Diversidade, Liberdade e Inclusão Social

Foto: Obama, Cameron e Helle Thorning-Schmidt


segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Sou Gremista, Mas Quero que o Flamengo Ganhe do Grêmio


La Barbie, Maxi López, centroavante titular do imortal tricolor não deve entrar em campo no jogo sem importância contra o Flamengo.

Eu não gosto de futebol, eu gosto do Grêmio. E não gosto do Inter. Não quero que o Inter seja campeão do Brasil. Os colorados são traiçoeiros. Eles vibraram e jogaram rojões quando o Grêmio caiu para a segunda divisão. E eles torceram pelo Náutico na Batalha dos Aflitos. E o Inter no ano passado deu uma mãozona para o São Paulo, ao colocar o time reserva em jogo no Morumbi. O resultado deu o título do ano passado aos "bambis sãopaulinos". O Grêmio ficou em segundo.

Quando terminou o primeiro tempo dos jogos de ontem, eu estava vibrando, porque o Inter perdia para o Sport e não teria mais chance de conquistar o título. E o Grêmio poderia jogar a valer contra o Flamengo no Maracanã lotado. Mas o Inter virou e depende da boa vontade do Grêmio para ser campeão do Brasil.

Falei com diversos gremistas e todos são unânimes: o Grêmio deve colocar time reserva no jogo de domingo. Como toda a unanimidade é burra, eu também sou um burro. Vou torcer contra o Grêmio no Maracanã lotado. Quem diria.

A Eleição do Fato Consumado


Porfírio Lobo ganhou as eleições em Honduras e por larga margem.

O Que Fazer Se a Maioria do Povo Apoia o Golpe e Vota no Conservador?

E o candidato do Micheletti, Porfírio Lobo, ganhou por ampla margem as eleições em Honduras.

Venezuela, Cuba, Bolívia, Equador e o grupo Bolivariano que o Brasil gosta de aderir já disse que não vai reconhecer o resultado das eleições, ao contrário da comunidade européia e EUA.

Se o Bloco Bolivariano não conseguiu repor Zelaya antes da eleição, não vai conseguir -- NUNCA -- fazer com que ele volte agora.

Leio na Folha de hoje que existe movimento dentro do governo brasileiro para fazer com que Lula recue e adote o reconhecimento gradual, pois esta é a porta de saída para a crise.

O Que É Isso, Companheiro?


O intelectual orgânico César Benjamin

Desconstruindo o Mito do Filho do Brasil

César Benjamin é um cara de esquerda, sempre foi de esquerda, ajudou a construir o PT, conviveu com Lula, se desfiliou do PT, foi vice de Heloísa Helena, na eleição de 2006 e se desfiliou do PSOL. César Benjamin brigou com o complicadérrimo Emir Sader e Ivana Jinkins, donos da editora Boitempo, tendo em vista suposto desvio de verbas da Fundação Rosa Luxemburgo que doou 100 mil euros para a edição do livro: Governo Lula, Decifrando o Enigma. O caso virou notícia da página policial.

César Benjamin continua de esquerda e conhece muito bem os bastidores dos atuais donos do poder. Por que motivos, César Benjamin, por vontade própria, trouxe a tona, na semana passada, o episódio envolvendo Lula e o Menino do MEP? Que mensagem Benjamin quis mostrar ao Brasil contanto o episódio?
Ora, tudo começou porque empresas que prestam serviço ao governo Lula resolveram financiar o filme Lula, o filho do Brasil mostrando a figura de um vencedor, o retirante miserável que saiu do interior de Pernambuco e foi fazer sua vida na grande São Paulo, virou sindicalista e presidente da república. Mas que mito é esse?
O artigo de Benjamin visa exatamente desconstituir o mito, relembrando que o Lula verdadeiro não é o Lula, o Filho do Brasil. Lula seria, então, segundo Benjamin, uma espécie de macunaíma, um herói sem moral, o cara que chega ao poder fazendo pequenas (ou talvez grandes) picaretagens. Mas isso não pode ser dito e nem alegado. Não se pode haver dúvida acerca da boa moral do presidente Lula. Afinal ele é o Filho do Brasil.
E certa esquerda, que tem dificuldade imensa em conviver com os ares da democracia, fica criticando a Folha por ter publicado um artigo do César Benjamin, que tem responsabilidade pelo que escreveu. Não foi um carinha de direita que escreveu o artigo, foi um intelectual orgânico de uma certa esquerda que adora postar em seus Blogs artigos ácidos do mesmo César Benjamin criticando o sistema, o capitalismo e os malvados burgueses. Esses artigos, evidentemente, podem ser publicados.

Custo a acreditar que o episódio grotesco contado por Lula seja mentira. Hoje na ZH, o cineasta Silvio Tendler admite que Lula falou sobre essa conversa, mas da seguinte forma:
Aquilo era uma piada. Lula sempre foi um cara brincalhão, não foi a única que ele fez. Todos os dias ele chegava com uma piada. Ele resolveu provocar e brincar. Estava evidente para todos que estavam na mesa que aquilo era uma brincadeira. O Cesinha levou 15 anos para elaborar que aquilo não era uma brincadeira e que podia ter um fundo de verdade. Não tinha. Aquilo era uma piada, todo mundo riu. (...) Lula “não seria louco, no meio de uma campanha eleitoral, de levantar uma lebre que derrubaria ele”, o cineasta questionou o cientista político:– Ele (Benjamin) precisa dizer por que levou 15 anos para revelar essa história e de onde tirou que era uma história real, e não uma piada.
Resta uma verdade, a história foi contada. Se foi piada foi de mal gosto. E por que Lula contaria uma piada desse tipo?

sábado, 28 de novembro de 2009

O Filho do Brasil E o Menino do MEP


Lula e seu staff no seriado South Park.


Barracos da Gauche

César Benjamin, ajudou a fundar o PT junto com o Lula e se desfiliou em 1995. Na eleição de 2006 foi candidato a vice presidente na chapa de Heloisa Helena do PSOL, partido que ele também se desfiliou. Ontem Benjamin escreveu um polêmico artigo na Folha de S. Paulo dizendo que Lula teria tentado subjugar um colega de cela quando esteve preso em 1980. O pessoal do Planalto - Franklin Martins e Gilberto Carvalho - reagiu dizendo que o artigo é loucura e a Folha não deveria ter publicado.


Transcrevo abaixo a parte do artigo de Benjamin que é longo. Se o leitor não está com saco de ler, pois leia - pelo menos - a parte em negrito.

Os Filhos do Brasil



(....)

São Paulo, 1994. Eu estava na casa que servia para a produção dos programas de televisão da campanha de Lula. Com o Plano Real, Fernando Henrique passara à frente, dificultando e confundindo a nossa campanha.Nesse contexto, deixei trabalho e família no Rio e me instalei na produtora de TV, dormindo em um sofá, para tentar ajudar. Lá pelas tantas, recebi um presente de grego: um grupo de apoiadores trouxe dos Estados Unidos um renomado marqueteiro, cujo nome esqueci. Lula gravava os programas, mais ou menos, duas vezes por semana, de modo que convivi com o americano durante alguns dias sem que ele houvesse ainda visto o candidato.Dizia-me da importância do primeiro encontro, em que tentaria formatar a psicologia de Lula, saber o que lhe passava na alma, quem era ele, conhecer suas opiniões sobre o Brasil e o momento da campanha, para então propor uma estratégia. Para mim, nada disso fazia sentido, mas eu não queria tratá-lo mal. O primeiro encontro foi no refeitório, durante um almoço. Na mesa, estávamos eu, o americano ao meu lado, Lula e o publicitário Paulo de Tarso em frente e, nas cabeceiras, Espinoza (segurança de Lula) e outro publicitário brasileiro que trabalhava conosco, cujo nome também esqueci.
Lula puxou conversa: "Você esteve preso, não é Cesinha?" "Estive." "Quanto tempo?" "Alguns anos...", desconversei (raramente falo nesse assunto). Lula continuou: "Eu não aguentaria. Não vivo sem boceta". Para comprovar essa afirmação, passou a narrar com fluência como havia tentado subjugar outro preso nos 30 dias em que ficara detido. Chamava-o de "menino do MEP", em referência a uma organização de esquerda que já deixou de existir. Ficara surpreso com a resistência do "menino", que frustrara a investida com cotoveladas e socos. Foi um dos momentos mais kafkianos que vivi. Enquanto ouvia a narrativa do nosso candidato, eu relembrava as vezes em que poderia ter sido, digamos assim, o "menino do MEP" nas mãos de criminosos comuns considerados perigosos, condenados a penas longas, que, não obstante essas condições, sempre me respeitaram. O marqueteiro americano me cutucava, impaciente, para que eu traduzisse o que Lula falava, dada a importância do primeiro encontro. Eu não sabia o que fazer. Não podia lhe dizer o que estava ouvindo. Depois do almoço, desconversei: Lula só havia dito generalidades sem importância. O americano achou que eu estava boicotando o seu trabalho. Ficou bravo e, felizmente, desapareceu.

