Diversidade, Liberdade e Inclusão Social

Foto: Obama, Cameron e Helle Thorning-Schmidt


quinta-feira, 27 de maio de 2010

Sobre Aloprados e Parasitas


Certa esquerda tem a  mania de explicar tudo pela via da luta de classes. O mundo em movimento, em total estado de contradição e dialética. E lá pelas tantas há uma pequena insurgência -- como ocorreu na Grécia -- quando desperta o clamor de que algo novo está no ar, pois como disse Marx, na célebre frase:  tudo que é sólido se desmancha no ar.

Os grandes problemas são sempre econômicos e fiscais.  E é impressionante como essa certa esquerda tem dificuldade em navegar e entender os mecanismos, as engrenagens das ciências econômicas e financeiras. Talvez falte estudo, vivência, informação, pois as explicações e conclusões são sempre simplórias, reducionistas e genéricas. É tudo na base do chutômetro ideológico e se pegar pegou.

E o Brasil, já há vários anos, vem adotando uma politica de superavit primário, sendo que o último resultado, de abril, foi de R$ 19,7 bilhões.

E com os olhos adulterados pela religião da ideologia o diário gauche de hoje lança a seguinte notícia bombástica. Continuo meu pitaco depois.


Poupança para honrar compromissos com parasitas foi de R$ 19,7 bilhões em abril
É o famigerado "superavit primário"
O setor público economizou R$ 19,789 bilhões no mês de abril para honrar compromissos financeiros, inclusive o pagamento de juros [leia-se, parasitas], contra R$ 11,950 bilhões no mesmo período de 2009, informou hoje (27) o Banco Central (BC). Essa informação é da Agência Brasil.
O resultado primário é a diferença entre as receitas e as despesas, excluídos os juros da dívida pública. No mês passado, os gastos com juros nominais somaram R$ 14,485 bilhões, contra os R$ 12,890 bilhões registrados em abril de 2009.
Segundo relatório do BC, o aumento da arrecadação do governo federal contribuiu para o resultado.
“Destaca-se, no mês, o desempenho observado na arrecadação de tributos federais, que apresentou crescimento de 22,9%, comparativamente a abril de 2009”, diz o relatório.
Se forem incluídos os gastos com juros, tem-se o resultado nominal, que no mês foi superavitário em R$ 5,304 bilhões. Em abril de 2009, o setor público havia registrado déficit nominal de R$ 940 milhões.
De janeiro a abril, o superávit primário é de R$ 36,617 bilhões, resultado que corresponde a 3,41% do Produto Interno Bruto (PIB), soma dos bens e serviços produzidos no país. No mesmo período de 2009, o setor público o superávit primário foi de R$ 30,760 bilhões. Nos 12 meses encerrados em abril (resultado anualizado), o superávit primário corresponde a 2,17% do PIB (R$ 70,375 bilhões).
No primeiro quadrimestre, o Governo Central ( Tesouro Nacional, Banco Central e Previdência Social) contribuiu com R$ 25,453 bilhões para o superávit primário. Os governos regionais (estados e municípios) apresentaram primário de R$ 12,790 bilhões, enquanto as empresas estatais tiveram déficit primário de R$ 1,626 bilhão.
Os gastos com juros nominais ficaram em R$ 59,464 bilhões nos quatro primeiros meses deste ano, contra R$ 52,838 bilhões observados no mesmo período de 2009.
De janeiro a abril, houve deficit nominal de R$ 22,847 bilhões , contra R$ 22,078 bilhões registrados em igual período do ano passado.
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Quando há deficit, vocês podem observar, quem primeiro grita, esperneia, protesta furibundo, são alguns jornalistas da chamada área econômica. Claro, são os porta-vozes (fartamente remunerados) dos banqueiros e rentistas.
São a voz dos seus donos - os eternos parasitas deste País.

Meu pitaco:
A discussão não é tão simplista e genérica assim. É importante para o Brasil ter renda. E essa renda relacionada ao superavit é financeira, não se trata aqui valores do mercado de ações. Elas servem para remunerar  as aplicações do próprio mercado financeiro: os chamados fundos que, na verdade, são aplicações conservadoras. O dinheiro que o banco empresta ao  cidadão, ao agricultor, ao  pequeno e médio  empresário, ao consumidor é o mesmo que é arrecadado pelas aplicações nos fundos e que é guardado, via depósito compulsório, no Bacen que controla e administra tudo isso e determina o valor da taxa de juros mínimos a ser aplicada nas operações interbancárias (Selic).


