O presidente americano Barack Obama falou ontem sobre trabalho e saúde aos trabalhadores da GM, em Lordstown, no Estado de Ohio. O líder dos EUA afirmou que a economia do país depende de recuperar a indústria automobilística.
Considero Delfim Netto um dos melhores articulistas do mundo econômico. Nunca imaginei dizer isso, mas hoje fecho com ele. Artigo do Delfim na Folha sobre a nova Agenda do presidente Obama: resolver o problema gerado pela política monetária do Fed; a questão da universalização da saúde e o respeito ao meio ambiente.
Nova agenda
O programa proposto pelo presidente Obama é sutil e complexo. Esconde uma nova agenda de inovações científico-tecnológicas-industriais, que provavelmente determinarão o desenvolvimento econômico (e social!) dos EUA e repercutirão sobre toda a economia mundial, inclusive a brasileira.
Seus três objetivos mais visíveis e de prazo mais urgentes eram:
1) A rápida solução dos problemas criados pela política monetária laxista do Fed (e de seus "parceiros") que permitiu uma expansão de crédito e terminou num desastre. Não é possível saber com certeza qual o efeito da "inundação de liquidez" e da expansão das despesas públicas (política anticíclica). Uma coisa, porém, é certa: tais medidas, somadas à capacidade de ajuste do sistema de preços relativos e ao "espírito animal" dos empresários, estão colocando em marcha a economia real. Os americanos têm a sensação de que Obama resolveu o problema dos banqueiros, não o do sistema bancário;
2) O enfrentamento do problema da saúde nos EUA. Obama já sentiu o arrefecimento do "entusiasmo" popular com a solução (que envolve um aumento dos impostos). A crença nos dois fatos: a) de que atendeu aos banqueiros à custa do contribuinte e b) propôs um programa de "saúde" sem sustentabilidade derrubaram a sua popularidade, e
3) Dar maior ênfase ao problema ambiental, totalmente desconsiderado por Bush. Do lado da oferta este programa está apenas começando, com importantes estímulos à criação de tecnologia e de subsídios para a produção de combustível líquido de origem não fóssil (de massas florestais), pela liquefação de suas imensas reservas de carvão que reduza (ou capture) a produção de CO2 e pelo aumento da eficiência de outras energias "renováveis".
Do lado da demanda há, também, um enorme programa de tecnologia e de subsídios para reduzir, na margem, a relação energia/PIB.Essa dispersão de intenções tornou mais difícil entender o objetivo final do programa de "segurança nacional" de Obama: devolver aos EUA a autonomia energética perdida na era do petróleo. Esta é a agenda que vai dominar as "inovações" da revolução científica-tecnológica-industrial que está apenas começando. Ela vai harmonizar o desenvolvimento econômico vigoroso com a independência energética dos EUA. Desenvolvimento é pouco mais do que "inovação" + "crédito". O seu bioma natural é os EUA, onde há clareza de objetivo e flexibilidade na economia. Quem não entender isso vai ficar no século 20!
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