Diversidade, Liberdade e Inclusão Social

Foto: Obama, Cameron e Helle Thorning-Schmidt


quinta-feira, 11 de setembro de 2008

Para Onde Irão Nossos Alunos ?




Gosto muito de ler artigos escritos pelos professores das escolas públicas. É o sentimento e a avaliação de quem trabalha diariamente com as nossas crianças. Conclusão lógica e óbvia, nosso Brasil precisa impor certos limites. O pensamento "politicamente correto", de certa forma, estragou este país. Muito lindo ser leve, livre e solto, dizer não à repressão. Mas essa mentalidade, essa filosofia de total liberdade, acabou por prejudicar a disciplina, como se pode ler pelo artigo da professora Graciela Costa da Silva, publicado hoje na ZH.

Para onde irão nossos alunos?
Graciela Costa da Silva*

Sou professora da rede pública do nosso Estado. As escolas nas quais trabalho ficam nos bairros Belém Novo e Restinga Nova esta última localizada em uma das regiões com mais problemas da nossa Capital. Venho através deste espaço fazer meu relato das experiências que vivenciei e vivencio dentro de nossas escolas.Até o final do mês de março deste ano, trabalhei na escola que está inserida dentro da Fase, a antiga Febem, com adolescentes que estão cumprindo medida socioeducativa. Exerci várias funções no local: fui supervisora, vice-diretora e professora. Durante quase sete anos, tive contato diário com os educandos nesta situação.Pude observar, escutar e dialogar com eles a respeito de como viam a escola, suas famílias entre outros assuntos. Infelizmente, para a maioria, escola e aprender não têm nenhum significado. Muitos repetiram o ano várias vezes, ou depois de um tempo abandonavam os estudos. Em suas falas, verbalizavam muitas brigas, indisciplina, ocorrências nos locais em que estudavam. Percebi a ausência de uma estrutura familiar, a falta de valores, regras, limites e a não-adaptação ao cotidiano escolar. E me pergunto: o que está acontecendo com nossos alunos, filhos, sobrinhos, netos? Com nossas famílias? Nossas escolas? A violência se tornou uma realidade, algo corriqueiro dentro e fora de nossas escolas. Não estou falando somente da agressão física, mas também da verbal com os nossos colegas e funcionários, um absoluto desrespeito a nós, educadores.Nesses últimos dias, testemunhei vários acontecimentos que demonstram a falta de valores e limites de nossos educandos, como terem feito suas necessidades fisiológicas na cesta do lixo da sala de aula ou terem quebrado as pias e vasos de um banheiro, fora as pichações dentro da escola e rasgar todos os trabalhos dos alunos do turno inverso, sem contar com as brigas na entrada, no recreio e na saída das escolas.Dói-me pensar que talvez alguns desses alunos sejam os próximos a estar fechados em dormitórios (celas) com outros adolescentes, tomando sol no máximo duas horas por dia, tendo hora para ir ao banheiro, para tomar água, esperando ansiosamente pela visita de um familiar ou ficar chorando em sala de aula por ninguém ter ido há várias visitas para vê-los.Estamos nos sentindo impotentes, perdidos, não podendo mais tomar, dentro das escolas, nenhuma atitude disciplinar, pois essas foram retiradas dos regimentos escolares. Precisamos estabelecer o mais urgente possível regras de disciplinas em nossas escolas.

*Pedagoga, psicopedagoga, supervisora escolar

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