Diversidade, Liberdade e Inclusão Social

Foto: Obama, Cameron e Helle Thorning-Schmidt


quarta-feira, 23 de junho de 2010

O Tosco Dunga e o Fascismo Democrático



Subdunguismo na rede



Entre a velha promiscuidade da CBF com a Globo e a truculência de Dunga no trato com os jornalistas, a escolha é muito simples: criticar as duas.


O monopólio do acesso à seleção, derivado da audiência e obtido durante várias Copas pela Globo, fez fermentar uma cultura bocó e nociva, na qual as fronteiras entre jornalismo verde-amarelo e negócios nem sempre foram claras. Isso, é bom destacar, a despeito da seriedade e da qualidade de muitos profissionais que atuam na emissora.


Até mesmo num assunto tão sério como o futebol, a sociedade ganha quando há pluralismo, opções de escolha, debate, divergências -enfim, imprensa independente.


Quando se volta contra profissionais da Globo, Dunga não está preocupado com o direito à informação desimpedida. Isso não existe no seu horizonte. Ele não aceita, não tolera e não perdoa a crítica. E exibe isso com um grau de franqueza que deve incomodar o espírito de compadrio & cia. que rege a CBF.


Dunga é uma figura tosca e autoritária. Naquela instrutiva entrevista que concedeu ao convocar a seleção, disse que não poderia avaliar se a ditadura brasileira foi boa ou ruim: "Só quem viveu é que pode nos dar a resposta". Não satisfeito, foi mais longe: "É a mesma coisa sobre a época da escravidão. Eu não vivi, como é que vou dizer -ah, era ruim, era bom, não sei".


Depois da história, a moral e cívica; depois da teoria, a aula prática: na sua recente coletiva, o "professor" primeiro interpelou de forma intimidatória o repórter da SporTV que havia balançado negativamente a cabeça -"algum problema?". A seguir, o insultou com palavrões em voz baixa, repetidas vezes.


Foi o que bastou para que o assunto invadisse a seara política. Na blogosfera, militantes do PT e da candidatura Dilma Rousseff transformaram o técnico em herói da resistência antiglobal. Espalhou-se na rede um subdunguismo eleitoral. Soa como um sintoma -como dizer?- de fascismo democrático.

Artigo de Fernando Barros e Silva hoje na Folha.

5 comentários:

guimas disse...

Mas essa gente é pobre de espírito demais.

Acontece qualquer coisa - e eu digo qualquer coisa mesmo - negativa em algum lugar e aparece algum "formador de opinião" com algum artigo associando o negativismo ao PT.

Aconteceu algo ruim, polêmico? Culpa do PT e dos petistas (ou petralhas, pra essa gente).

Tá faltando argumento pra essa gente, mesmo. Que pobreza.

Sobre o assunto do Dunga, repito: as enquetes na rede - a do UOL, por exemplo, dá ampla maioria de apoio ao Dunga. Se todos esses que apoiam o Dunga na rede são militantes petistas, Serra pode pendurar as chuteiras e se aposentar, que a eleição tá no papo pra Dilma.

A Globo, com esse jornalismo fajuto, está conseguindo acabar com sua própria imagem, por uma birra política sem justificativa.

Diego Corte disse...

Maia, você matou a questão: "Dunga não está preocupado com o direito à informação desimpedida. Isso não existe no seu horizonte." É isso, o resto é balela.

O que não gosto no Dunga é o seu modo nada diplomático em lidar com a coisa!


Ótimo texto Maia!

##

Pablo Vilarnovo disse...

Guimas - Porque você insiste que o imbrólio é com a Globo? O Dunga xingou o jornalismo Alex Escobar. Não foi a Globo.

O engraçado é que ainda não encontrei ninguém que defenda o Dunga... estranho isso...

guimas disse...

Olha, Pablo, pelo que li por aí, o "imbrólio" se originou na recusa de Dunga a ceder "favores exclusivos" a Globo. Depois disso, me parece que ficaram batendo cabeça até que a coisa vazou.

E se não achaste ninguém defendendo Dunga... é porque não procurou direito!

Carlos Eduardo da Maia disse...

Diego, o texto não é meu, mas do Fernando Barros e Silva da Folha. Um abraço e obrigado pela visita.

Guimas e Pablo, eu não defendo a Globo, mas também não defendo o Dunga.