(...)


A todos, autênticos filhos do Brasil, tão castigados, presto homenagem, estejam onde estiverem, mortos ou vivos, pela maneira como trataram um jovem branco de classe média, na casa dos 20 anos, que lhes esteve ao alcance das mãos. Eu nunca soube quem é o "menino do MEP". Suponho que esteja vivo, pois a organização era formada por gente com o meu perfil. Nossa sobrevida, em geral, é bem maior do que a dos pobres e pretos. O homem que me disse que o atacou é hoje presidente da República. É conciliador e, dizem, faz um bom governo. Ganhou projeção internacional. Afastei-me dele depois daquela conversa na produtora de televisão, mas desejo-lhe sorte, pelo bem do nosso país. Espero que tenha melhorado com o passar dos anos. Mesmo assim, não pretendo assistir a "O Filho do Brasil", que exala o mau cheiro das mistificações. Li nos jornais que o filme mostra cenas dos 30 dias em que Lula esteve detido e lembrei das passagens que registrei neste texto, que está além da política. Não pretende acusar, rotular ou julgar, mas refletir sobre a complexidade da condição humana, justamente o que um filme assim, a serviço do culto à personalidade, tenta esconder.

CÉSAR BENJAMIN, 55, militou no movimento estudantil secundarista em 1968 e passou para a clandestinidade depois da decretação do Ato Institucional nº 5, em 13 de dezembro desse ano, juntando-se à resistência armada ao regime militar. Foi preso em meados de 1971, com 17 anos, e expulso do país no final de 1976. Retornou em 1978. Ajudou a fundar o PT, do qual se desfiliou em 1995. Em 2006 foi candidato a vice-presidente na chapa liderada pela senadora Heloísa Helena, do PSOL, do qual também se desfiliou. Trabalhou na Fundação Getulio Vargas, na Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, na Prefeitura do Rio de Janeiro e na Editora Nova Fronteira. É editor da Editora Contraponto e colunista da Folha.

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Sempre Desconfiei de Dubai




Eu sempre achei muito estranho Dubai. Aqueles condomínios fantásticos com formas impressionantes, prédios altíssimos de arquitetura arrojada, cidade modernosa, futurista num país árabe tão distante governado por um Emir chamado Mohammed bin Rashid Al Maktoum . Dubai é o centro turistico do oriente e cada vez mais atrai turistas ocidentais. Em pouco tempo (dizem que 10 anos) não haverá mais petróleo por isso o emirado resolveu investir em turismo, serviços e imóveis. E a atração desses investimentos é feita por uma estatal chamada "Dubai World."


E agora o mundo descobriu que o tigre parece ser de papel. A conta negativa da estatal do emirado é pesada e a perigosa alternativa foi pedir moratória, prazo de 6 meses para o pagamento das dívidas. As bolsas mundiais desabaram. A Bovespa caiu dois pontos ontem. O diário gauche já postou um texto dizendo que Dubai se dissolve no ar e está anunciada mais uma fraude neoliberal. A esquerda adora comemorar esse tipo de notícia.

Mas amanhã, como sempre ocorre nas crises do capitalismo (é possível capitalismo sem crise?), tudo voltará ao normal. Daqui a uma semana -- talvez -- as bolsas já estejam equilibradas e nada se dissolveu no ar. O DG vai continuar postando bobagens e o Maia vai continuar tomando malbecs.
Mas que Dubai é um local meio estranho não há dúvida.

Por que o PMDB-RS É tão Indefinido?


Rigotto, Fogaça e o paisão Simon, eles são tão confusos.

Quem será o candidato do PMDB para governador do RS?


Fogaça, Rigotto ou Ninguém?


Semana passada o prefeito Fogaça disse que não é candidato. Ontem o Rigotto disse que não é candidato e acrescentou: essa decisão é definitiva e irrevogável, segundo a ZH de hoje.


Lembro que Rigotto, quando governador do Estado já disse frase similar antes e custou a aceitar disputar a reeleição -- que acabou perdendo.


Dizem que o PDT é o fiel da balança da eleição do ano que vem. Se Fogaça for candidato a prefeitura de Porto Alegre vai para o Fortunatti do PDT que apoiará o PMDB.


Tarso Genro, candidato do PT, anda flertando com o presidente do PDT, Romildo Bolzan que quer apoiar o PT.


Lula quer que o PMDB apoie Tarso ou vice-versa. Acho isso completamente impossível de acontecer no eterno Rio Grande dividido.


A indefinição do PMDB é boa para quem?


Para Yeda?


Para Tarso?


Para o PMDB?


O que Tarso mais quer é exatamente isso, que a indefinição do PMDB alimente o antagonismo entre ele e Yeda. Talvez para Yeda essa indefinição do PMDB seja boa.


E se o PMDB ficar fora da disputa, (o que não acredito) a eleição gaúcha do ano que vem se polarizará entre Tarso e Yeda. É tudo o que os dois querem.

O Paradoxo da Política Moderna


"Trata-se do paradoxo da política moderna, do qual dirigente algum conseguiu, até o presente, escapar: é preciso ser popular para conquistar o poder, e seria necessário poder ser, às vezes, impopular para exercê-lo bem. Um provérbio árabe diz: um homem que nunca na vida, encontrou um motivo para pô-la em risco é um pobre coitado."


Filósofo Luc Ferry no livro Família Amo Vocês, Objetiva,2007, RJ.

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

A Linda Voz Soprana de Teresa Salgueiro



Uma pena a Teresa Salgueiro, nascida em 1969, ter saído do Madredeus. Trata-se de uma grande cantora portuguesa. Sua voz soprana ficou conhecida no Brasil com a excelente mini série "'>Os Maias" do Eça de Queiroz, criador do personagem Carlos Eduardo da Maia.

Fábio Mayer, torcedor do coxa e do imortal tricolor (o coxa tem de sair dessa, Fábio!) me perguntou sobre o trabalho de Teresa cantando músicas brasileiras no disco Você e Eu. Eu respondo, mas pá, o disco é giro. Teresa canta sem sotaque.

Abaixo ela canta, com o Madredeus, "Haja o que houver", música que embala o romance entre Maria Monforte e Pedro da Maia na minisérie '>"os Maias", roteiro adaptado de Maria Adelaide Amaral e direção do Luiz Fernando Carvalho.




Sobre Petistas e Antipetistas


Lula poderia dar uma de Chávez e transformar o Brasil numa Big Havana, mas não está fazendo isso.

Da Oposição Raivosa ao Desbunde com o Poder

O nosso amigo Guimas insiste em tocar na tecla do preconceito antipetista. É antipetismo para lá e antipetismo para cá. Mas quem nasceu primeiro, o ovo ou a galinha? O PT nasceu como partido de oposição e raramente fez uma oposição construtiva. Aliás, não lembro nenhum passo do PT, como oposição, na direção da convergência, a postura do PT, como oposição foi mesmo um tanto raivosa. É ou não é? É importante ter memória neste Brasil desmemoriado.

Exemplo, o PT não assinou a Constituição de 1988 e justificou sua posição assinando o seguinte documento:


"O PT, como partido que almeja o socialismo é por natureza um partido contrário à ordem burguesa, sustentáculo do capitalismo (...) rejeita a imensa maioria das leis que constituem a inconstitucionalidade que emana da ordem burguesa capitalista, ordem que o partido justamente procura destruir."


Lula assinou essa circular do Diretório Nacional do PT que justifica sua posição frente a CF de 1988.

O PT fez uma oposição intransigente ao governo FHC que queria aprovar reformas estruturais para melhorar as condições de administração do país. Você sabia que o PT foi contra a quebra do monopólio estatal das teles? É plausível, é crível ser contra o monopólio estatal das teles? Outra reforma que o PT foi contra na época de FHC foi a da previdência. Mas quando Lula chegou lá e colocou a faixa verde amarela -- depois de ter assinado a Carta ao Povo Brasileiro (que certa esquerda considera como "malfadada") -- o que fez? Aprovou a reforma da previdência e outras reformas dando continuidade ao projeto de FHC e sua política econômica que sempre foi criticada pelo PT, quando oposição, of course.


O PT sempre fez politicagem, sempre criticou e fez demagogias para ganhar votos e depois entrou em contradição quando assumiu o poder. E o engraçado é que agora, quando o PT está sentado na cadeira do poder tem uma dificuldade impressionante em aceitar as críticas ao seu governo. Isso faz parte do jogo democrático e não se trata mais de preconceito, porque o redator deste empório já foi governado pelo PT em sua cidade, em seu estado e no seu país. O Maia não tem preconceito contra o PT, mas conceito.


Uma perguntinha sutil, por que motivos o PT tem dificuldade de assumir o seu lado social democrata?

E vou além. O governo Lula poderia ser bem pior. Se eu fosse chamado pelos institutos de pesquisa para dar minha opinião em relação ao governo Lula eu daria meu voto pela aprovação. O governo Lula poderia ser um Olívio e descambar para o chavismo do populismo. E não está fazendo isso. Mas não tenho certeza a respeito da Dilma. Não coloco minha mão no fogo por ela. Confio mais no Lula do que nela.

Mujica Vai Ser Presidente do Uruguai


José Mujica é uma espécie de Olivio Dutra uruguaio.

Gosto do Uruguai. Sempre gostei. É um país de pessoas educadas e que teve uma boa administração com Tabaré Vázquez que é um cara light, um autêntico liberal de esquerda. O candidato de Tabaré para a continuidade de seu projeto na Frente Ampla, partido de centro esquerda, não foi José Mujica, o ex guerrilheiro tupamaro -- um comunista segundo o barbeiro uruguaio que corta o meu cabelo. Mas Mujica foi escolhido pela Frente Ampla e vai ganhar as eleições de domingo na república oriental.

Luiz Alberto Lacalle, o candidato de centro direita não gostou da visita de Olívio Dutra, representante de Lula, que deu apoio para José Mujica. Mas Inês (que dorme em Alcobaça, Portugal) é morta. A eleição já está vencida.

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Boicote em Honduras é Mínimo



Vai, Lula, vai embalar o berço do Zelaya.



Dos mais de 13.500 candidatos, só 31 desistiram da disputa.


Como o boicote teve o apoio militante também de Lula, Amorim, Garcia e da primeira-dama Xiomara, o mundo descobriu que o rebanho que só topa ser conduzido por Zelaya junta no momento 35 cabeças.
O reconhecimento antecipado do novo governo de Honduras pelos Estados Unidos e pela União Europeia colocou na rota do naufrágio o plano concebido para consolidar a liderança internacional do Brasil. Lula achou que, resolvida a crise, a vaga no Conselho de Segurança da ONU ficaria ao alcance da mão. Ficou com um Zelaya no colo.


Falando Mal da "Mercenária Yoani"







Navegando pelos Blogs da nossa esquerda - e tenho paciência para isso -- descobri que existem Blogs que tratam apenas de um assunto: falar mal da Yoani Sánchez. É o caso do Blog Cambios en Cuba da onde tirei todas as fotos e figuras acima.
Ou seja, a vida é tão boa e tão livre em Cuba que se uma pessoa faz críticas ao sistema significa que ela é agente da CIA, foi comprada, é uma mercenária etc....
O mesmo ocorria quando eu frequentava e discutia (coisa que não faço mais, hoje só dou uma olhada de vez em quando) nos Blogs da esquerda. Eles sempre dizem: o Maia recebe dinheiro para dizer o que ele diz. Eu devo estar muito rico. E a Yoani também.
E depois essa esquerda se acha tão culta, preparada e desalienada. Os alienados ou mal intencionados são eles.

Obama Escreveu Carta para Lula. O "Cara" não deu a mínima!


Deu no New York Times


Antes da chegada de Ahmadinejad ao Brasil -- ele hoje está na Venezuela chavista -- o presidente Lula recebeu uma carta de Barack Obama reiterando a posição americana sobre o programa nuclear do Irã, conforme matéria do NYT:


Obama não criticou explicitamente Lula por hospedar o presidente Mahmoud Ahmadinejad. Mas manifestou que esperava que Lula iria usar a ocasião para expressar seu apoio aos esforços internacionais para forjar um compromisso sobre as ambições nucleares do Irã, de acordo com duas autoridades americanas. Na carta de três páginas, Obama reiterou seu apoio a uma proposta da Agência Internacional de Energia Atômica, que tenta orientar o Irã a desenvolver energia nuclear para fins pacíficos e civis. O acordo proposto pede para que o Irã exporte a maior parte do urânio enriquecido para processamento suplementar, de forma que ele poderia ser usado em reator medicinal em Teerã. O Irã até agora se recusou a aceitar a proposta.


E o que o Lula fez?


Apoiou as ambições nucleares do Irã.


E o que o assessor de Lula, Marco Aurélio Garcia fez?


Disse que o governo Lula está decepcionado com Obama.


Mudança de Paradigma


Cartaz da Chapa 1, de situação e ligada ao PSOL, que perdeu as eleições do DCE da UFRGS para uma chapa não esquerdista.

O Muro de Berlim da UFRGS,

A vitória de uma chapa não esquerdista na eleição do DCE da UFRGS é sinal inequívoco de importantes mudanças na percepção política dos jovens. Nas últimas décadas, dois processos históricos, em especial, foram responsáveis pelo constrangimento da adesão juvenil a campos ideológicos de direita ou mesmo de centro-direita.O primeiro desses processos foi o rescaldo deixado pela ditadura militar brasileira na percepção média do eleitorado. Independentemente do papel do comunismo naquela época – cujos documentos mostram flagrante predisposição antidemocrática –, o fato é que a opinião pública rejeitou o retardamento do regime. A esquerda, enfim, mesmo sendo condescendente com governos totalitários pelo mundo todo, venceu o debate na arena social.
Ao mesmo tempo, a América Latina punha em marcha a estratégia escrita, entre 1926 e 1937, por Antonio Gramsci – teórico italiano que propôs a tomada do poder pela dominação cultural em vez da força. Não foi por outro motivo que a esquerda tentou apropriar-se, especialmente nas décadas de 1980 e 1990, de sindicatos, direções de escolas, universidades, conselhos paroquiais, redações de jornais, círculos artísticos e de todos os núcleos de poder com influência política e cultural.
Foram poucos os que resistiram a esse processo. Foram poucos os que não caíram na “onda da galera”, do politicamente correto, do modelo político-comportamental que se pretendia único. E quem não se encaixava nessa receita de pronto era carimbado com rótulos desairosos. Era difícil resistir. Ser de direita ou de centro-direita, no meio acadêmico brasileiro, foi sinônimo de desdém ou de preconceito nas últimas décadas.
Eis que, tardiamente – mas antes tarde do que nunca! –, o Muro de Berlim começa a ser derrubado agora no movimento estudantil. E já não era sem tempo. O mundo já havia despertado dos sonhos ilusórios da utopia socialista. A população gaúcha igualmente já desconfiara de uma militância profissional, que se pretende monopolista da ética e receptáculo celestial dos desejos populares.
Que o processo do DCE da UFRGS, portanto, contribua para um novo patamar no debate político do Rio Grande do Sul, longe da dialética “mocinhos versus bandidos” e capaz de superar a visão caricaturista da direita e da centro-direita. Tais campos ideológicos, a propósito, compõem a maioria silenciosa do eleitorado regional e são responsáveis por grandes contribuições ao desenvolvimento do Estado. É legítimo, portanto, que também no meio acadêmico tenham respeito e representatividade.*



Artigo de Cleber Benvegnú, Advogado e escritor, hoje na Zero Hora.

terça-feira, 24 de novembro de 2009

Posição do Brasil Sobre Eleição de Honduras Está Longe de Ser Razoável


Lula deve ter prometido mundos e fundos para Zelaya continuar no poder. Mas ele não vai, porque a maioria do povo não quer.

Brasil Contribui Para Eternizar o Impasse em Honduras


Um dos grandes princípios dos tempos modernos é o da razoabilidade. Há de se verificar diante das diversas alternativas a que é mais razoável, a que é mais crível, mais sensata, mais tolerante, mais proporcional, mais possível.

E a posição do Brasil em relação a não reconhecer o resultado da eleição pelo voto universal que vai se realizar em Honduras no próximo domingo está longe de ser razoável.

Os EUA já disseram que vão apoiar as eleições e o resultado das eleições de domingo. Marco Aurélio Garcia disse que o governo Obama tem sabor de decepção.

Quem é Marco Aurélio Garcia para dizer insensatez desse tipo? O Brasil pretende o impossível: que Zelaya retorne ao poder e que -- a partir de então -- se realize eleições. Mas Zelaya -- e isso é importante -- não tem cacife popular para voltar ao poder. Se Zelaya tivesse apoio do povo hondurenho já estaria sentado na cadeira presidencial. Ele continua residindo na embaixada brasileira.

A solução mais sensata, mais razoável, mais crível é o voto universal que vai escolher o novo presidente de Honduras, com a participação de todos os partidos politicos.

Na verdade, o que está por trás disso tudo é que a esquerda -- que poderia participar das eleições -- vai fazer boicote e quem vai ganhar vai ser um candidato de centro direita. Isso não interessa aos movimentos bolivarianos, capitaneados por Chávez e que escolheu o governo Lula para o "cara" fazer uma espécie de "mediação bolivariana" para a crise do país centro americano.

Isso até pode fazer parte do jogo geopolítico latino americano, mas parece inquestionável que a posição do governo Lula extrapola o limite da razoabilidade. É isso o que está fazendo o governo brasileiro ao continuar apoiando um presidente que não tem mais poder e nem mesmo apelo popular e entrando no jogo equivocado do boicote às eleições de domingo, cumprindo assim o que determinou a agenda bolivariana.

Em outras palavras, o Brasil contribui para que o impasse em Honduras se eternize.

É Imoral o Grêmio Colocar Reservas Contra o Flamengo?


Presidente do Grêmio, Duda Kroeff. Time reserva para prejudicar o Inter.

Vamos, então, falar sobre futebol.

O presidente do Grêmio, Duda Kroeff, está sendo pressionado para colocar time reserva no último jogo do campeonato nacional 2009 contra o Flamengo. O Grêmio não tem mais nada a fazer na competição, sem chances de ser rebaixado e sem condições de conseguir vaga na Libertadores. Tem apenas de cumprir tabela. O Inter, por sua vez, pode ganhar o título nacional, desde que Flamengo e São Paulo tropecem nos próximos jogos. Faltam duas rodadas para terminar o campeonato. Se o Grêmio entrar com time reservas não significa que vá entregar o jogo. Está apenas enfraquecendo o seu time. A pior coisa do mundo para um gremista é ver o Inter campeão de alguma coisa. E vice versa. O redator deste Blog - que ama de paixão o imortal tricolor - vai torcer para o time reserva do Grêmio vencer o Flamengo na última rodada. O Grêmio só venceu uma partida fora, contra o Náutico na batalhinha dos Aflitos.
E vai torcer para o Inter tropeçar.

Um DCE para os estudantes e não para os militantes


Direção do DCE da UFRGS que organizava o " Fora Yeda" perdeu a eleição para candidato do PP .

Quem diria: desde que eu me conheço como gente -- e isso já faz um bom tempinho -- o DCE da UFRGS sempre foi de esquerda ou de extrema esquerda. Na recente eleição a chapa 3 encabeçada por Renan Pretto, ligado ao PP, ganhou as eleições. Deu zebra? Talvez.

A atual e derrotada direção do DCE é do PSOL e sua principal campanha foi o "Fora Yeda". Todas as passeatas estudantis que ocorreram durante este ano foram organizadas pelo DCE da UFRGS. Tem um tal de Marcus Hulk, do PSOL e da atual direção do DCE, que fez um Blog chamado Caras-Pintadas do Rio Grande do Sul. Hoje dei uma olhada no Blog que tem o seguinte post:



Esquerda perde DCE da UFRGS


A notícia abaixo, publicada hoje na coluna de intrigas de ZH, mostra a euforia de certos setores, diretamente proporcional ao peso político que o DCE da UFRGS atingiu nos últimos anos, em especial, de 2007 para cá, enfrentando o governo estadual. Políbio Braga também teve chiliquinhos de felicidade. "Esquerda perde DCE da UFRGSFoi-se o tempo em que a esquerda dominava o movimento estudantil na UFRGS: Renan Pretto, ligado ao PP, venceu por 35 votos a eleição para o Diretório Central de Estudantes.Ex-secretário da Juventude Progressista, Pretto, de 19 anos, é estudante de Administração de Empresas.O deputado Jerônimo Goergen está empolgadíssimo com o resultado:– Conseguimos derrotar o PT, o PC do B e PSOL. Este é um momento histórico.Pretto diz que vai fazer uma gestão apartidária. O slogan da chapa dele era “Um DCE para os estudantes e não para os militantes”.

O Mentiroso no Google


Copio e colo do Blog RS Urgente do Marco Weissheimer. Fiz o teste e deu certo.


O leitor Marco enviou a seguinte observação em forma de pergunta:
Você já viu o que aparece quando se digita “mentiroso” no Google?
Não tinha visto. Fiz o teste.

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

O que o Brasil ganha com isso?




Lucro Zero
Até reconheço o direito do Brasil receber o presidente do Irã. O que é absurdo e mostra bem os rumos da política externa do governo Lula, que segue a via moderada da agenda de Chávez, é defender o enriquecimento do urânio. Claro que para fins pacíficos, como disse o Lula ontem. Ahmadinejad está muito mais para o lado da intolerância do que do pacifismo. O Conselho de Segurança da ONU já pediu para que o país persa suspendesse esse procedimento. E o Brasil quer ser membro permanente desse Conselho e com o apoio do Irã de Ahmadinejad. Há ai um paradoxo, se o Brasil quer ser membro permanente desse importante órgão da ONU não pode ficar de mãos dadas com um governo comprovadamente tirano. Medindo os ônus e bônus da visita chegamos a conclusão que o lucro do Brasil é quase zero.

Chegou o Facínora e tem Patota que Aplaude


Apoiadora do presidente do Irã (esq.) discute com manifestantes que são contra a presença de Mahmoud Ahmadinejad no Brasil, em Brasília. Os favoráveis à visita de Ahmadinejad criticam o imperialismo americano e apreciam os governos do venezuelano Hugo Chávez e do boliviano Evo Morales. O grupo contra a visita é formado por judeus, entre eles um sobrevivente do Holocausto.


