Diversidade, Liberdade e Inclusão Social

Foto: Obama, Cameron e Helle Thorning-Schmidt


sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

As Fusões da Globalização


O tubarão da globalização mostra sua lingua.

Fusões, Fusões e Fusões

Nunca fui contra a globalização. Acho apenas que é um fenômeno da nossa época, do mundo que estamos embutidos. A chamada "mundialização" tem, também, seu ônus, porque existe sim uma tendência concentradora de capital. Isso é fato. Quantas fusões ocorreram nos últimos 15 anos? Inúmeras. Quantas grande companhias foram para o espaço? Diversas. Lembro que no início da década de 90, diversas, quase uma centena de instituições financeiras regionais, atuavam no Brasil: quantas elas são hoje? Quase que nenhuma. Os bancos regionais foram abocanhados pelo grande capital financeiro. Essa é, infelizmente, uma tendência da globalização.
A notícia que circula hoje é que o Grupo Pão de Açúcar e a Casas Bahia anunciam fusão de operações e que vai causar mudança radical no setor varejista. A família Diniz, dona do Pão de Açucar já tinha comprado, no ano passado, a rede de lojas Ponto Frio -- segunda no segmento de eletroeletrônicos no Brasil. Agora, a Pão de Açucar adquire a empresa que mais fatura no setor, as Casas Bahia. O Grupo Pão de Açucar já tem o controle das seguinte redes de supermercado: Extra, CompreBem, Sendas e Assai
Uma das principais responsabilidades do estado moderno é defender o bom funcionamento do mercado. O estado não pode nem estar do lado do consumidor e nem do empresário, ele tem de estar do lado do mercado para que este flua e funcione, no regime de irrestrita concorrência. E a melhor forma do mercado funcionar é incentivando essa saudável competição. O consumidor - que também é cidadão -- hoje pode comprar um televisor nas Casas Bahia, na Ponto Frio e nos super mercados do grupo Pão de Açucar. Amanhã as opções desse consumidor estarão reduzidas, uma vez que as empresas que oferecem os produtos fizeram acordo operacional para uma futura fusão. E depois de amanhã, menos ofertas esse consumidor terá, quando a fusão for integralmente concretizada. Isso em tese, porque outras empresas podem ingressar e participar do mercado, mas não tem ocorrido.
No ano passado, ocorreu a fusão da Brasil Telecom com a OI, incentivada pelo governo Lula, também ajudou a fortalecer os oligopólios. Tivemos também o caso da AMBEV, com a fusão da Brahma e da Antártica, da Sadia e da Perdigão e diversas outras.
Fusão, incorporação, acordos operacionais, concentração parece ser essa a tendência da globalização. E o CADE, Conselho Administrativo da Defesa Econômica, autarquia federal vinculada ao Ministério da Justiça do Sr. Tarso Genro para que serve?

6 comentários:

Pablo Vilarnovo disse...

"Amanhã as opções desse consumidor estarão reduzidas, uma vez que as empresas que oferecem os produtos fizeram acordo operacional para uma futura fusão."

O problema não são as fusões. Seu temor é correto, mas o problema não é esse.

O real problema é a dificuldade de entrada de novos empreendedores no mercado. Isso pode acontecer de várias formas.

Digamos que o Pão de Açúcar tendo grande parte do mercado estabeleça um preço alto.

Isso seria uma possibilidade para que alguém quisesses adentrar o mercado praticando preços mais atraentes.

O problema é que hoje há inúmeras dificuldades de ser empreendedor no Brasil, e aí sim, seus temores estão certos.

Terráqueo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Terráqueo disse...

Terráqueo disse...
Prezado Maia,

O CADE assim como os órgãos dos demais países que fazem essa análise concorrêncial efetuam uma análise bastante técnica e detalhada para verificar os efeitos da concentração de capial e os efeitos concorrenciais nos respectivos mercados relevantes. Considero até que o CADE brasileiro é extremamente conservador e rigoroso ao aprovar uma fusão ou incorporação. As empresas nos demais países contam com orgãos que efetuam a análise Antitrust de forma bem mais flexível do que no Brasil. Tais fusões e concentrações são necessárias. Não se deve enxergar o mercado apenas como uma série de pequenas empresas dentro de um país. Dentro de um mercado aberto, é mais vantajoso para as populações poderem comprar em algumas grandes empresas, ainda que de outros países, do que em diversas pequenas empresas que em razão de menores ganhos de escala acabam tendo um custo e um preço final maior.

Terráqueo disse...

Errata:
Onde está escrito "capial" lei-a-se "capital".

Carlos Eduardo da Maia disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Carlos Eduardo da Maia disse...

Também acho, Pablo, que o Brasil tem dificuldade de atrair novos investidores, apesar do nosso mercado estar aparentemente tranquilo. O risco Brasil sempre existe. O Cade, Terraqueo, é também movido por interesses políticos. O interesse do governo Lula é sempre o de criar grandes grupos nacionais, pois deu aval para diversas fusões que ocorreram no Brasil, fazendo concentrar capital. Eu, como consumidor, acho muito melhor ter um mercado aberto e com a participação de grandes grupos, sendo que eles devem competir entre si. O que ocorre é que os produtos vendidos pelos grandes grupos (outro dia comprei um notebook na FNAC, porque tinha o melhor preço custo benefício) tem mehores condições de oferta do que aquela lojinha localizada no bairro. Eu poderia comprar o notebook na lojinha, mas preferi comprar na FNAC...