Diversidade, Liberdade e Inclusão Social

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quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

O Caso Clarin e o Direito de Não Querer Saber





Marcela e Felipe filhos adotivos da dona do El Clarin, Ernestina Herrera de Noble


Diante de tão esclarecedores argumentos de leitores deste Blog, o redator deste depósito coloca suas sandalhas da humildade e reconsidera o que disse no post "Um Exame Justo", sobre o exame de DNA dos dois filhos adotivos da proprietária do grupo de mídia argentino El Clarin, onde disse que é direito indisponível dos avós saberem quem são seus netos.


O bonito do direito é exatamente isso, quando todos têm direito há de se ponderar, de se mitigar, de se aplicar princípios universais, de verificar o que é mais razoável. E, no caso, o que é mais razoável? Primeiro, ninguém pode ser submetido a exame quando não quer. Segundo, os direitos dos filhos de pais desaparecidos vêm antes do dos avós. São eles, os filhos, que devem escolher ou decidir se querem ou não fazer o exame e nem podem ser forçados pelo Estado, mesmo que através da Justiça a fazer exame de DNA. Terceiro, existe, também, neste caso, o direito de não querer saber.  Os dois jovens, que não são menores, têm o direito de não querer saber o que aconteceu acerca de seu passado. Se os pais adotivos foram cúmplices do governo militar e adotaram as crianças -- filhos de desaparecidos políticos --  de forma irregular, o estrago já está feito. Cabe exclusivamente a esses filhos, porque se trata de direito personalíssimo e  indisponível de saber ou não saber acerca do seu passado. Só eles podem decidir e mais ninguém.


De qualquer forma, trata-se de uma interessante discussão moral e jurídica e coloco abaixo o depoimento de leitores do Blog que me auxiliaram a refletir melhor.






Blogger Terráqueo disse.

Considero muito relativo esse direito ao exame de DNA. Se estivermos diante de menores, concordo com a sua opinião. Todavia, considero que os descendentes quando adultos podem recusar tal constrangimento, se não tiverem interesse em ser parte de uma nova família. O tempo não volta e esses novos laços podem ser extremamente desagradáveis.
30 de dezembro de 2009 12:3



Blogger Bípede Falante disse...








Tomara que não sejam filhos desses avós que em nome de seu sangue, submetem os pretensos netos a uma violência incomensurável, acreditando que podem ser para eles uma família quando, para isso, pretendem destruir a única que eles agora conhecem. O que restará se ficar comprovado que os pais adotivos foram coniventes com a morte de seus primeiros pais? Esses avós querem tornar órfãos os netos pela segunda vez. Isso não se faz com quem se ama. Imagino que não amem uma vírgula esses jovens.
30 de dezembro de 2009 23:00
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Anônimo charlie disse.


Coagir judicialmente um cidadão plenamente capaz a fazer exame DNA para averiguar ascendência contra sua vontade é ofensa gravíssima. Um legítimo tapa na cara!
30 de dezembro de 2009 23:55
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2 comentários:

Anônimo disse...

É amigo Maia... tempos estranhos esse que vivemos.
Cada vez mais os indivíduos são aprisionados em uma estrutura imaginária (Estado) que tudo pode. Cada dia que passa nossas liberdade individuais são solapadas.

Triste sinal dos tempos...

charlie disse...

Vivemos um retrocesso que pouca gente parece perceber: a presença do Estado, mesmo em países tipicamente liberais, está voltando a crescer.