Bons Ventos Econômicos Ajudaram o Avanço da Esquerda Latinoamericana

Pepe Mujica recebe Lula e Chávez, sob os aplausos do moderado Tabaré

Os Blogs da nossa gauche comemoram -- e muito - as vitórias de Pepe Mujica e Evo Morales no Uruguai e na Bolívia. É a esquerda tomando conta do mapa da América Latina. Mujica está mais à esquerda do moderado liberal de esquerda Tabaré Vasquez e Evo ganhou com grande facilidade as eleições do último domingo.

Juro que não estou preocupado com o avanço da esquerda latinoamericana que adora implementar  políticas populistas e  assistencialistas para ganhar votos. Apesar disso tudo, espero apenas que a qualidade de vida do povo dessas duas nações melhore. O sucesso político é também o êxito econômico. E muitas vezes o governante escolhe uma política econômica correta e tudo dá errado por conta de vicissitudes do mercado internacional. Há também uma questão de sorte que determina os bons ventos econômicos.  Engana-se o Serra quando disse, semanas atrás, que economia não ganha eleição. Ganha sim.


Bons ventos econômicos sopraram a favor da Bolívia nos últimos tempos. De 2006 até o ano passado, suas exportações anuais saltaram quase 70%, passando de US$ 4,1 bilhões para US$ 6,9 bilhões.Como uma das primeiras ações de Morales foi elevar abruptamente a taxação do gás, o governo obteve fôlego para patrocinar políticas assistenciais. Bolsas e bônus fluem para famílias mais pobres. Não surpreende, pois, o respaldo obtido pelo "evismo" nas urnas. Além da Presidência, o movimento, que já dominava a Câmara, sai do pleito com dois terços no Senado, segundo editorial da Folha de hoje.

Como sempre ocorre depois das eleições, o vitorioso conclama os perdedores para um diálogo de convergência, mas Evo -- ao mesmo tempo que se diz aberto para conversações -- resolve disparar contra a direita dura e neoliberal: Ele disse: a oposição boliviana é uma lata de lixo da direita. E prometeu investigar as grandes fortunas bolivianas, dos brancos de olhos verdes, é claro.

No Uruguai, Pepe Mujica sucede um  administrador responsável, moderado e popular que também implantou políticas populistas, como a doação de  notebooks para as crianças de baixa renda (o que não considero equivocado), e que colocou o Uruguai nos eixos da economia, trazendo investimentos, sem preconceitos com o capital e comprando briga com a vizinha argentina, no caso das papeleiras.

É claro que a economia não anda sozinha, ela é impulsionada pelas políticas adotadas pelos gestores. A melhoria da situação financeira boliviana está sim relacionada com a elevação da taxa do gás, sendo que o governo Evo resolveu implementar o assistencialismo que gera votos. Isso pode dar certo em um primeiro mandato,  em um primeiro instante. A Bolívia não vai sair do caos social que se encontra apenas incentivando políticas de taxar gás. Tem de ir além. Tem de trazer novos investimentos, atrair capital. Mas esse discurso é taxado de neoliberal e de lixo de direita.