Manifestantes a favor e contra a visita do presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, discutem em Brasília. Ahmadinejad chegou às 9h30 desta segunda-feira à base aérea de Brasília para uma visita de um dia ao Brasil. O líder iraniano se reúne nesta segunda-feira com o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva




Sob protestos de brasileiros e israelenses, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva recepciona o presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, em Brasília. Em frente ao Palácio do Itamaraty, manifestantes reclamaram da visita do iraniano e criticaram o diálogo mantido com Lula após as polêmicas declarações de Ahmadinejad sobre o holocausto, homossexualismo e armas nucleares


Tem gosto para tudo nesse mundo!

Ahmadinejad chegou sorridente ao Brasil e abraçou o Lula. Lá fora, na frente do Itamaraty, os protestos contra o tirano. Mas tem a patota que apoia. Quem são eles? Ora bolas, aqueles que gostam do Chávez....

As fotos e informações são do terra foto 24 horas.

Sobre a Austrália



O Filme é "Assim Assim", Mas Vale a Pena Conhecer a Austrália

Pois ontem -- após minha inglória torcida para o Galo contra o Inter -- acabei assistindo ao filme Austrália no Telecine. Falaram tão mal desse filme que ele até me surpreendeu. É uma mega super hiper produção, vamos dizer assim, um épico com direito a romance piegas: Nicole Kidman e Hugh Wolverine Jackman, ambos australianos. Perdão, Nicole nasceu nos EUA, mas seus pais são australianos. O que eu gostei do filme? Ora bolas, conheci melhor a história da Austrália, um bando de trogloditas, bêbados, racistas e degredados britânicos que se mudam para o outback e formaram uma grande nação. Tadinhos dos aborígenes que hoje representam apenas 1% da população. A Austrália, na década de 30, era um farwest (ou um fareast) e hoje está na ponta dos países mais desenvolvidos do planeta. É um país mais jovem que o Brasil e que conseguiu resolver seus desafios. Claro, eles têm muito menos habitantes que o Brasil, são 21 milhões de australianos, e nós somos 191 milhões em ação. A semelhança é que Brasil e Austrália são países jovens e com imensa área geográfica. A diferença é que o Brasil tem um déficit social imenso. Não é mole dar a 191 milhões de pessoas educação, segurança, saúde e qualidade de vida. Dar isso a um país de 21 milhões de habitantes é mamão com açucar.

O Retorno do Homem Que Não Foi


Dirceu está retornando para onde sempre esteve.
Na Folha de hoje:

Com o apoio de parcela expressiva do PT, o ex-ministro José Dirceu admitiu ontem que deve voltar a ocupar um cargo no comando do partido no ano que vem. Segundo petistas, Dirceu já definiu que voltar ao Diretório Nacional é a melhor forma de ajudar na campanha da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, à Presidência.Ontem, nomes importantes na sigla -como a própria Dilma e a ex-prefeita Marta Suplicy- saíram em sua defesa e de outros envolvidos no mensalão.Em Brasília, Dilma disse considerar "natural" que oito acusados de participar do escândalo integrem a chapa favorita para vencer as eleições do PT."O PT está procedendo da forma correta. Você não pode adotar uma prática que ocorreu muito no Brasil ao longo dos últimos anos, que era o contrário da conquista democrática do Ocidente". Segunda ela, essa conquista é "provar que uma pessoa é culpada e não a pessoa provar que é inocente".


Ora, o Brasil inteiro sabe que Dirceu não se afastou do PT e nem do governo Lula. Ele continua sendo uma eminência parda no governo Lula, um lobista, um intermediador, um articulador, um confidente, um companheiro.

"Não" em Nome dos Direitos Humanos




Marcos Rolim, ex deputado do PT, sempre foi um peixe fora dágua. Lembro que foi ele que construiu a "Tese Para uma Esquerda Humanista" criticando o dogma religioso do socialismo. Rolim levou pedradas de uma certa esquerda (não humanista?) e até saiu do PT. Ontem ele escreveu o seguinte artigo para ZH sobre a visita do facínora Ahmadinejad.


Não em Nosso Nome
Marcos Rolim

A historiadora Michelle Perrot tem razão ao dizer que a tolerância tem limites, “para além dos quais, sua virtude pacificadora torna-se culpada de indiferença e de cumplicidade com o intolerável”. Para identificar o intolerável, entretanto, é preciso oferecer ao debate um critério moral. E se Auschwitz, por exemplo, fosse agora? Alguém diria que “trata-se da experiência de um Estado soberano”? Seria possível argumentar que “não devemos marcar nossa política externa por critérios ideológicos”? Não, evidentemente não. Respostas do tipo seriam insustentáveis, porque os campos de concentração simbolizam o mal radical e um vacilo apenas nos colocaria ao lado dos carniceiros. Pensemos na África do Sul do período do apartheid. Seria aceitável que o Brasil recebesse, à época, quaisquer dos seus presidentes racistas? Não, evidentemente não. Percebe-se, então, que o pragmatismo demanda limites de natureza ética. Por isso, a ideia de uma política externa de caráter “não ideológico” expõe ou uma verdade trivial ou uma capitulação. Pela primeira hipótese, afirmamos que o Brasil deve manter relações com o mundo sem que, para tanto, sejam necessários “filtros” político-ideológicos. Pela segunda, afirmamos que não há limites morais para estas relações.


O convite do governo brasileiro ao presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, para a visita dos próximos dias esclarece que devemos compreender por “política externa de caráter não ideológico” – o mantra repetido pelas autoridades do governo e por sua base parlamentar – o mesmo que “política externa desprovida de critérios morais”. Ahmadinejad não é apenas o presidente reeleito em uma fraude monumental. É também a liderança que negou a existência do Holocausto, que submete seus opositores à prisão e à tortura, que defende a pena de morte aos homossexuais e que prega a destruição do Estado de Israel. Ahmadinejad é um dos nomes do ódio. Sua figura constitui ameaça real à humanidade e recebê-lo é tão somente vergonhoso.A esperteza, como se sabe, costuma se transformar muito facilmente em estupidez e os eventuais ganhos da aproximação com o governo iraniano nos cobrarão alto preço.

As relações mais que amistosas entre Ahmadinejad e Hugo Chávez, por exemplo, talvez indiquem um dos caminhos da fatura. Anfi- triões não provocam seus convidados, e Lula terá a chance de posar ao lado do ditador. Por tudo aquilo que não será dito nas cerimônias; pela mudez enfim plasmada nas fotos do encontro, teremos a produção do sentido: este é um país onde tudo é possível. Como não há política externa que não seja, também, a extensão de uma concepção geral a respeito da política, a mudez referida traduz o limite maior de uma estratégia que, noves fora, propõe nova versão ao conservadorismo e reproduz, por omissão, a vertente anti-humanista que acompanha o Brasil como uma sombra. No passado, quando ditadores nos visitaram, a esquerda foi às ruas protestar. Agora, são os militantes pelos direitos humanos os que dizem: “Não em nosso nome!”.

sábado, 21 de novembro de 2009

Porto Alegre - Sábado Fim de Tarde


Antiga Farmácia Carvalho, hoje Banco Safra, na Rua da Praia


Av. João Pessoa

Borges de Medeiros, em cima do viaduto.

Casa Monstro de Henrique Oliveira

O Cheiro do Corporativismo


A presidente do CPERS veste sua roupa favorita: a grife do "fora Yeda".

Nunca antes na história recente do Rio Grande um governo prometeu aos professores de início de carreira e aos brigadianos um piso salarial de R$ 1.500. Nunca antes.

Mas a professora (professora?) Rejane Oliveira, presidente do CPERS é contra. Ela disse "Lugar de proposta contra os gaúchos é na lata do lixo."

Rejane Oliveira é contra qualquer proposta de Dona Yeda. O objetivo da presidente do CPERS é exatamente esse: ser contra, porque ela defende o status quo. Qualquer mudançinha que se possa fazer nos quadros do serviço público no RS ela é contra. Ora, carambas, ela nunca cogitou sequer de discutir qualquer mudança no quadro de carreira dos professores que é de 1978, da época do governo Amaral de Souza.

Serviço público é essencial e tem de funcionar bem. Não é isso o que quer Rejane Oliveira, porque ela não tem nenhum interesse em discutir de forma convergente com o governo Yeda e que foi democraticamente eleito.



