Mulher usa fitas adesivas sobre a boca e a testa com as palavras "Honduras" e "Censura" durante manifestação de apoio ao presidente deposto, Manuel Zelaya, em Tegucigalpa. O governo interino do país publicou no sábado um decreto em que suspende durante 45 dias as liberdades de circulação e expressão, e proíbe as reuniões públicas, entre outras medidas.
Tudo errado em Honduras. O Brasil dá palanque para o Zelaya alimentar os antagonismos da crise. O governo golpista fecha rádio e tv pró Zelaya. O estado de sítio permanece. Não se pode sair às ruas na noite. O povo se divide. E se uma guerra civil acontecer diante dos ânimos insuflados pela intolerância? Como fica a situação do Brasil? Abaixo artigo de Clóvis Rossi na Folha de hoje.
Pede Para Sair, Zelaya
Se eu fosse do governo brasileiro, chamaria o capitão Nascimento, o personagem desse excelente ator que é Wagner Moura em "Tropa de Elite", para dizer "pede para sair, Zelaya". É a única solução para acabar com o esculacho na missão em Tegucigalpa.Tudo bem condenar o golpe contra Manuel Zelaya em Honduras. Tudo bem também com a concessão pela embaixada brasileira de abrigo, hospedagem ou como se queira chamar, ao presidente vítima de um golpe mal disfarçado em ato constitucional.
Mas é demais deixar que o hóspede vire dono da casa, como está demonstrado nos textos desse brilhante repórter chamado Fabiano Maisonnave. Pior ainda é deixar que Zelaya faça, de território brasileiro, convocações para a resistência, o que não viola apenas as normas que caracterizam o asilo (pode não ser tecnicamente asilo o status de Zelaya, mas equivale a ele e o seu comportamento, por extensão, também tem que ser equivalente).Viola acima de tudo a obrigação de qualquer líder político decente de proteger os seus. É covarde e indecente convocar manifestações refugiado na embaixada brasileira, sabendo que quem ouvir o chamado corre risco até de vida. Um líder político decente tampouco se cerca de ladrões -de celulares e até de toalhas-, como os que se "hospedaram" na embaixada.Aliás, gente decente não constrange os anfitriões levando uma penca de "convidados" para a casa que lhe abriu as portas.Zelaya continua sendo o presidente legítimo de Honduras, até porque não consta que a Constituição hondurenha -ou qualquer outra- inclua decência entre as qualidades para ser presidente.Mas fica a cada dia mais claro que não há no drama hondurenho, agora transformado em ópera-bufa, um só personagem que pessoas decentes gostariam de convidar para o aniversário dos filhos.
2 comentários:
O governo pisou na bola. Declarar estado de sítio seria razoável, mas é uma medida impopular que dá margem para críticas. O fechamento das emissoras pró-Zelaya é indefensável.
O governo pisou na bola. Declarar estado de sítio seria razoável, mas é uma medida impopular que dá margem para críticas. O fechamento das emissoras pró-Zelaya é indefensável.
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