Diversidade, Liberdade e Inclusão Social

Foto: Obama, Cameron e Helle Thorning-Schmidt


quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Eu Acredito em Consenso





Por que certas pessoas têm verdadeiro horror ao debate aberto e sincero?

Frequento certos Blogs da nossa esquerda, porque acredito que o debate político pode ser aprofundado. Santa ingenuidade, alguns me dizem. Juro que têm horas que eu desanimo. Quando o editor de um Blog começa a exercer o poder de censurar as vozes da crítica e da discórdia, o espaço perde completamente a credibilidade. Ele se transforma em pensamento único, em jogral, em clubinho fechado. E grande parte dos Blogs da nossa esquerda estão se fechando em torno de objetivos eleitorais, ideológicos e, para eles, estratégicos. Certos Blogs se utilizam da diversidade da Internet para pregar doutrinas, estimular o antagonismo social, a luta de classes, fazer a Dilma se eleger e criticam a Yeda para tirar votos do Serra no sul. E para que esses objetivos sejam alcançados, o grupo tem de estar fechado em torno dos mesmos ideais. Vozes divergentes não são bem vistas, porque podem prejudicar o andamento da carruagem. Li pouco o Gramsci, mas ele -- parece -- diz algo sobre isso em seus textos na prisão.

O pensamento único tem objetivos bem concretos. E qual o objetivo concreto hoje de certos Blogs da nossa esquerda? Eleger Dilma em 2.010. E quem não está de acordo ou questionar os tropeços do governo Lula não é bem-vindo. É golpista, é ignorante, reacionário, neoliberal, entreguista etc. E a boa discussão descamba para o labirinto da babaquice ideológica.

Uma pena. Eu sou daqueles que acha improvável o Brasil se evoluir econômica e socialmente sem a participação de nossa esquerda. Acredito sim em pactos sociais, governos de convergência, de consenso.

Assim ocorreu em Portugal depois da revolução dos cravos de 1974 e, também, no pacto de Moncloa numa dividida e ressentida Espanha. E movidos pelo interesse maior da comunidade européia ambos os países ibéricos formaram regimes de relativa paz social. O antagonismo deixou de ser ideológico e deu lugar às críticas políticas de gestão, administração, debates sobre políticas sociais, econômicas, estratégicas etc....

O próprio Chile, aqui ao lado, conseguiu a grande proeza de apagar as manchas de uma ditadura que matou muita gente e que foi, também, progressista no lado econômico. A "consertação" chilena é exemplo vivo de que a convergência não é apenas uma utopia. O Chile fez sua abertura política e econômica. Talvez esteja ai o segredo para tirar este país da desgraça da exclusão.



Digo isso porque acredito, apesar dos clubinhos fechados e dos jograis da babaquice, em boa vontade de setores da nossa esquerda para a construção de um Brasil melhor, mais justo, mais harmônico, num governo de consenso, coalizão e convergência. Mas quando os debatedores começam a ter suas postagens interrompidas pelos dedos do intolerância .... tudo começa a ficar complicado.

Quem não gosta de debate é quem não acredita em consenso.

O editor deste empório acredita.

3 comentários:

PoPa disse...

Caro Maia, não acredito em consenso, pois como dizia o grande Nelson, a unanimidade é burra. É exatamente isso que acho da nossa esquerda unânime. É simplesmente burra! E, para manter esta unanimidade, nada mais justo - no entender deles, claro - que a população seja emburrecida com os tais "programas sociais".

Anônimo disse...

Governo de convergência também ocorreu no início da Revolução Russa. e a convergência inicial se transformou numa das mais terriveis ditaduras que o mundo já teve. Não pode haver convergência com pessoas que tem no DNA o espírito da morte, da destruição do engodo

Carlos Eduardo da Maia disse...

Popa e anônimo, não estou falando em unanimidade. Não existe unanimidade. Impossível haver unanimidade. O que eu acredito é consenso em relação a certas pautas que é de interesse de todos como, por exemplo, a universalização e a boa qualidade da educação, da saúde, uma boa segurança pública etc. Esses assuntos estão além da ideologia, são questões técnicas que podem ser resolvidas por interesses convergentes. Também acho que a nossa esquerda é burra. Além disso, ela é condicionada a um discurso simplório e hipócrita de uma igualdade que não existe. Mas existem outras esquerdas, nos países socialmente desenvolvidos, que conseguiram avançar. Caso do PSOE espanhol na época do governo Gonzalez e do próprio Partido Socialista Chileno de Bechelet.