Diversidade, Liberdade e Inclusão Social

Foto: Obama, Cameron e Helle Thorning-Schmidt


terça-feira, 18 de setembro de 2007

Catequização Bolivariana


"Por que o presidente Chávez não tenta convencer seus mais fervorosos seguidores a inscrever seus filhos nas escolas oficiais de educação?" Essa pergunta foi feita por um administrador de escola privada na Venezuela.

Chávez quer implantar em todas escolas públicas e privadas o currículo escolar bolivariano.

Matéria da Folha de hoje (para assinantes) de Fabiano Maisonnave.

No dia em que a Venezuela voltou às aulas, o presidente Hugo Chávez apareceu em duas cadeias obrigatórias de rádio e televisão, nas quais ameaçou com fechamento as escolas privadas do país que não respeitarem "o sistema educacional bolivariano"."Não podemos aceitar que o setor privado faça o que lhe der vontade. Eles acham que, por serem privados, podem se negar a uma inspeção. Eles devem se subordinar ao sistema educacional nacional e bolivariano. Quem não quiser terá de fechar a escola", disse Chávez, ontem pela manhã, na primeira transmissão.

"Intervém-se, nacionaliza-se e se assume a responsabilidade por essas crianças", completou.As duas transmissões obrigatórias mostraram Chávez inaugurando duas escolas públicas no interior. No segundo evento, na cidade de Maturín, um menino com não mais de sete anos apareceu gritando "pátria, socialismo ou morte".Educação bolivariana.

O governo anunciou na semana passada que pretende implantar a "educação bolivariana" nos próximos anos, mas o projeto ainda não estaria pronto. Uma versão preliminar do currículo revelada na semana passada inclui como tema obrigatório, por exemplo, o estudo do chamado socialismo do século 21."Havia aqui textos que se regiam por programas oficiais, que tinham uma educação ideologizada, eurocêntrica.

Foi por meio dela que nos ensinaram a admirar Cristóvão Colombo e o Super-Homem", disse Chávez, que prometeu implantar o "sistema bolivariano" em todo o país até abril de 2010.

As declarações de Chávez foram duramente criticadas pela Câmara de Educação Privada, que reúne 257 escolas, com cerca de 100 mil alunos. "Não vamos, por pressão do governo, eliminar nossas propostas livres e assumir a que o governo até agora não nos apresentou", disse à Folha o presidente da entidade, Octavio de Lamo."Se a educação bolivariana fosse tão boa, não teríamos todos os filhos de funcionários públicos em colégios privados.

Por que o presidente Chávez não tenta convencer seus mais fervorosos seguidores a inscrever seus filhos nas escolas oficiais de educação?", questionou De Lamo, em referência a uma prática bastante conhecida no país.Segundo ele, o governo vem promovendo uma "perseguição" às instituições privadas nos últimos anos. Como exemplo, cita o congelamento das mensalidades escolares para este ano letivo, apesar de a inflação dos últimos 12 meses ter sido de 16% -a mais alta de toda a América Latina."
O governo quer enfraquecer o setor privado para depois submetê-lo ao projeto bolivariano. Não há aumento de salas de aula, não há investimento pedagógico porque nos últimos três anos o setor privado vem sofrendo uma perseguição econômica muito grande", disse.A única mudança oficializada até agora sobre a nova proposta educacional foi a do fuso horário nacional. A partir da próxima segunda-feira os relógios serão atrasados em meia hora para que, diz o governo, os estudantes acordem de manhã já com a luz do sol.

Nenhum comentário: