Diversidade, Liberdade e Inclusão Social

Foto: Obama, Cameron e Helle Thorning-Schmidt


terça-feira, 22 de setembro de 2009

Brasil No Meio do Furacão Hondurenho




Manifestantes tentam desviar da fumaça de bombas de gás lacrimogêneo lançadas pela polícia em Tegucigalpa. Militares hondurenhos cercaram a embaixada brasileira na capital e entraram em confronto com manifestantes.


Análise de Eliane Castanhêde na Folha de hoje:
Brasil vê escolha como sinal de prestígio regional
Além de a volta do presidente Manuel Zelaya a Honduras ter sido considerada uma manobra simples, bem planejada e eficaz, a escolha da embaixada brasileira foi saudada por Planalto e Itamaraty como demonstração da liderança e do poder moderador que o Brasil vem ocupando no continente.Havia outros destinos mais óbvios, como a embaixada mexicana, por exemplo, já que o México é um país mais próximo em vários sentidos da América Central e tem forte peso em Honduras. Mas o Brasil não só é mais equidistante politicamente entre Washington e Caracas, como é também o país em ascensão naquela área.Pelas versões de Brasília, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva não tinha a menor ideia, pelo menos até domingo, de que Zelaya estava de malas prontas para voltar e disposto a bater à porta da embaixada. Ele só soube a bordo do avião, a caminho de Nova York. E respaldou a decisão de recebê-lo.O primeiro contato com a embaixada foi feito entre uma deputada zelaysta e o encarregado de Negócios do Brasil, Francisco Catunda Resende, que é a máxima autoridade brasileira remanescente no país -o embaixador Brian Michael Fraser Neele foi chamado de volta depois do golpe que derrubou Zelaya, em 28 de junho.Meio aturdido, conforme relatos do Itamaraty, Resende telefonou para o subsecretário para a América do Sul, embaixador Ênio Cordeiro, que acionou a hierarquia até chegar ao chanceler Celso Amorim, que já estava em Nova York, e a Lula, em pleno voo.Assessores e diplomatas não descartam a possibilidade de Zelaya ter combinado toda a operação com o seu principal aliado e quase mentor Hugo Chávez, da Venezuela.Mas optar pela embaixada venezuelana poderia radicalizar ainda mais o confronto entre os dois lados. O Brasil, apesar de ter sido firmemente contra o golpe e a favor do presidente eleito desde o início, é considerado "mais neutro".Agora, o temor é sobre o que vai acontecer daqui para a frente. Ao chegar, Zelaya convocou manifestações a seu favor diante da embaixada brasileira e, se puser os pés fora do prédio, há duas opções: ou ser carregado nos ombros do povo, ou parar na cadeia. Ele está com prisão preventiva decretada.Com eleições presidenciais marcadas para 29 de novembro, o que os governos da região já discutiam era como reagir e receber o futuro governo eleito. A volta de Zelaya e a escolha da embaixada brasileira mudam tudo. Recrudesce a pressão para que ele recupere o poder, e o Brasil está no meio do furacão.

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