Leio na Folha de S. Paulo de hoje que o chanceler Celso Amorim se encontrou com o vice-presidente eleito do Paraguai. É impressionante o poder que tem o Amorim que prometeu ao novo governo paraguaio uma espécie de Plano Marshall, tudo financiado pelo BNDES...
Uma perguntinha: quem é que vai pagar essa conta?
A portas fechadas com o chanceler Celso Amorim na última terça-feira, o vice-presidente eleito do Paraguai, Federico Franco, recebeu uma proposta de pacote de investimentos públicos no país vizinho, que vem sendo chamado pela diplomacia dos dois países de Plano Marshall brasileiro.O valor total ainda não foi fechado. O verdadeiro plano, de 1947, significou a ajuda financeira dos Estados Unidos para a reconstrução dos países aliados europeus depois da Segunda Guerra Mundial.Na versão tropical, o plano também serviria para reduzir a pressão dos paraguaios sobre a rediscussão do preço da tarifa de energia da usina binacional de Itaipu, tornando prático o discurso do governo brasileiro de auxiliar o desenvolvimento do Paraguai.Após a reunião com Amorim, Franco voltou a Assunção para discutir os temas com o presidente eleito, Fernando Lugo, que recebeu positivamente a idéia. Em contrapartida, Assunção poderia aprovar uma lei de proteção a investimentos estrangeiros, para alavancar sua economia.Segundo a Folha apurou, o plano prevê três vertentes: 1) financiamento do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) para projetos de infra-estrutura e energia; 2) investimentos da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) em cooperação agrícola; e 3) auxílio da ABDI (Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial) às empresas instaladas no Paraguai.Há ainda a possibilidade de parceria com a Petrobras para a exploração de jazidas de gás natural na região do Chaco paraguaio. Havendo ou não participação da petroleira, o BNDES financiaria um gasoduto ligando o campo ao Brasil.Ao banco de desenvolvimento também caberia financiar a instalação de fábricas processadoras de soja, que o Paraguai não possui, e usinas de álcool para transformar em energia a cana-de-açúcar plantada no país vizinho. Além disso, os paraguaios querem investimentos em rodovias para um novo corredor de escoamento via oceano Pacífico.O pacote de investimentos surgiu como alternativa no governo brasileiro após a vitória do ex-bispo Fernando Lugo nas eleições presidenciais do mês passado. Primeiro político de fora do Partido Colorado a se eleger em mais de seis décadas, Lugo bateu forte nos preços da energia gerada pela binacional Itaipu, da qual o Paraguai é sócio com 50%.O governo brasileiro até aceita discutir a questão, mas dá maior importância a levar desenvolvimento ao Paraguai, com a instalação de fábricas e geração de empregos, em vez de apenas elevar o valor que o país vizinho recebe mensalmente pela energia da usina.A referência ao Plano Marshall tem relação com a Guerra do Paraguai (1864-1870), que matou 300 mil paraguaios. Após o conflito, mencionado repetidas vezes por políticos paraguaios, o país vizinho tornou-se um dos menos desenvolvidos do Cone Sul.A idéia inicial do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do Itamaraty era negociar a instalação de uma linha de transmissão para levar mais energia de Itaipu para Assunção, mas o governo Lugo não dá prioridade ao tema. Na reunião com Amorim, Franco apresentou a idéia de uma licitação internacional para a construção de uma ponte com o Brasil exclusivamente para transporte de carga. Venceria a empresa que oferecesse o menor pedágio.A equipe de Lugo quer ainda debater com Brasil e Argentina o deslocamento das negociações de soja da Bolsa de Chicago para a nova Bovespa/ BM&F por conta da produção da commodity pelos três países.
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