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Foto: Obama, Cameron e Helle Thorning-Schmidt


segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Lula e Diniz Vinte Anos Depois


Abilio Diniz sai de seu cativeiro em dezembro de 1989.
Deu na Monica Bergamo de hoje:


Lula e Diniz, vinte anos depois


Dono do Pão de Açúcar pensa em criar grupo para aproximar Lula da gestão de empresas quando ele deixar o governo em 2010 Segundos depois de descer de um pequeno palco montado na Casa Fasano para o aniversário dos 60 anos do Grupo Pão de Açúcar, na noite de sexta, o presidente Lula, ao lado de Abilio Diniz e do governador José Serra, de SP, é cercado pelos convidados da festa. "Presidente, o senhor tem toda a razão: a seleção brasileira está uma porcaria", diz Marcelo Portugal Gouvêa, diretor de planejamento do São Paulo F.C. O presidente volta a falar mal dos jogadores brasileiros. "Eu acho que essa moçada ficou muito rica muito cedo, sabe? Eu não quero que os jogadores só ganhem. Mas eu quero que eles pelo menos se esforcem."


Ao lado de Abilio, Lula fala com a coluna sobre o seqüestro do dono do Pão de Açúcar, em 1989. Minutos antes, Serra lembrara que o visitara na ocasião. "Enquanto Serra visitava o Abilio, o meu partido estava sendo culpado pelo seqüestro", disse o presidente no palco.

FOLHA - Presidente, o senhor falou sobre o seqüestro e era justamente sobre isso que eu estava, antes, pensando em conversar com o senhor.

LULA- É. Eu me lembro muito bem, sabe, quando tentaram colocar a camiseta do PT no Abilio [para culpar o partido pelo seqüestro]. Eu fiquei com uma animosidade muito grande com o [Luiz Antônio] Fleury [então governador de SP], por muito tempo. Ele tentou me explicar, mas eu, sabe, não...[faz cara de contrariedade].
FOLHA - Não se convenceu.

LULA - [Ergue o dedo indicador] No Nordeste inteiro, o que ficou foi que o partido tinha seqüestrado o Abilio. As manchetes dos jornais eram "PT seqüestra o Abílio Diniz".
FOLHA - E hoje vocês estão juntos no mesmo palco.

LULA - Hoje isso para mim não representa mais nada [o presidente segura uma das mãos de Abilio Diniz]. E eu tenho certeza de que para você [Abilio] também não. E hoje nós estamos aqui, sabe...



O mundo já deu tantas voltas nestes quase vinte anos que separam o seqüestro da festa dos Diniz que o dono do Pão de Açúcar não apenas convida Lula para ser uma das estrelas de seu jantar como lidera um grupo de empresários para um projeto pós-2010 em torno do presidente. De acordo com um interlocutor de Diniz, o grupo, do qual fariam parte também o empreiteiro Emílio Odebrecht, da Odebrecht, e Beto Sicupira, da InBev e amigo de Diniz, quer aproximar o presidente da gestão e do dia-a-dia das grandes empresas brasileiras depois que ele deixar o cargo.

"Esse grupo de empresários critica o hábito que os políticos brasileiros têm de deixar os cargos e fazer cursos nos EUA, ficando lá como bobos, sem nem entender direito inglês", diz o amigo de Diniz.

Eles acreditariam que Lula, mesmo tendo dirigido o país por oito anos, ainda teria o que aprender com as empresas brasileiras, muitas delas hoje multinacionais. A coluna tenta conversar com Diniz sobre o "projeto Lula pós-2010". Ele sorri. A coluna insiste. E Diniz, sempre sorrindo: "Não posso comentar nada."


O jantar do Pão de Açúcar reuniu tantos empresários e autoridades, como os ministros Nelson Jobim, da Defesa, e Dilma Roussef, da Casa Civil, entre outros -que foram mobilizados 30 agentes de segurança da Presidência da República, 20 batedores do aeroporto até o local do jantar, 20 agentes do Pão de Açúcar e mais seguranças da Casa Fasano para zelar pela tranqüilidade dos convidados. Cerca de 200 funcionários do Fasano serviam guloseimas como tartare de salmão envolto em papel de arroz, camarão em crosta de gergelim e vieiras com perfume de gengibre sobre risoto de pistache, mini-folhado de perdiz e papoula, vol-au-vent de camembert e damasco; para beber, espumante Valentim, nacional, feito em homenagem ao patriarca do Pão de Açúcar, Valentim Diniz, que morreu em março, aos 94 anos.

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