Dona Yeda quer implantar a meritocracia, tal como está fazendo Serra em São Paulo. Rejane Oliveira, of course, é contra. É contra, por quê, cara pálida? A meritocracia é, na verdade, um incentivo ao servidor, ao profissional que cumpriu suas metas. Em qualquer serviço se aplicam as regras de metas. Por que no RS tem de ser diferente?

Dizem por ai que Dona Yeda vai passar por cima da crise de seu governo. Dizem por ai que Dona Yeda vai se reeleger no ano que vem. Dizem por ai tantas coisas que a gente acaba acreditando.

Quando Tarso Força a Barra - Ele se Torna Muito Irritante




Depois dessa, não voto em Tarso nem amarrado.

Se existe um cara do PT gaúcho que eu respeito -- e sempre respeitei -- é Tarso Genro. Mas o cabra anda passando dos limites. Essa última declaração de que na Itália e no governo italiano o fascismo é ascendente é de lascar. Tarso força a barra, porque não aguentou as críticas que sofreu no STF. Battisti é um delinquente, um criminoso e tem de ser entregue às autoridades italianas -- e a Itália é um país democrático e que vive há muito mais tempo que o Brasil num estado de direito -- para que ele responda pelos homícídios que cometeu.

Tarso quer agrado da patota da esquerda e o engraçado é que a esquerda italiana não está com Tarso, como é o caso do jornalista Mino Carta que sempre defendeu a extradição de Battisti. O imbecil do Battisti está servindo de pretexto para tudo. Ele faz parte hoje da agenda nacional. Cogita-se tenha sido o caso Battisti o pivô da indicação de Toffoli no STF. E o STF passou para Lula a batata quente (e podre) de decidir sobre a extradição do criminoso italiano. O STF, com essa decisão, deixou o governo do PT de saia curta, porque nunca antes, na história deste país, um presidente contrariou uma decisão do STF.

Sempre cogitei um dia votar em Tarso Genro. Depois dessa, não voto nele nem amarrado.

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Sobre o Filme



Ontem num restaurante em Porto Alegre um amigo me disse: O filme sobre o Lula vai ser um fracasso de bilheteria. Não concordei muito com meu amigo.... Não vai ser um total fracasso, pode ser que o sucesso não seja o esperado...



Filme C



Como "2 Filhos de Francisco", "Lula, o Filho do Brasil" é um filme sobre a superação. Ambos os enredos têm origem em histórias verídicas de brasileiros que, nascidos na miséria e sem perspectivas pela frente, conseguem contornar as adversidades para ascender socialmente, até atingir os píncaros da glória individual e o ápice do reconhecimento público.A trajetória que vai da miséria ao estrelato é parecida, mas, no primeiro caso, os personagens são uma dupla sertaneja e, no segundo, o presidente da República, o que muda as coisas de figura. O pai deste Lula da Silva não é "Francisco", mas "o Brasil".Se a expressão "filme B" designa as produções rudimentares, o cinema menor destinado ao consumo ligeiro, parece que agora estamos diante de um novo fenômeno: o "filme C". Com "Lula, o Filho do Brasil", o melodrama épico da vitória pessoal sobre a pobreza se converte em ideologia de uma época.Esse gênero de entretenimento com mensagem social e intenção edificante já está presente em "2 Filhos de Francisco", mas ganhou agora sua versão oficial com o carimbo do Planalto. A oportunidade vislumbrada pelo clã Barreto para lavar a égua e o estímulo de Lula a tudo o que possa resultar no culto à sua personalidade estão associados numa obra que vai alimentar a confusão entre a sorte de um indivíduo e o destino de um povo.Em 1982, em sua primeira campanha eleitoral, quando disputou o governo de São Paulo, Lula dizia ser "um brasileiro igualzinho a você". Anos depois, diria, em tom de ironia: "Ninguém queria ser um brasileiro igual a mim".Hoje as coisas mudaram. É provável que a classe C emergente, a quem o filme parece ser didaticamente dirigido, se reconheça e se emocione diante da tela.O Brasil continua a ser o país em que a desigualdade ainda imensa convive com infinitas formas de mobilidade social. Mas estamos avançando. Quem nos diz é esse filme simplesmente horroroso.




Artigo de Fernando Barros e Silva na Folha de hoje.

Filhos do Brasil



Doadores do Filme Lula, Filho do Brasil, têm negócios com o governo federal

Eu disse aqui em um comentário que o filme Lula, o Filho do Brasil, o filme mais caro já produzido no país, foi custeado com dinheiro público do BNDES.

O redator deste Blog estava equivocado. Não houve dinheiro público no financiamento do filme.

Foram 17 empresas que patrocinaram o filme e a maior parte delas mantém negócios com os ministérios e bancos do governo federal.

Apenas em 2009, sete dessas empresas receberam cerca de R$ 407 milhões em pagamentos diretos da União por conta de obras, aquisição de equipamentos e outros serviços.

Outras cinco obtiveram financiamentos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) desde o início do mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 2003, e outra tem como sócio um banco estatal e o fundo de pensão a ele ligado, ambos controlados pela União.

O Banco do Brasil e a Previ (fundo dos funcionários do BB), cujos presidentes são nomeados pelo governo federal, detêm cerca de 61% das ações da Neoenergia, terceiro maior grupo do setor energético brasileiro, que confirmou ter doado R$ 500 mil para a produção do filme. O custo total é um dos mais altos do cinema nacional. Os produtores do filme afirmam que foi de R$ 12 milhões.

Por e-mail, a produtora Paula Barreto informou que os valores doados por cada empresa não podem ser revelados: “Os contratos são confidenciais, não é possível divulgar valores”.

Fonte: ZH de hoje.

Surf no Arroio Dilúvio




Eca, mil vezes eca.

O cabra, na tempestade que caiu ontem em Porto Alegre, pegou a prancha e foi surfar na imundice do esgoto do Arroio Dilúvio....

Eca, mil vezes eca.

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Post de Uma Esquerda Carrancuda

Resolvi hoje dar uma circulada pelos Blogs da esquerda gaúcha para ver o que eles falam sobre a decisão do STF sobre o Battisti.


O Diário Gauche fez o seguinte post:


É assim que Gilmar Mendes trata uma senhora





A fotografia, que está na capa da Folha, edição de hoje, flagra uma pacífica cidadã jogada ao chão por seguranças do STF, em Brasília. A entidade máxima do Poder Judiciário é presidida pelo ministro Gilmar Mendes, porta-voz do regressismo e liderança tácita da direita brasileira.

Nunca Antes na História Deste País....




O Marcelo Tas lançou um livro sobre as frases do Lula.

A preferida é a que está exposta na capa do livro: "Nunca antes na história deste país."

Nunca na história do Brasil um presidente da República deixou de extraditar alguém após decisão neste sentido do Supremo Tribunal Federal.

Lula e a Batata Quente do Battisti


Suplicy e o queridinho da esquerda brasileira, o criminoso Césare Battisti. Como vai decidir Lula?

O STF ontem, sempre por maioria apertada, decidiu que Battisti não praticou crime político e, portanto, o refúgio concedido por Tarso Genro é ilegal, mas também entendeu que o processo de extradição começa e termina no Executivo e cabe a Lula, portanto, dar a palavra final acerca do destino de Battisti.

Uma perguntinha, quem está pagando o advogado Luis Roberto Barroso, defensor de Battisti e um dos grandes administrativistas brasileiros?

Voltando ao tema, o que vai fazer Lula?

a) Agradar a patota da esquerda que acredita na estapafúrdia tese de que a Itália, no final dos anos 70, não era um país democrático e que Battisti -- que participou de 4 assassinatos -- cometeu sim crime político. Se Lula assim decidir por não conceder a extradição estará contrariando a decisão do STF que, insisto, por maioria, disse que os crimes não foram políticos.
Se Lula determinar que Battisti permaneça no Brasil estará se indispondo com o STF, com o Judiciário brasileiro, com a Itália e também com a Comunidade Européia.



b) Acatar a decisão do STF e determinar a extradição de Battisti.
Se assim decidir, Lula estará desautorizando decisão de Tarso Genro e se indispondo com certa esquerda brasileira.