E estão certos os jornalistas (remunerados ou não) que protestam contra os déficits, porque se o estado arrecada da população (sobretudo a de baixa renda que paga mais impostos) os tributos deve, da mesma forma, conter, equilibrar os gastos públicos. Isso se chama responsabilidade fiscal. A Grécia explodiu exatamente pela falta de responsabilidade fiscal e o pior, grande parte do dinheiro nem era interno, mas dos outros.

Vejam na notícia da agência brasil, o valor do déficit primário  relacionado com as estatais, 1,626 bilhão. Essa herança do atual governo um dia vai explodir.

E, ao mesmo tempo, nesse jogo de equilíbrio, deve o estado dar, sobretudo, à população de baixa renda um razoável serviço público, o que não acontece no Brasil de nossos dias. Nem hoje e nem ontem.

Recursos existem, falta organização, coragem e comprometimento.

A popularidade do nosso pop presidente está diretamente associada à política econômica imposta, controle e responsabilidade fiscal, metas de inflação, câmbio flutuante e "superavit primário".

E certa esquerda que apoia o Lula reclama exatamente do que efetivamente está dando certo em seu governo. Haja contradição.

6 comentários:

PoPa disse...

Tem uma coisa (é, Guimas, só uma) que não concordo nesta tua análise e que é uma constante em praticamente todo lugar: a que os mais pobres pagam mais impostos. A classe média paga muito mais impostos que os pobres e os ricos, pois além de pagar os impostos embutidos nos produtos e serviços, não pode contar com os serviços que estes impostos deveriam prover, como - não só, mas principalmente - saúde, educação e segurança. E, para completar, esta classe média recolhe para o inss, para sua aposentadoria, um valor mensal que é indexado pelo salário mínimo. Mas, quando se aposenta, este indicador deixa de existir...

Dureza!!! Infelizmente, não temos um sistema cubano, boliviano, equatoriano ou venezuelano por aqui. Ou, pelo menos, um iraniano. Lá é que eles vivem bem!

Mas vamos chegar lá! Tem gente trabalhando forte para isso.

Anônimo disse...

...É o que parece...uma luta...
de déficts...de superavits...de PIB...é preciso o triplo de empenho e de bom senso...para fazer esse mecanismo dar certo...
eu estou em paz com a minha guerra..
beijos
gentis
Leca

guimas disse...

"A classe média paga muito mais impostos que os pobres e os ricos"

Não é o que estudos a respeito dizem. Ali no blogroll do Maia tem um link para o blog "Falando em Justiça Fiscal". Lá eles falam disso. Os pobres pagam mais imposto sim, infelizmente.

Eu não considero a carga tributária brasileira alta. O que é muito ruim é o retorno que estes impostos nos dão. Mas tem gente que acha que serviço público é coisa de cubano, boliviano ou venezuelano.

A classe média (da qual faço parte) faria muito melhor se exigisse melhores serviços, ao invés de reclamar da cobrança de impostos.

Anônimo disse...

Quanto mais pobre mais caro, quanto mais rico mais barato!
Bons serviços para os ricos, serviço nenhum para os pobres!
Mas tudo se explica pela correta análise dos déficts e dos superavits e a influência do PIB no contexto do modelo econômico adotado.
Se explica. Mas não resolve!
A solução só com La Revolution!
Mas enquanto esperamos aceitamos um pouco de reboletion, nada contra...
Zepovo

Carlos Eduardo da Maia disse...

Pobre paga o mesmo imposto que a classe média, a diferença é que pobre tem baixa renda. E, portanto, sobra menos. E isso tem de ser modificado e como? Melhorando a qualidade do serviço público, sobretudo educação, educação e educação.

Fábio Mayer disse...

Os pobres pagam mais impostos que a classe média, sei disso, sou contador e já fiz algumas contas.

Nas a classe média despende mais por serviços que o Estado presta de modo ruim: educação dos filhos e saúde, principalmente, na tentativa de melhorar sua qualidade de vida.

E penso que isso é uma das razões pelas quais os goernos brasileiros negligenciam saúde e educação: pobre, em qualquer lugar do mundo, não tem boca para reclamar de nada, quem reclama é historicamente a classe média, mas a brasileira se cala, ela prefere pagar mais pelo que teria direito em troca dos impostos... sem contar que boa parte de nossa classe média é formada de parasitas do Estado, como comissionados que trabalham no Estado sem concurso público, por indicação política na UNião, nos estados e nos municípios, estes, jamais reclamarão de nada, senão perdem a boca!