. Nenhum opositor foi calado. Nenhum foi cassado. Não havia nenhum regime de excessão."

Havia canais de televisão e TV fechados por ordem da presidência. Opositores ao golpe foram presos por "perturbação da ordem". Não sei qual o clima destas eleições, mas o que achas que se espera de um grupo político que tira o presidente eleito do país no meio da noite?

Por fim, o início:

"Guimas, não seja ingênuo.. Zelaya iria dar um golpe. Isso é certo."

Trocas um suposto golpe por um "de facto"? Interessante.

guimas disse...

Terráqueo:

O PT de 84 é o PSTU de hoje. O PT de hoje não tem nada a ver com eles.

Quanto à Cuba, concordo. Apoiar a ditadura lá é uma contradição que nenhum esquerdista gosta de enfrentar (normalmente falam da saúde e da educação de lá, mas não da liberdade política). Mas Fidel está se indo. Que será que o futuro reserva à Cuba?

Pablo Vilarnovo disse...

Guimas - Não houve golpe em Honduras.

A forma como expulsaram Zelaya foi errada, inconstitucional, mas não foi golpe.

Todos os canais estavam funcionando. Não havia nenhum fechado. Os opositores que você falam são os capangas que faziam protestos violentos? Que jogaram bombas em prédios?

Li o documento que colocou. Concordo em partes com ele que a Constituição de Honduras foi mal redigida para esses casos. Mas todos os organismo seguiram a Constituição, discordo com a conclusão do autor.

Nao houve golpe.