Afinal, o que vai fazer Lula com essa batata quente?

Segundo a sucursal da Folha em Brasília, Lula pretende ganhar tempo e conseguir um bom parecer jurídico para Battisti continuar no Brasil. Será que ele consegue?
A Folha apurou que, se não encontrar uma nova fundamentação jurídica a favor do italiano, Lula extraditará Battisti para não comprar uma briga direta com o Supremo, corte de Justiça com a qual tem suas diferenças, apesar de ter indicado 7 dos atuais 11 ministros.A avaliação da cúpula do governo é a de que Lula "não conseguirá agradar a gregos e troianos". O presidente sabe que parcela da esquerda brasileira ficará desapontada se ele optar por enviar Battisti à Itália. E sabe que a Itália reagirá furiosamente se mantiver o ex-terrorista no Brasil. Uma argumentação jurídica nova, dentro do tratado de extradição entre os dois países, minimizaria uma crise diplomática.Segundo a Folha apurou, uma saída jurídica em discussão no governo é partir do entendimento de que o STF anulou a decisão do refúgio concedido por Tarso, que usou como argumento "fundado temor de perseguição política". Daí, seria possível usar o mesmo argumento como motivo para, respeitando o tratado de extradição que tem com a Itália, negar a entrega de Battisti.Nos bastidores, avalia-se que Tarso falhou na concessão do refúgio a Battisti, pois ultrapassou o campo político e entrou no mérito da competência da Justiça italiana e da Corte Europeia.Ontem, durante a sessão, o ministro Eros Grau, seguindo o relator do caso, Cesar Peluso, disse que, para se negar a entregar Battisti à Itália, o presidente Lula deve respeitar o tratado. Eros emendou, dizendo que o único argumento possível era a letra "f" do artigo 3º do documento, pelo o qual o Brasil alegaria fundado temor de que a Itália poderia submeter Battisti a "atos de perseguição e discriminação por motivo de raça, religião, sexo, nacionalidade, língua, opinião política, condição social ou pessoa".Até a decisão de Lula, Battisti ficará preso.

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Crimes de Battisti São Comuns - Diz Gilmar Mendes


Não adiantou o apoio ontem de senadores e deputados, Battisti deve ser extraditado.



Césare Battisti pode arrumar suas malinhas na Penitenciária da Papuda em Brasília. Ele deve ir para uma prisão na Itália responder pelos crimes comuns que cometeu. Espero que seja logo. O voto de Gilmar Mendes foi pela extradição. O julgamento ainda não terminou, porque o STF está decidindo se o executivo (Lula) pode vetar a extradição de Battisti. O STF, por 5 a 4, entendeu ser ilegal o ato administrativo de Tarso Genro que considerou políticos os crimes de assassinatos cometidos pelo delinquente Battisti.

Ontem a patota que estava assistindo a estréia (dizem que o filme é muito fraco) do Lula, um filho do Brasil, gritou palavras de ordem favorável a permanência de Battisti no Brasil. Será que eles sabem o que dizem?
Vamos aguardar os próximos passos. Será que Lula vai cometer o deslize de impedir que essa extradição autorizada pelo STF seja executada? Ele disse ao Berlusconi que vai cumprir a decisão. Vamos ver.

Por Falar em Yoani


Coloquei no cabeçalho do Blog a foto da blogueira cubana Yoani Sanchez, redatora do Blog "generación Y" (em português). Ela é hoje uma personalidade mundial. Na última postagem dela ela fala que apesar do bloqueio econômico americano -- que considero uma grande burrice dos irmãos do norte, porque serve como justificação da dinastia Castro para manter a ditadura na ilha -- boa parte do que os cubanos consomem é Made in USA.



Made in USA


Faz um dias que a imprensa estrangeira revelou que com o chanceler espanhol Miguel Ángel Moratinos, viajou à Havana um recado da administração norteamericana. Sugeria-se aos nossos governantes que dessem alguns passos na melhoria das liberdades cidadãs para avançar em direção ao fim do desacordo. A piscadela não foi mencionada nos meios oficiais cubanos, que intensificaram por esses dias as críticas às sanções econômica impostas pelos Estados Unidos fazem cinquenta anos. São estas restrições comerciais - no meu juízo - tão torpes e anacrônicas que podem ser usadas como justificativa para o descalabro produtivo bem como para reprimir os que pensam diferente. Chama a minha atenção, certamente, que nas prateleiras dos mercados as etiquetas e os tetrapacks mostram o que o discurso antiimperialista esconde: boa parte do que comemos é “Made in USA”.
Nunca como agora havíamos estado tão dependentes dos vaivém que ocorrem em Washington ou Wall Street. A tão apregoada soberania desta ilha e o suposto exemplo de independência que ela mostra ao resto do mundo, oculta - na realidade - quão necessitados estamos dessa nação onde vivem milhares de nosso compatriotas. Na medida que as palavras de ordem políticas tornam-se mais enérgicas contra os yanquis, a população está mais dependente do fluxo econômico e migratório que se estabeleceu entre as duas margens. O estreito da Flórida parece separar-nos, porém na realidade há uma ponte invisível de afeto, apoio material e informação que une esta ilha ao terreno continental.
O sapateiro dos pobres nasceu um par de anos antes que os Estados Unidos rompesse relações com nosso país, porém a cola que usa para seus consertos é enviada por um irmão em Miami. A memória flash que aquele jovem leva pendurada no pescoço foi recebida de um “yuma” (americano) que fundeou o seu iate na marina Hemingway; a cabelereira da esquina pede as tinturas e os cremes de New Jersey. Sem essa corrente de produtos e remessas, muitas pessoas ao meu redor estariam na mendicância e no abandono. Até o whisky bebido pelos mais altos dirigentes do Partido exibe o inconfundível selo do proibido
.

Personagem Principal dos Falsários Morou em Porto Alegre de 1950 Até Falecer em 1976



Foto real dos "Falsários" depois de serem liberados em Ebensee em 5 de maio de 1945. NaO primeiro da fila da frente à esquerda, de camisa branca é Solomon Smolianoff, o último é Adolf Burger, que queria sabotar o plano de falsificação de notas de dólar e libras e que escreveu o livro.




Ficha de Salomon (ou Sally) Smolianoff na Interpol.


Incrível.
Assisti no último fim de semana o filme alemão, ganhador do Oscar de melhor filme estrangeiro de 2009, Os Falsários. O post sobre o filme está aqui. Um belo e inteligente filme que trata, acima de tudo, de um dilema moral. A história é verdadeira e fiquei sabendo ontem que o personagem principal do filme -- e da história -- residiu em Porto Alegre de 1950 até sua morte em 1976. Ele está enterrado no cemitério israelita da capital gaúcha. Coisas da vida.


