Cara, eu me divirto lendo o diário gauche. Eu tinha absoluta certeza de que o gauche iria criticar a construção do Museu Iberê, realizado pelo Grupo Gerdau, por conta de incentivos fiscais... Iria dizer isso, isso e aquilo.
Batata, o gauche hoje lançou o seguinte post. Depois eu comento:
Cumprimentando com o chapéu alheio
Esse texto de Zero Hora, abre uma matéria sobre o pintor Iberê Camargo, falecido em 1994:
“Jorge Gerdau Johannpeter, 71 anos, é dos homens mais incomuns que se conhece, um dos mais respeitados do país e um dos mais invejados, líder empresarial de sucesso e projeção internacional. Comenta-se que o presidente Lula, desde o primeiro mandato, gostaria de tê-lo como ministro”.
Se o empresário Jorge Gerdau é diabético, hoje certamente passará mal com tanto açúcar. Mas e Iberê? Ora, Iberê. Quem mandou ser gauche na vida!
O negócio é usar recursos públicos para financiar um museu com nome de um "comunista" (como diziam) para satisfazer o ego narcísico da burguesia guasca. E que ainda vampirizam a obra de um artista que sempre repudiou (como classe) aqueles que interessadamente hoje o adulam.
Falando sério: o Museu Iberê Camargo de Porto Alegre, que estará aberto à visitação pública a partir de sábado, foi totalmente construído com recursos públicos.
Me explico: mais da metade dos recursos foram investidos pela estatal Petrobras, e o restante resulta de incentivos fiscais aproveitados pela iniciativa privada para investir em arte/cultura. Ou seja, o Estado faz uma renúncia fiscal com o objetivo de estimular o pseudo-mecenato de empresários como o senhor Jorge Gerdau Johannpeter, que nos olha sorrindo da capa de ZH (fac-símile), supondo que acreditemos na sua inexcedível generosidade.
Assim, se você – ilustre leitor, amável leitora – enxergar sábado em algum canto do museu uma lista de empresas privadas fazendo parte do rol de patrocinadores do projeto da construção do prédio projetado pelo arquiteto português Álvaro Siza, saiba que esses recursos de patrocínio foram impostos não-pagos e não-recolhidos pelo Tesouro federal – portanto, objeto de renúncia fiscal, repetimos – e aplicados na edificação de cada molécula do Museu Iberê Camargo – um dos maiores artistas plásticos do Brasil, nascido em Restinga Seca (RS).
Jorge Gerdau – com diabetes ou sem diabetes – hoje está pingando narcisismo glicosado e nos saudando com o chapéu de cada contribuinte deste Estado.
Impossível ver essa bola picar e não dar um chute para o espaço.
Lá vou eu:
Porto Alegre vai ganhar um grande espaço. O projeto do português Alvaro Siza é muito interessante e está localizado em região privilegiada, onde antes não havia nada. Hoje existe algo. E tem gente que tem nostalgia do nada. Se não houvesse incentivos fiscais, o nada habitaria o local da Fundação Iberê. Entre o ser e o nada, como diria Sartre, eu fico com o ser. Em outras palavras: melhor assim do que assado. Melhor dinheiro público e privado para a construção de uma interessante obra cultural que vai trazer divisas, cultura, divertimento, fazer circular capital, atrair turismo e fotografias para concursos japoneses do que ver o dinheiro público indo para o ralo das operações Detran, Mensalão, CGTEE e outras picaretagens. Qualquer grande empreendimento cultural -- vejam o Gugenheim de Bilbao feito pelo Siza, como é que foi???? -- funciona exatamente como o Museu Iberê. O resto, o resto é preconceito de quem acha que capital é sempre ruim para a tosse.
Um comentário:
Bem, este é com certeza, um dinheiro público bem aplicado. Mas há um erro no comentário do diário: a Petrobrás, apesar de empresa pública, é em essência, privada. Ou alguma grana dela vai para o bolso do povo? Bem, pelo menos esta foi...
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