Diversidade, Liberdade e Inclusão Social

Foto: Obama, Cameron e Helle Thorning-Schmidt


quinta-feira, 25 de setembro de 2008

Os recebíveis da Vila Carrapato


Pesquei e colei do diario gauche de hoje.


O seu Biu tem um bar na Vila Carrapato, e decide que vai vender pinga “na caderneta” aos seus leais fregueses, todos bebuns, quase todos desempregados.
Porque decide vender a crédito, ele pode aumentar um pouquinho o preço da dose da branquinha (a diferença é o sobrepreço que os pinguços pagam pelo crédito).
O gerente do banco do seu Biu, um ousado administrador formado em curso de Emibiêi, decide que as cadernetas das dívidas do bar constituem, afinal, um ativo recebível, e começa a adiantar dinheiro ao estabelecimento, tendo o pindura dos pinguços como garantia.
Uns seis zécutivos de bancos, mais adiante, lastreiam os tais recebíveis do banco, e os transformam em CDB, CDO, CCD, UTI, PQP, OVNI, SOS ou qualquer outro acrônimo financeiro que ninguém sabe exatamente o que quer dizer.
Esses adicionais instrumentos financeiros, alavancam o mercado de capitais e conduzem a operações estruturadas de derivativos, na BM&F, cujo lastro inicial todo mundo desconhece (as tais cadernetas do seu Biu).
Esses derivativos estão sendo negociados como se fossem títulos sérios, com fortes garantias reais, nos mercados de 73 países.
Até que alguém descobre que os bebuns da Vila Carrapato não têm dinheiro para pagar as contas, e o bar do seu Biu vai à falência.
E toda a cadeia sifu.


Meu comentário:


Muito bom. Muito bom mesmo. Foi exatamente isso que aconteceu. Valeu a pena ter assistido ontem todo o discurso do Bush. Quem diria: os conservadores americanos injetarem 700 bi (dizem que é mais) para cobrir o rombo das hipotecas. Como eles mesmo dizem: the world goes wrong!

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