E a consulta privada que a esquerda fez sobre a Vale? Qual foi o resultado? Quantos brasileiros compareceram? Naveguei pelos sites e blogs de esquerda e nada verifiquei. Estranho, fizeram tanto alarde para as pessoas participarem desse "plebiscito" privado e nenhum resultado se divulgou.
Leio hoje na Folha, artigo do cientista político Eduardo Graeff, indignadíssimo com os militantes adestrados que ocultam certas verdades como essas:
Bom mesmo é deixar suspeitas no ar e faturar eleitoralmente, como fez com o boato de privatização do Banco do Brasil em 2006. Melhor ainda juntar o proveito político do reflexo condicionado antiprivatização com o proveito econômico da Vale privatizada. Recorde de investimento: US$ 44,6 bilhões nos últimos seis anos contra US$ 24 bilhões nos 54 anos anteriores. Recorde de produção: 300 milhões de toneladas de minério neste ano contra média anual de 35 milhões da Vale estatal. Recorde de emprego: 56 mil empregos diretos hoje contra 11 mil há dez anos. Recorde de exportações: quase US$ 10 bilhões em 2006 contra US$ 3 bilhões em 1997, garantindo mais de um quarto do saldo da balança comercial "deste país".
A Vale não é exceção. Da Embraer à telefonia, passando pela siderurgia e petroquímica, o desempenho de quase todas as empresas privatizadas é uma história de sucesso em benefício de seus compradores e empregados e do país. A isso o estatista contrapõe números que são, eles sim, fraude grosseira: a comparação dos US$ 3 bilhões pelos quais a União vendeu 42% de suas ações ordinárias da Vale em 1997 com os US$ 50 bilhões que a Vale inteira valeria hoje, depois de toda a expansão possibilitada pela privatização. E quem foram os beneficiários desse "ato de lesa-pátria"? A quem pertence a Vale privatizada?
Aos funcionários e aposentados do Banco do Brasil, principalmente, por intermédio de seu fundo de pensão. Com o BNDES, eles detêm dois terços do capital da Vale. O restante se distribui entre o Bradesco, a "trading" japonesa Mitsui e mais de 500 mil brasileiros que aplicaram parte do FGTS em ações da companhia.
O padrão de gestão da Vale é privado. A propriedade, como se vê, nem tanto. Depois de privatizada, a empresa recolheu aos cofres da União, em impostos e dividendos, algumas vezes mais do que fez ao longo de toda a sua existência como estatal. Os obreiros do plebiscito e até, forçando a barra, os padres que ecoam essa gritaria inconseqüente dentro das igrejas podem pretextar ignorância. Lula e os dirigentes do PT, não. Esses usam deliberadamente o fantasma da privatização como uma distração para a sua militância -um osso de mentira que se dá a um cachorrinho para ele não roer a mobília.
Um placebo ideológico aqui, uma verbinha acolá, empregos a rodo, barriga cheia, lá vai a militância petista fazer seu número. Pula! Late! E Lula pisca o olho para as visitas: "É brincadeira, gente! Senta que o Lulu é manso". Os empresários sorriem de volta, fingem que acreditam, mas pensam dez vezes antes de botar a mão no bolso. Para eles, pior do que a encenação dos militantes é a falta de vontade e/ ou capacidade do governo de estabelecer regras claras e um ambiente político confiável para os investimentos privados em infra-estrutura.
A conta das ambigüidades virá aí por 2010, prevêem os especialistas, quando o fantasma do racionamento de energia elétrica deve voltar a rondar, dessa vez não por falta de chuva, mas de investimento. Ou quem sabe em 2011. Já pensaram na ironia? Um novo governo às voltas com o apagão, a militância petista a todo vapor de volta à oposição e Lula na Guarapiranga, pescando suas tilápias...
5 comentários:
Gostei do artigo: começa com "Bom mesmo é deixar suspeitas no ar e faturar eleitoralmente"....
...e termina deixando uma suspeita de apagão elétrico no ar.
E viva a coerência do anti-petismo!
Ninguém está falando do PT, Guimas, mas dos movimentos dos militantes adestrados.
Maia, os militantes adestrados estão presentes em todas as esferas, e tá aí o Cansei pra não me deixar mentir. E o artigo fala dos militantes do PT, sim, inclusive com a crítica ao anti-privatismo das eleições de 2006. Se é tão simples, por que Alckmin não assumiu a identidade privatista dos tucanos?
Mas que a militância anti-militante é incoerente, e fica com cara de um sujeito beiçudo, de mal com a vida, ah, isso fica.
Você é a favor da estatização, Guimas? Você tem saudades do monopólio estatal das teles?
Não, Maia, não sou a favor da estatização mais do que sou a favor da privatização. Por que?
Simples!
Há casos em que o Estado opera melhor (Água, por exemplo), e há casos em que a privada é melhor (sem trocadilhos, por favor).
Quanto ao monopólio das teles, Maia, foste adestrado a acreditar que a solução veio pela iniciativa privada. Só não te contaram que as tarifas explodiram no preço (muitíssimo mais que a inflação) e que a tecnologia explodiu em desenvolvimento também, o que facilitou novos investimentos. O Estado poderia bancá-los - não sei, talvez sim, talvez não.
Mas o eterno argumento de que agora tem mais telefone por causa da privatização é meia-verdade.
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