Finalmente, assisti ontem em DVD o Caçador de Pipas, do romance de Khaled Hosseini. É a história de uma reparação, de um sentimento de culpa e nesse sentido o filme tem muito a ver com Desejos e Reparação. Nos dois filmes, os personagens tentam -- de acordo com seus contextos e realidades -- arrumar, reparar equívocos que ocorreram no passado. Mas o tempo que não pára, também não volta. E a história passa, o tempo se vai, as pessoas assimilam, mas o sentimento fica e a consciência pesa. Cresce e alimenta aí o desejo de reparação.
O cenário é a impressionante, árida e paupérrima Cabul, no Afeganistão, onde vivem os meninos Amir e Hassan. Antes da invasão soviética, em 1989, eles são amigos e parceiros no jogo de cortar pipas. Amir é filho de um rico senhor de etnia paschta e Hassan é da etnia hazara. Eles moram na mesma grande casa do pai de Amir. Até que um dia Hassan é violentado por três meninos paschtas e Amir assiste a cena e não faz nada. Amir rejeita Hassan e simula que seu amigo roubo seu relógio. Hassan sai da casa onde eles moram e os dois nunca mais voltam a se encontrar. Com a invasão Russa ao Afeganistão, Amir e seu pai fogem e se exilam nos EUA. Lá começam uma nova vida. Amir se torna escritor e no ano 2000 fica sabendo que Hassan e sua esposa foram mortos pelo Taleban e que deixou um filho em um orfanato de Cabul. Amir volta ao Afeganistão para acertar as contas com o passado e com o firme propósito de conseguir a guarda do filho de Hassan.
E os malvados Talebans fazem sua parte de lobo mau que pegam e assustam as criancinhas para fazer mingau. E tem gente que tem pena desses malvadinhos que foram afastados da cadeira do poder pelas tropas do império do ocidente. Pois é, gente, o império liberta. Mas o Afeganistão de hoje é um país que sequer engatinha, não consegue andar por conta própria, porque constantemente ameaçado pelos lobos maus da vida, pelos interesses da heroina da papoula e pelos desvios da geopolítica mundial. É um filme triste e que causa impacto e, portanto, faz pensar.
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