Diversidade, Liberdade e Inclusão Social
Foto: Obama, Cameron e Helle Thorning-Schmidt
quinta-feira, 13 de maio de 2010
Odisséias Gregas
A Grécia é governada por um partido de centro esqueda do primeiro ministro Papanderou e vai receber, por conta da crise, um pacote, enviado pelos europeus e o FMI de US$ 140 bilhões em prazo de três anos.
Para blindar a crise Grega e evitar que o contágio se expanda para outros países o FMI, Comunidade Européia aprovaram, com relutâncias garantias de empréstimo, no valor de US$ 1 trilhão que inclui compromissos de aquisição de títulos de dívida nacionais pelo Banco Central Europeu.
Mas a Grécia vai ter de fazer o dever de casa.
E que deveres são esses? Ora, exatamente aqueles chamados de "reformas neoliberais" pela nossa caduca esquerda.
Segundo Thomas Friedman, em artigo publicado no NYTimes, A mais nova odisséia da Grécia, abaixo na íntegra:
O gabinete do país já aprovou elevar a idade de aposentadoria mínima dos funcionários públicos dos 61 para 65 anos. Os salários médios do funcionalismo foram reduzidos em 20%, e as aposentadorias, em 10%. O imposto por valor adicionado subiu de 19% para 23%, e os tributos sobre combustíveis, álcool e tabaco subiram 30%.O governo quer reduzir o número de municípios de mil para 400 e o de companhias estatais de 6.000 para 2.000, para poupar dinheiro e reduzir a burocracia. Até o momento, o deficit já caiu 40% ante o de 2009.
Além disso, segundo Kenneth Maxwell, em artigo na Folha de hoje abaixo, o governo grego foi obrigado a impor, na rede pública de saúde, os medicamentos genéricos.
Chamem o FHC e o Serra para resolverem os problemas da crise grega.
A mais nova odisseia da Grécia
THOMAS FRIEDMAN
DO "NEW YORK TIMES", EM ATENAS
Por conta da crise de 2008, todos os agentes de mercado se tornaram mais avessos a riscos, e por isso eles atiram rápido", diz o primeiro-ministro de centro-esquerda, eleito em outubro para consertar a bagunça. Os agentes do mercado são "como um animal ferido, que recua ante o menor movimento. Por isso, qualquer boato pode tornar realidade as profecias desfavoráveis que contém".
Comparar os protagonistas do mercado de títulos a bestas selvagens talvez seja injusto para com as bestas, ele sugere. Esses mercados "nem mesmo são humanos, hoje. Algumas dessas coisas funcionam de forma computadorizada e operam em modo automático" ao perceber qualquer sinal de problema.
"Agora teremos uma folga", disse Papandreou, não para relaxar, mas para que o governo inicie "as profundas mudanças -a pequena revolução" na forma pela qual o país é governado, com ênfase na mudança do sistema de incentivos, de modelo que estimulava os gregos a procurar empregos públicos vitalícios a outro cujo foco será estimular a iniciativa privada.
O gabinete do país já aprovou elevar a idade de aposentadoria mínima dos funcionários públicos dos 61 para 65 anos. Os salários médios do funcionalismo foram reduzidos em 20%, e as aposentadorias, em 10%. O imposto por valor adicionado subiu de 19% para 23%, e os tributos sobre combustíveis, álcool e tabaco subiram 30%.
O governo quer reduzir o número de municípios de mil para 400 e o de companhias estatais de 6.000 para 2.000, para poupar dinheiro e reduzir a burocracia. Até o momento, o deficit já caiu 40% ante o de 2009.
Mas Papandreou, cujo carro oficial é um híbrido Prius, diz que, para sustentar essas dolorosas reformas, os gregos precisam se tornar participantes do processo. E isso só acontecerá se houver senso de "justiça" -os gregos querem ver processos contra os grandes sonegadores- e se o povo sentir que seus líderes têm visão.
"Precisamos dar um sonho a este país", para que os sacrifícios façam sentido.
"Vamos trazer as melhores práticas da Europa e do mundo para reformar o país", diz Papandreou. "É difícil, e haverá protestos, mas será um dos períodos mais criativos que a Grécia terá vivido."
Será que a Grécia é capaz de uma revolução cívica? As chances parecem precárias, mas não será necessário consultar o FMI para determinar a resposta. Basta observar os jovens. Se em seis meses eles estiverem emigrando, aposte contra a Grécia. Se os vir decidindo ficar, talvez seja hora de comprar um ou dois títulos gregos.
Resgate
KENNETH MAXWELL
OS "MERCADOS" se recuperaram depois do anúncio do imenso pacote europeu de assistência aos membros do sul do continente que vêm encontrando dificuldades.
A despeito das medidas de austeridade anunciadas pelo governo grego, dos tumultos nas ruas de Atenas e da morte de três funcionários em um banco atacado com coquetéis molotov, os membros da UE que usam o euro não haviam conseguido entrar em acordo quanto a medidas para conter a crise financeira. Os alemães, especialmente, se opunham a qualquer "resgate".
O problema básico era a crescente incapacidade da Grécia para manter o serviço de sua imensa dívida pública pagando juros de mercado. Os europeus e o FMI, sob intensa pressão, aprovaram um resgate que oferecerá US$ 140 bilhões à Grécia em prazo de três anos.
Com apoio relutante da Alemanha, os ministros das Finanças da UE, agindo com o apoio do FMI e do banco central dos Estados Unidos, aprovaram também o equivalente a quase US$ 1 trilhão em garantias de empréstimos, o que inclui um compromisso de aquisição de títulos de dívida nacionais pelo Banco Central Europeu a fim de impedir que o "contágio" se expanda e de ajudar a sustentar a situação financeira da Grécia, bem como a de Portugal e Espanha.
Vai funcionar? A Grécia assumiu o compromisso de reduzir as bonificações de Páscoa, verão e Natal de seus funcionários públicos e aposentados, vai elevar os impostos sobre combustível, tabaco e álcool, elevar a idade mínima de aposentadoria para 65 anos e impor o uso de medicamentos genéricos no sistema estatal de saúde.
Mas o "Washington Post" relata que uma avaliação interna do FMI é pessimista. O estudo aponta que o choque social ainda não se fez sentir no país em toda a sua profundidade.
Até mesmo ligeiras variações de comportamento no crescimento, inflação, medidas de austeridade e elevação de impostos farão com que a carga da dívida grega aumente, a despeito dos esforços internacionais para reduzi-la. O FMI projeta anos de queda nos salários e padrões de vida e desemprego ampliado. O quadro não é bonito.
Já diante da crescente indignação quanto ao acordo, a chanceler alemã, Angela Merkel, sofreu sério revés em eleições regionais importantes e foi forçada a abandonar seus planos de cortar impostos.
Josef Schlarmann, líder regional da União Democrata Cristã, partido de centro-direita de Merkel, acusou a chanceler de "fazer pouco para resistir ao resgate à Grécia".
Seria desnecessário dizer que os bancos continuam a ser pagos.
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2 comentários:
Pois é, com reformas dessa ordem o risco de uma guerra civil são bem reais. Se o país possui algum problema de estabilidade política, está armado o circo.
O ideal é não precisar fazer tais reformas radicais. O ideal é não adotar um modelo econômico incompatível com as capacidades do país.
6000 companhias estatais num país de m..como a Grécia?
Fruto de governos populistas esquerdofrênicos, e ainda há que diga que o culpado da crise é o neo-liberalismo.
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