Diversidade, Liberdade e Inclusão Social

Foto: Obama, Cameron e Helle Thorning-Schmidt


segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Dia Bombástico



Juro que para mim foi uma surpresa. Quando acompanhei o pronunciamento de George W. Bush, na semana passada , tive a plena, firme e total convicção de que ele conseguiria aprovar o pacote de injeção de 700 bi para salvar a crise americana das hipotecas. Os democratas acenaram com o voto pró pacote. Este blogueiro se enganou e se enganou feio. Os conservadores são realmente neoliberais: eles votaram contra o pacote. E Bush perdeu mais uma por 228 x 205. E o Estado americano não vai mesmo colocar dinheirinho para salvar empresas falidas. É o que parece.

Crise Sistêmica?
A Crise está ai, solta pelo mundo. Os mercados estão todos em baixa. A crise é de confiabilidade. Ninguém acredita em ninguém. Empresas que estão no estopim da crise receberam boas notas. Como confiar nessas notas? A crise não é apenas americana. Ela se alastra pelo mundo como virus da gripe.

E o Brasil parece estar gripado. As ações da Sadia (que afastou seu diretor financeiro) e da Aracruz despencaram. A Bolsa de S. Paulo está 10 negativo. O dia é de cão.

No Terra Magazine de agorinha:
Carlos Lessa, ex presidente do BNDES, considera "muito grave" a rejeição ao pacote de socorro econômico do governo americano, na Câmara dos Estados Unidos. Desde a semana passada, o economista sustenta que a crise mundial afeta o Brasil.



Em entrevista a Terra Magazine, Lessa critica a "tranqüilidade" do governo brasileiro e qualifica como "um escândalo" recente comunicado da Sadia. A empresa perdeu R$ 760 milhões em aposta equivocada sobre o dólar e demitiu seu diretor-financeiro. As perdas foram atribuídas à "severidade da crise internacional e da alta volatilidade da cotação da moeda norte-americana".
- A minha surpresa, da semana passada para hoje, foi o fato de a Sadia ter especulado com derivativos e ter perdido R$ 700 milhões. E a Aracruz perdeu provavelmente mais, porque não anunciou ainda. O que eu acho espantoso é o seguinte: na verdade, os acionistas não têm defesa nenhuma. Empresas sólidas viraram jogadoras no mercado de derivativos. Isso é uma vergonha. Isso é um escândalo - assevera Carlos Lessa.
Para o economista, "a crise está colocando a nu comportamentos feios."
Leia a entrevista:
Terra Magazine - Como o senhor analisa a rejeição do pacote econômico do governo americano no Congreso?


Carlos Lessa - Certas coisas é melhor não se dizer porque é melhor perguntar pro (Henrique) Meirelles. Porque quem sempre disse que nós estávamos num horizonte de felicidade foi o dr. Meireles. E o presidente Lula sempre fez eco. Lula fez questão de dizer que está tudo muito bem, porque não queria que os empresários se desanimassem. Os empresários não são burros, os empresários se movem com dados reais. A taxa de juros subiu, o mercado internacional está um caos, nenhum empresário vai manter os projetos. Isso é o óbvio. Agora, mais isso ainda. A minha surpresa, da semana passada para hoje, foi o fato de a Sadia ter especulado com derivativos e ter perdido R$ 700 milhões. E a Aracruz perdeu provavelmente mais, porque não anunciou ainda. O que eu acho espantoso é o seguinte: na verdade, os acionistas não têm defesa nenhuma. Empresas sólidas viraram jogadoras no mercado de derivativos. Isso é uma vergonha. Isso é um escândalo. Isso já é uma coisa nacional. É realmente um escândalo. Empresas de capital aberto... E os acionistas ficaram à mercê dos jogos especulativos que eles fizeram.
Como fica a situação dos bancos?O que estou sabendo é que os bancos pequenos brasileiros estão tendo muita dificuldade de se financiar. A verdade é que os bancos pequenos acabaram se convertendo, vamos dizer assim, no varejo de empréstimos. E os bancos grandes ficaram na retaguarda. Só que, aparentemente, os bancos estão tendo dificuldade de renovar as suas próprias linhas de crédito internacionais. E estão cortando em cima dos bancos pequenos. Se for verdade isso, a crise está entrando no sistema bancário brasileiro.
Mas o que representa isso, politicamente, nos EUA? Os dois candidatos à presidência apoiaram também o plano. Qual a gravidade?Muito forte. Pelo que eu consegui perceber, há uma divergência dentro do Congresso porque eles acham que se passar esses poderes pro Paulson (secretário do Tesouro americano), ele passa a ter um poder de comando sobre a economia muito maior que o próprio Congresso. Eles querem estabelecer algum mecanismo de controle. Deve ter sido em cima do mecanismo de controle que deve ter dado a confusão. Por outro lado, existem duas alternativas: escorar os bancos; outra: escorar os americanos que estão endividados. Deve ter lá um movimento pra escorar os americanos que estão endividados. Acho que isso deve ser o que está refletindo politicamente no Congresso americano.
E a crise...A crise está colocando a nu comportamentos feios. Como o comportamento da Sadia e da Aracruz. A essa altura, eu fico olhando as outras companhias, pode ser que muitas delas estejam metidas nessa brincadeira. Isso é perigosíssimo. Não sei como a Comissão de Valores Imobiliários (CVM) permite que essa coisa aconteça. É bem verdade que a CVM não examina o que a empresa faz, examina balanços. Como é que uma empresa exportadora especula no mercado de derivativos? É uma vergonha.




Um comentário:

Anônimo disse...

Sobre maçãs: http://www.mises.org.br/Article.aspx?id=164

Uma perspectiva liberal.