Diversidade, Liberdade e Inclusão Social

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quarta-feira, 28 de maio de 2008

The Dumbest Generation - A Geração Mais Estúpida


Foi lançado a duas semanas nos EUA um polêmico livro, chamado a Geração Mais Estúpida, The Dumbest Generation de Marck Bauerlein. Ele fala sobre a geração que nasceu nas últimas três décadas. É a chamada "geração digital" que nasceu em contato com a internet e todo o tipo de informação on line.

Será mesmo que a era digital, onde o acesso de qualquer tipo de informação em qualquer lugar, a qualquer hora está embasbacando a chamada "geração digital"?

Nunca se pode generalizar, mas o assunto faz pensar. Que fatos da vida, novas tecnologias influenciam a vida de toda uma geração é inquestionável. Eu sou da geração que assistiu Tv preto e branco e que depois vibrou quando as imagens da Tv ficaram coloridas. Passava as tardes assistindo Rin Tim Tim, Jeannie é um Gênio, Perdidos nos Espaço, Tunel do Tempo, Terra de Gigantes e até mesmo uma novela triste, tristonha, que passava à tardinha: a pequena orfã. Tudo isso influenciou minha geração que agora está ingressando nas cadeiras do poder e que viveu calada o tempo da ditadura militar.


O autor do livro, Mark Bauerlein fala sobre a realidade americana. Segundo matéria da Folha de hoje: a nova geração americana praticamente não lê. "Com toda a informação disponível on-line, como nunca antes na história, eles preferem dedicar uma quantidade inacreditável de tempo a vasculhar vidas alheias e a expor as suas próprias em redes de relacionamento como o Facebook e o MySpace",."Nossa memória cultural está morrendo",


É uma opinião similar à do filósofo italiano Umberto Eco, que, em entrevista ao jornal espanhol "El País" (reproduzida no último dia 11 no caderno Mais!), afirmou que "a abundância de informações sobre o presente não permite refletir sobre o passado"."Recreações adolescentes""The Dumbest Generation" se levanta contra as "vozes pró-tecnologia" que defendem que a navegação na internet seja benéfica à cognição. "A realidade das práticas na web", escreve Bauerlein, "é só o que poderíamos esperar: expressões adolescentes e recreações adolescentes".O que ele enxerga como uma dificuldade de absorção de informações entre os jovens resultaria também da leitura não-linear que os sites estimulam. No livro, Bauerlein fundamenta tal opinião com estudos do instituto de pesquisas Nielsen, segundo os quais os usuários mais "escaneiam" com os olhos do que propriamente lêem as páginas à sua frente."Além disso, sabe-se que, na internet, quanto mais simples a linguagem, mais os leitores acessam as páginas. O que os jovens lêem na rede não lhes acrescenta nada em termos de gramática nem de capacidade de elaborar textos", diz.ReaçõesNos últimos dias, Bauerlein vem passando mais tempo que de costume em frente ao computador, para responder, um por um, aos e-mails "raivosos" que têm abarrotado a caixa de entrada do seu Outlook."Li recentemente um artigo no jornal "Boston Globe" sobre seu último livro e escrevo para lhe dizer que você é um imbecil. Você deve saber disso. Ninguém que escreva um livro inteiro baseado na idéia de que uma geração esteja se tornando idiota por causa da tecnologia pode ter noção da realidade."A experiência de ignorar os adjetivos e discutir as "questões substantivas" com os alvos de sua tese não tem surtido muito efeito. O autor aprova o debate mesmo assim. "É sinal de que os jovens se importam, de que têm valores a defender."O diálogo que a internet permite rendeu também páginas de comentários de leitores em sites como o da revista americana "Newsweek". No último fim de semana, a publicação esquentou o debate ao lembrar que os mais velhos têm o costume de lamentar a ignorância dos mais novos ao menos desde os tempos em que, na Grécia Antiga, "os admiradores de Sófocles e Ésquilo questionaram a popularidade de Aristófanes".As críticas mais freqüentes ao livro de Bauerlein citam os testes de Quociente de Inteligência. Desde o começo século 20, o QI de crianças e adolescentes aumenta a cada geração. O conceito de "estúpido" de Bauerlein, afirma a "Newsweek", não faz sentido se forem levados em conta aspectos como a habilidade de pensar criticamente e de fazer analogias."Eles [os críticos] não entenderam o ponto central da discussão", defende-se o autor, renegando o viés anacrônico do debate. "[A discussão] não é sobre as ferramentas da internet em si, mas sobre seu uso. Quando um cientista diz que a tecnologia desafia as mentes e torna as pessoas mais espertas, ele está falando do MySpace? Ele sabe que os adolescentes passam muito mais horas em redes sociais do que estudando?"Aos detratores Bauerlein costuma responder com dados oficiais, de órgãos como o Departamento de Educação americano e o Census Bureau.Em sites, em resposta aos críticos, despeja uma porção de números da realidade norte-americana, às vezes aleatoriamente: uma pesquisa de 2006 contabilizou nove horas semanais de adolescentes conectados a redes sociais; outra constatou que 55% deles dedicam menos de uma hora semanal aos estudos em casa; uma terceira dá conta de que apenas 6% dos estudantes são considerados "muito bem preparados para a escrita"...Quanto ao "estúpido" do título, esclarece Bauerlein, é pura provocação. "Eu sou professor. Sei que são discussões como essa que fazem os jovens pensarem..."

2 comentários:

Anônimo disse...

Maia,

O autor aparentemente (pelo menos no fragmento que tu reproduzes da resenha sobre o livro) desconhece a necessidade de compreender o comportamento do jovem (psicologia social) em função do contexto (história), a fim de criar um novo método pedagógico capaz de prender a atenção do estudante.

Pedagogia, técnicas de discursividade e de edição midiática (radialismo, jornalismo, cinema e TV): é mais uma readaptação à multidisciplinaridade que o método taylorista-fordista da linha de montagem alienada, bitolada e hiper-especializada precisa fazer para enxergar o espectro de uma maneira mais ampla.

Acho que isto daqui deve te dizer algo...

http://heliopaz.wordpress.com/2008/05/10/porque-a-pedagogia-tradicional-nao-funciona-na-era-digital/

[]'s,
Hélio

Carlos Eduardo da Maia disse...

Hélio, tenta sair um pouco dessa esfera materialista histórica dialética de enxergar o mundo. A explicação da humanidade com base na eterna luta entre explorados e exploradores foi para o espaço faz muito tempo. Como se houvesse uma super-estrutura monolítica que comandasse todos e tudo de acordo formada para manipular interesses e alienar corações e mentes. Será que somos e estamos todos numa manipulação dos poderosos? As novas tecnologias estão ai para todos utilizarem e essa uma novidade que está transfomando a psiquê e os corações e mentes. Este é o contexto histórico, uma nova geração que está sendo movimentada pelo modelo digital, a informação automática, a diversidade de opinião e a superficialização dos assuntos. Parece tudo muito epidérmico. Mas será mesmo que é assim. Não se pode generalizar e parece ser esse o grande problema do nosso autor. Aliás, a generalização é o grande problema da maioria dos debates hoje em dia, né não? Um abraço e saudações plurais.