Matéria da ZH publicada em 19 de julho de 2009:

Porto Alegre, o último refúgio


Judeu ucraniano recrutado por operação de falsificação de dinheiro na II Guerra terminou seus dias no sul do Brasil

Perseguido pelos comunistas em sua Ucrânia natal, pelos nazistas por sua condição de judeu e pela Interpol por suas atividades como falsificador de dinheiro – a história do pintor Salomon Smolianoff sintetiza parte da própria história do século 20, porém do ponto de vista de alguém que passou a vida na obscuridade, encondendo-se em diferentes países, nas mais variadas circunstâncias. O capítulo mais conhecido dessa trajetória foi revelado em Os Falsários, filme austríaco que ganhou o Oscar de melhor longa estrangeiro de 2008 e que estreou por aqui no mês passado. O mais misterioso se deu em Porto Alegre.Alguns registros indicam que Sally, como era conhecido, nasceu em 1899. Mas a data que consta em seu túmulo, localizado no Cemitério Israe­lita Porto-Alegrense, confirma o que ele contava para amigos e ex-colegas de ateliê em seus últimos anos, vividos na capital gaúcha: seu nascimento se deu em 1897, em Kremenchuk. A juventude e grande parte de sua formação Smolianoff teria passado em Odessa, cidade do litoral da Ucrânia que antes da Revolução Russa era apontada como a mais cosmopolita daquele país e, também, a mais judia de todo o grande território soviético.
O verbo condicional se justifica pelas dificuldades de rastrear seus deslocamentos. Livros e arquivos da Interpol disponibilizados na internet pelo jornalista Lawrence Malkin contam parte da história, mas, desde sua chegada a Porto Alegre, em meados dos anos 1950, tudo fica mais nebuloso – ao menos para os pesquisadores europeus e americanos, que não tiveram contato pessoal com ele.– Sally vivia num apartamento de dois quartos que também usava como ateliê e oficina de criação de brinquedos artesanais, que vendia para ganhar a sua graninha – conta Magaly Amaral da Costa, 70 anos, que trabalhou durante uma década para Smolianoff.
Ele morou na Capital até morrer, em 1976, sempre no mesmo endereço: Avenida João Pessoa, ao lado do terreno sobre o qual hoje está erguido o Shopping João Pessoa e onde, à época, costumavam se estabelecer circos que passavam pela cidade.– O Sally se ocupava pintando retratos das pessoas. Os brinquedos, quem de fato criava era a mulher dele, Charlotte, sempre inspirada em animais, palhaços e outras figuras que via nos circos – lembra Suely Franco da Silva, 72, bióloga que também foi empregada pelo ucraniano.
Segredos e mentiras
A vida em Porto Alegre, no entanto, era muito discreta. As auxiliares de ateliê relatam que poucas pessoas o visitavam. Nem o próprio nome Salomon fazia questão de espalhar.– Ele dizia se chamar Sali – relata Magaly, enfatizando que, na grafia, Smolianoff usava apenas um L e o I. – Sempre que precisava fazer alguma carta comercial, pedia ajuda para a gente. Conhecia bem a língua portuguesa, mas tomava muitos cuidados com documentos oficiais.O motivo das precauções era óbvio, mas só veio à tona, para quem convivia com ele no Brasil, quando a revista O Cruzeiro estampou em sua capa, em 26 de novembro de 1960, a manchete “Exclusivo: rei dos falsários foge do passado”. “Vocês chegaram a ver a Cruzeiro?”, perguntou Sally aos colegas de ateliê no dia seguinte, referindo-se ao texto de Tabajara Tajes e às fotos que Antonio Ronek fez do próprio Smolianoff e de um delegado que havia acabado de passar relatos à Interpol. Diante das respostas sempre afirmativas, não restava outra alternativa ao homem que não admitir que fora mais do que um simples prisioneiro judeu na II Guerra Mundial. Sally foi o principal falsário recrutado pelo oficial nazista Bernhard Krüger naquele que até hoje costuma ser apontado como o maior programa de falsificação de dinheiro da história – a Operação Bernhard, levada a cabo pelos comandados de Hitler entre 1942 e 1945 buscando desestabilizar a economia dos Aliados. Hábil retratista e anticomunista convicto, Smolianoff já trabalhara na falsificação de notas russas com o objetivo de incomodar o governo bolchevique da União Soviética desde que fugiu para a Turquia, nos anos 1920. Era, coisa que o exército alemão não demorou a descobrir, o maior “talento” não só dos 142 falsificadores reunidos por Krüger no campo de concentração de Sachsenhausen, mas o melhor entre todos os falsários até então descobertos – e o único capaz de criar libras esterlinas falsas tão verossímeis que enganaram até as instituições financeiras britânicas.Os dilemas morais e os conflitos de consciência em Sachsenhausen, que são o melhor do excelente longa-metragem dirigido pelo austríaco Stefan Ruzovitzky – que alternativas tinham aqueles judeus para não colaborar com seus próprios inimigos? –, não acabaram com o fim da guerra.– Sally tinha uma tristeza no olhar que era absolutamente indisfarçável. Isso o tempo inteiro, ao longo de todos os anos – observa Suely. .O monitoramento ininterrupto da Interpol, na Itália, no Uruguai e onde mais Smolianoff tenha morado antes de Porto Alegre, incentivou-o a manter discrição e assim tornar – quase – obscura a história de seus últimos anos de vida. Mas, mais que isso, lembrava-o a cada instante de que, além de ser um simples pintor de retratos e vendedor de brinquedos, ele carregava uma culpa para sempre inexpiável.



Lula, o Filho do Brasil, Parte 2



Na Folha hoje. Eis a imagem real do Brasil bagunça, esculhambado e sem educação. Recomendo a leitura da matéria abaixo, que tem seu lado pitoresco.

Desorganização marca pré-estreia de "Lula"

Ministro Paulo Bernardo rebateu críticas ao uso político do filme e desafiou a oposição a tentar fazer o mesmo com seus líderesApesar da ausência de Lula, estreia atraiu tanta gente que elenco quase ficou de fora; Luiz Carlos Barreto reclamou e acabou vaiado.
Não foi necessária a presença da oposição para que a pré-estreia do longa-metragem "Lula, o Filho do Brasil", ontem, tivesse sua porção saia justa. Atrasos, vaias ao produtor Luiz Carlos Barreto e um protesto em favor de Cesare Battisti marcaram a primeira exibição do filme "Lula, o Filho do Brasil", ontem à noite na abertura da 42ª edição do Festival de Cinema de Brasília, no Teatro Nacional. O filme atraiu muito mais gente do que o espaço projetado pelo arquiteto Oscar Niemeyer comporta. Era tamanha a concorrência à porta do cinema que produtores e elenco quase ficaram do lado de fora.O presidente do festival, Fernando Adolfo, teve de sair da sala para resgatar o produtor Luiz Carlos Barreto, que suava de calor e irritação. Ao subir ao palco para apresentar o filme, Barreto sugeriu que os espectadores sentados nos corredores e escadas se retirassem sala. "Não há bombeiros aqui. Se estourar uma lâmpada, as pessoas estarão todas correndo risco de vida", disse. Ninguém se retirou. O diretor Fábio Barreto tentou, ainda assim, fazer um outro apelo: "Nós, equipe e atores, estamos sem lugar para sentar". De novo, ninguém se levantou.Sem a presença de Lula, a noite foi de os convidados tietarem a primeira-dama, Marisa Letícia, que posou com atores para fotos e não quis dar entrevistas, mas acabou conversando com a turma do "CQC". Ministros, deputados, senadores e assessores da Presidência estavam entre o público, muitos deles acomodados no chão do teatro. Na plateia estavam o ministro do STF José Antonio Dias Toffolli, os ministros Paulo Bernardo (Planejamento), Orlando Silva (Esportes), José Pimentel (Previdência Social), Fernando Haddad (Educação), Márcio Fortes (Cidades) e Luiz Barretto (Turismo) e os principais assessores de Lula, como Clara Ant, Gilberto Carvalho e Swardemberg Barbosa.Paulo Bernardo rebateu as críticas da oposição que acusam o uso político da imagem do presidente com a divulgação da obra às vésperas de ano eleitoral. O ministro desafiou a oposição a lançar um filme contando a vida de algum líder oposicionista. "Não tem nada ilegal ou irregular nisso. Eles também que façam um filme. Se procurar, acham alguma história interessante", afirmou.
O filme
A exibição confirmou relatos de que o filme tem forte apelo emocional. A música intensa e as lágrimas que correm pela tela desde as primeiras cenas não deixam dúvidas a respeito do tom da história.Os cactos e a miséria em Caetés -onde Lula nasceu-, o pau-de-arara , o pai alcoólatra e violento ("Filho meu não estuda, filho meu não brinca") e o ofício de torneiro mecânico aprendido ainda na adolescência são retratados de forma a dar sentido ao líder que será moldado nas greves do ABC, durante a ditadura.Ao final da exibição, o público aplaudiu. A primeira-dama saiu assim que acabou o filme.