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segunda-feira, 15 de setembro de 2008

As Verdades do Caso Rosenberg


O Casal Rosenberg - Ethel Rosenberg era inocente, diz ex-réu
Após negar acusação por mais de 50 anos, Morton Sobell confessa que ele e Julius Rosenberg espionaram para Moscou. Ethel, executada com o marido em 1953 após ser condenada por conspiração, "era apenas culpada por ser mulher de Julius", diz ele


Em 1951, Morton Sobell foi julgado e condenado em companhia de Julius e Ethel Rosenberg, todos os três acusados de espionagem. O casal foi executado em junho de 1953, na primeira aplicação da pena de morte por espionagem contra civis na história americana. Sobell cumpriu mais de 18 anos de prisão e, ao ser libertado, em 1969, viajou a Cuba e ao Vietnã e se tornou defensor de causas progressistas. Reiterou ao longo dos anos ser inocente. Mas anteontem Sobell, 91, reverteu sua posição e esclareceu aspectos de um caso que continua a alimentar paixões. Admitiu pela primeira vez ter sido espião soviético. E implicou Julius Rosenberg em uma conspiração que transmitiu aos soviéticos informações militares e industriais confidenciais, além daquilo que o governo dos Estados Unidos definiu como "o segredo da bomba atômica". Perguntei a Sobell, que vive em Nova York, se, como engenheiro elétrico, ele entregou segredos militares aos soviéticos durante a Segunda Guerra Mundial, quando a União Soviética era aliada dos EUA. Em resumo, ele havia sido espião? "Sim, sim, pode me definir assim", ele respondeu. Sobell concorda com a avaliação consensual de historiadores de que Ethel Rosenberg estava ciente da espionagem de seu marido, mas não era partícipe. "Ela era apenas culpada de ser a mulher de Julius." Ontem os Arquivos Nacionais americanos, em resposta a um pedido do Arquivo de Segurança Nacional (organização sem fins lucrativos), deram acesso a jornalistas e historiadores à maior parte dos depoimentos do caso. A confissão de Sobell reforça a tese de que Ethel pode ter sido incriminada indevidamente pelos promotores.

Opinião do filho
O filho mais novo dos Rosenberg, Robert Meeropol, descreveu a confissão de Sobell na quinta-feira como "forte". "Eu sempre afirmei que isso era uma possibilidade", disse ele. Na entrevista, Sobell estabeleceu uma distinção entre espionagem atômica e os detalhes de sistemas de radar e engenharia que ele admitiu ter furtado para os soviéticos. "O que eu fiz era simplesmente defensivo, um canhão antiaéreo", afirmou. O dispositivo que ele menciona, o radar SCR 584, teria sido usado contra aviões americanos no Vietnã e na Coréia, acreditam especialistas. Sobell sustenta que os desenhos e outros detalhes da bomba atômica que o governo alegava terem sido fornecidos a Julius Rosenberg por David Greenglass, o irmão de Ethel, não tinham muito valor para os soviéticos, exceto para comprovar informações obtidas por outros espiões. Greenglass era um maquinista do Exército americano em Los Alamos, local em que a primeira bomba atômica foi construída. "O que ele forneceu aos soviéticos era porcaria", disse Sobell sobre Julius Rosenberg, seu ex-colega no City College de Nova York, nos anos 30. Mas a acusação contra eles foi de conspiração. O governo precisava apenas provar que os Rosenberg tinham a intenção de entregar segredos militares a uma potência estrangeira. Depois da detenção de Julius Rosenberg, Sobell fugiu para o México e viveu sob falsa identidade. Foi preso e repatriado em agosto de 1950. Foi sentenciado a 30 anos de prisão. Os Rosenberg foram executados na cadeira elétrica. Em entrevista em 2001 para um livro meu, "The Brother", David Greenglass reconheceu ter mentido ao afirmar que sua irmã havia datilografado suas anotações sobre a bomba, a mais grave prova conta ela. A alegação dele surgiu meses depois do depoimento de Greenglass e de sua mulher, e apenas semanas antes que o julgamento começasse, em 1951. Promotores admitiram esperar que a sentença de morte contra Ethel convencesse seu marido a confessar e implicar outros envolvidos -agentes identificados em comunicações soviéticas interceptadas. O plano fracassou, disse William Rogers, então subsecretário da Justiça americano. "Ela pagou para ver nosso blefe", disse ele, em entrevista.

Falsa acusação
Os depoimentos ao júri divulgados quinta-feira parecem mostrar ainda mais lacunas no caso contra Ethel, que tinha 34 anos e dois filhos pequenos. Ela foi detida ao deixar o tribunal depois do depoimento. Acatando as objeções de Greenglass, um juiz federal se recusou a liberar seu depoimento. Mas as transcrições divulgadas anteontem não trazem a menção ao fato de Ethel ter datilografado anotações. "Isso significa que o depoimento de Ruth Greenglass ao júri contradiz a acusação que levou Ethel Rosenberg à cadeira elétrica", disse Thomas Blanton, diretor do Arquivo de Segurança Nacional, uma organização que contesta as normas oficiais de sigilo e opera da Universidade George Washington. Ronald Radosh, um estudioso do caso e um dos que solicitaram a liberação dos arquivos, disse que o depoimento "confirma o que sempre suspeitamos, ou seja, que a história de que ela datilografou as anotações foi inventada". Ainda assim, as transcrições de depoimentos indicam que Ethel Rosenberg estava ciente da conspiração. A idéia de espionar foi mencionada por seu marido pela primeira vez em 1944, no apartamento do casal, em Manhattan, de acordo com Ruth Greenglass. "Fiquei horrorizada", ela afirmou, mas acrescentou que Ethel "me pediu que falasse com David. Ela achava que, mesmo que eu fosse contra a idéia, deveria ao menos discuti-la com ele, ouvir o que ele tivesse a dizer".
SAM ROBERTS DO "NEW YORK TIMES", EM NOVA YORK, na Folha de Sábado.

4 comentários:

Anônimo disse...

Existe pelo menos uma opinião discordante:
http://www.olavodecarvalho.org/semana/080919dce.html
Vale a pena comparar os argumentos.
Obrigado.

Anônimo disse...

O texto original está publicado no The New York Times.
http://www.nytimes.com/2008/09/12/nyregion/12spy.html?scp=1&sq=%20Morton%20Sobell&st=cse

Na verdade o Sr. Morton Sobell aos 91 anos confessa que era um espião, juntamente com Julius Rosemberg.
Quanto à Ethel Rosemberg, ele diz:
“She knew what he was doing,” he said, “but what was she guilty of? Of being Julius’s wife.”

José Elesbán disse...

É um texto interessante.

Anônimo disse...

Olavo de Carvalho é um verme seguidor do senador MacCarthy, um fanático sanguinário, assassino, inquisidor duma figa.