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Foto: Obama, Cameron e Helle Thorning-Schmidt


terça-feira, 16 de setembro de 2008

Não Eram Maletas. Eram Sacolas.


Paulo Salazar, ex funcionário do PT e da DS, disse que não carregava maletas de dinheiro, como disse a Veja. Na verdade, eram sacolas de dinheiro.
ZH de hoje.
“Devolvia o salário integralmente”

Entrevista: Paulo Roberto Salazar da Silveira, ex-funcionário do PT na Assembléia Legislativa

Endividado com compromissos que alega terem sido assumidos em campanhas do PT, o técnico em telefonia Paulo Roberto Salazar da Silveira, 47 anos, cobra do partido o pagamento de dívidas. Enquanto não limpa o nome na praça, trabalha como táxi dog e transporta cães até clínicas veterinárias.Na tarde de ontem, Salazar conversou com Zero Hora em seu sobrado na Vila Cefer 1, na Capital. Coube ao comandante da Brigada Militar na região, major Marcelo Couto de Souza, receber a equipe. Com uma xícara de café na mão, o militar explicou o motivo da visita inesperada:– A nossa função é verificar se ele foi ameaçado de morte e se há necessidade de proteção.O ex-funcionário do PT falou por 40 minutos com ZH.A seguir, a síntese:


Zero Hora – O senhor era funcionário fantasma de quem na Assembléia Legislativa?Paulo Salazar – Nunca fui fantasma. Sempre trabalhei tanto no gabinete como no escritório da Democracia Socialista (DS, corrente do PT). Recebia pela DS e pelo gabinete de Raul Pont (deputado) entre 2003 e março de 2005, e pelo do Elvino Bohn Gass (deputado) de outubro de 1999 a novembro de 2002. Mas no gabinete de Raul e Elvino eu devolvia o salário integralmente. O valor variava porque tive vários cargos na Assembléia. Ganhei de R$ 1 mil e poucos a cerca de R$ 4 mil. Recebia um salário da DS de R$ 1.650.


ZH – Como ocorria a devolução dos vencimentos aos deputados estaduais?

Salazar – O salário entrava na minha conta na Assembléia. Eu sacava esse dinheiro e devolvia para o chefe de gabinete ou para a secretária do Raul ou do Elvino. Entregava em dinheiro vivo.


ZH – Quais as provas que o senhor tem em mãos?

Salazar – As provas serão apresentadas na Justiça.


ZH – Quem combinou a devolução de salário com o senhor?

Salazar – Comecei trabalhando no escritório da Democracia Socialista em março ou abril de 1999. Em outubro daquele ano, fui designado para atender também o gabinete de Elvino. Nesse momento, me disseram: “Tu vais receber aqui, mas terás de nos devolver esse salário”. Todos sabiam, o deputado como o chefe de gabinete ou qualquer outro assessor.


ZH – Quem teve essa conversa com o senhor?

Salazar – O nome será apresentado na Justiça.


ZH– Quais eram as suas funções na Assembléia e na DS?

Salazar – No escritório da DS, eu cuidava da parte financeira, de escritório, contratação de serviços, impressões em gráficas e tudo que era necessário para a DS e campanhas eleitorais.


ZH – O senhor era responsável por arrecadar dinheiro para campanhas eleitorais? Salazar – Em alguns momentos fui buscar valores determinados em espécie em escritórios de advocacias. O cheque de uma empresa foi depositado na minha conta.


ZH – A sua conta bancária era utilizada pelo PT?

Salazar – A minha conta e as de outras pessoas foram utilizadas. Disponibilizei todos os meus contracheques e extratos bancários para o juiz verificar. Tenho outras provas além dessas, mas deixaremos isso para outro momento.


ZH – O senhor sempre buscava o dinheiro de caixa 2?

Salazar – Busquei algumas vezes. As pessoas diziam “Tu vais em tal lugar, procura a pessoa tal que te dará um valor X”. Pegava um táxi, ia até o local ou outra pessoa me levava de carro. Eu voltava e entregava para quem havia pedido.


ZH – Como o senhor carregava o dinheiro?


Salazar – O dinheiro vinha dentro de uma sacola ou saco normal. Não andava com malas, mas com sacolas. Eram valores como R$ 100 mil, R$ 20 mil e R$ 50 mil.


ZH – Quanto o senhor transportou em dinheiro?


Salazar – R$ 250 mil em 2000. Em 2004, perto de R$ 400 mil, somando as notas que se passou.


ZH– Onde o senhor deixava a sacola de dinheiro?

Salazar– Ia para o escritório da DS ou o comitê da campanha da época. Entregava para o coordenador da campanha ou tesoureiro.


ZH – Por que o senhor aceitou desempenhar esse papel?

Salazar – As coisas são claras. Ou tu faz isso ou está fora. Eu precisava do emprego. Às vezes, tu baixas a cabeça e aceitas.


ZH – O senhor tentou cobrar dívidas de integrantes do PT?

Salazar – Foram várias reuniões com chefe de gabinete, com Carlos Pestana e com Chico Vicente. Falei com a chefe de gabinete de Maria do Rosário, que me passou para o PT municipal. Quinze dias antes de entrar com o processo, estive com meu advogado no PT. O partido disse para entrar na Justiça e cobrar de quem tivesse que cobrar.

2 comentários:

Anônimo disse...

very cool.

Anônimo disse...

what happened to the other one?