O presidente Lula (dir.) recebe um cartaz de um ativista do Greenpeace durante a apresentação do novo plano de exploração da camada pré-sal, em Brasília. Os manifestantes alertam para os danos ambientais que poderão ser causados pela extração de petróleo do litoral brasileiro.
Opinião da mídia estrangeira a respeito do novo marco regulatório do pré-sal. Virada nacionalista, demagogia eleitoral ou combate à pobreza? É tudo isso junto. E o assunto é fascinante. Ele está só começando, mas o governo Lula quer terminar a discussão em 90 dias.
'NYT': novas regras para o petróleo são "virada nacionalista"
O novo marco regulatório para a exploração do petróleo no Brasil, anunciado na segunda-feira pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, representa "uma virada nacionalista" para o Brasil, segundo afirma reportagem publicada nesta terça-feira pelo jornal americano The New York Times.
"O governo brasileiro propôs mudanças às leis existentes na segunda-feira para dar o papel principal no desenvolvimento das reservas-chave de petróleo em águas profundas para a gigante estatal da energia, a Petrobras, em detrimento das rivais estrangeiras", observa o diário.
"O novo marco regulatório do País representa uma virada nacionalista para o Brasil", diz a reportagem, que comenta que os campos descobertos nos últimos dois anos podem transformar o Brasil em uma grande potência mundial de energia.
A reportagem comenta que as novas regras, que ainda dependem de aprovação do Congresso, "confinariam as empresas estrangeiras a papéis mais subservientes à Petrobras e a uma nova estatal do petróleo ainda a ser criada".
Wall Street Journal - Divisão social
O jornal comenta que para superar os desafios tecnológicos para explorar os novos campos, a quilômetros de profundidade sob uma camada de rocha e sal, o País precisará de ajuda, mas "poderá não atrair a colaboração de que necessita a menos que ofereça aos parceiros termos mais lucrativos".
A reportagem do Wall Street Journal observa ainda que as ações da Petrobras "caíram na segunda-feira, em parte por causa da preocupação de que o governo terá uma participação maior na companhia".
O jornal lembra ainda que "alguns observadores questionam a suposição básica de que a extração do petróleo é certa", já que a britânica BG Group e a americana Exxon anunciaram no mês passado não terem encontrado petróleo em suas áreas de concessão, apesar de a Petrobras ter dito que a maioria de suas perfurações de teste encontraram petróleo.
El Pais - Eleições
"A pressa para aprovar um novo marco regulatório tem uma leitura dupla: por um lado, Lula não quer deixar muita margem de manobra para que a oposição faça uma sangria num projeto que já vem sendo criticado por vários grupos políticos", diz o texto.
"Em segundo lugar, também não convém ao líder brasileiro que estas discussões acabem se misturando com a campanha eleitoral prevista para o próximo ano", afirma o jornal.
A reportagem observa que Lula terá o reconhecimento político de que o Brasil está se convertendo em uma potência petrolífera de primeira ordem, mas que não gostaria de enfrentar o desgaste político diante de um eventual enfrentamento com o Congresso em plena corrida presidencial.
"Para o presidente brasileiro, a prioridade é que sua candidata, a superministra Dilma Rousseff, ganhe as eleições de 2010 para o Partido dos Trabalhadores (PT)", diz o jornal.
The Guardian - Combate à pobreza
"Ele afirmou que a nova legislação que está propondo permitirá que os lucros sejam usados para 'cuidar' da educação e da pobreza de uma vez por todas", diz a reportagem.
O Guardian comenta que a descoberta dos novos campos de petróleo a partir de novembro de 2007 levaram o Brasil a suspender os leilões de concessão de novos blocos para a exploração de petróleo "para dar ao governo uma parcela maior dos lucros".
"Lula deve criar um 'fundo social' com o objetivo de canalizar os lucros com o petróleo para iniciativas de redução da pobreza e poderia dar um controle maior dos campos de petróleo 'estratégicos' ao governo", diz a reportagem.
Segundo o jornal, "companhias estrangeiras de petróleo reagiram com nervosismo à especulação sobre a nova legislação, preocupadas de que terão um papel menor na futura exploração na região".
Financial Times
O diário econômico Financial Times observa que as incertezas sobre o novo regime, aliadas à queda no preço do petróleo, provocaram uma queda de mais de 8% nas ações da Petrobras na última semana.
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