Diversidade, Liberdade e Inclusão Social

Foto: Obama, Cameron e Helle Thorning-Schmidt


segunda-feira, 24 de setembro de 2007

Tropa de Elite da Pirataria


Meu navio ancorou nos blogs ribimboca da parafuseta e no sangue de barata e o assunto em destaque é o filme Tropa de Elite -- que está rodando no festival de cinema do Rio de Janeiro.

Segundo o sangue de barata: Inspirado no livro Elite da Tropa (de Luís Eduardo Soares, André Batista e Rodrigo Pimentel), o filme já era notícia antes mesmo de sua estréia no festival, quando vazou na Internet e começou a ser vendido pelos camelôs da cidade. Foi aí então que o diretor José Padilha – o mesmo de Ônibus 174 – começou a chamar atenção com suas declarações condenando a “indústria da pirataria”, que, ironicamente, muito o ajudou com todo esse sucesso.

E o ribimboca da parafuseta complementa: A classe média, é representada no seu braço armado: a polícia militar. É corrupta, violenta. Seus representantes nas ONGS são engajados, mas usam drogas, contribuindo com o mal que gostariam de ver eliminado.Tropa de Elite é só o Carandirú, ou Cidade de Deus da vez. Bom filme, contudo, só mais um filme para a classe média se sentir culpada pela pobreza vigente, e mal digerir a pizza depois da sessão.

E para completar o assunto, vai a entrevista publicada hoje na Monica Bergamo da Folha (para assinantes) que entrevista o André Ramiro, ex porteiro de cinema que faz o papel de um PM incorruptível que entra para o Bope, o Batalhão de Operações Especiais, grupo de elite que é sempre chamado para incursões nas favelas cariocas. Ele falou à coluna:

FOLHA - O filme está gerando reações de apoio ao Bope, por mostrar o batalhão como violento, mas incorruptível. O que acha?

ANDRÉ RAMIRO - É complicado achar que os caras são heróis, porque eles torturam no filme. Herói é Gandhi, é Martin Luther King, é madre Tereza, é Betinho. Os grandes heróis não pegam em armas.

FOLHA - Em São Paulo, houve empresários que reagiram ao filme com a afirmação de que, afinal, o Bope enfrenta uma "guerra" na favela.

RAMIRO - É fácil falar quando você está no apartamento e só vê isso pela TV. Por que não se investe em lazer, cultura e educação? Eu não tive isso no meu bairro [Vila Kennedy, na zona oeste do Rio]. Já vi gente morrer nessa guerra. Em vez de exaltar o Bope, as pessoas precisam perguntar: por que tem que matar?
FOLHA - Já sofreu violência ou discriminação policial por ser negro?
RAMIRO - De vez em quando acontece, quando estou com um amigo no carro.
FOLHA - O que achou da invasão policial do Complexo do Alemão, que deixou 19 mortos, em junho, teve respaldo do governo Sérgio Cabral e um amplo apoio, de acordo com pesquisas? RAMIRO - Aquilo foi dado como uma operação policial bem-sucedida, mas quem sofreu foi o trabalhador, a mãe que ficou chorando. Quem dá ordem para entrar e matar não sofre o problema na pele. O saldo não foi maravilhoso. Foi uma operação malsucedida.
FOLHA - Fez amigos no Bope, nas filmagens?
RAMIRO - Polícia era uma coisa que eu abominava. Continuo com a mesma opinião, mas agora conheço as pessoas.
FOLHA - O filme foi pirateado e impulsionou a discussão sobre a legitimidade de pessoas que não têm muito dinheiro terem acesso à cultura, ainda que de forma irregular. Você, que já foi porteiro de cinema, o que acha da discussão?
RAMIRO - Trabalhava no Fashion Mall, um shopping de elite. Os únicos pobres por ali eram faxineiros, porteiros e caixas que trabalhavam lá. Cinema é caro e quem mora na favela não tem grana. O engraçado é que quem tem grana apresenta carteirinha de meia entrada. Não posso dizer que [comprar DVD pirata] seja justo. Pessoas trabalharam no filme e esperam um retorno [financeiro]. Por outro lado, tem muita diferença pagar R$ 5 no DVD e R$ 18 no ingresso de cinema. As pessoas querem ver o "Tropa" porque é bom. Se eu ainda estivesse na portaria do cinema, seria um filme que gostaria de ver. Mas no piratão, nem pensar!

Um comentário:

Anônimo disse...

TRopa não é só o Carandiry da Vez. Acima de tudo, o filme é excelente em várias camadas de analise. E impressionantemente simples.
Na verdade é genial no mesmo nivel de Cidade de Deus. Carandiru é filme de Sessão da Tarde, infelizmente não chega aos pés nem de cidade de Deus nem de tropa de Elite. Mesmo tendo potencial pra muito mais. Infelizmente acho que o diretor perdeu a mão e os outros acertaram em cheio. :) Acontece.