Diversidade, Liberdade e Inclusão Social

Foto: Obama, Cameron e Helle Thorning-Schmidt


quarta-feira, 27 de maio de 2009

Cachola de Titica de Galinha


Remindo disse...
Sabes apenas os títulos dos livros. Podes chamar o educador (Paulo Freire) de marxista, mas não me parece que que o diminuas com este rótulo. Com a crise do teu capitalismo, Marx está saíndo de novo das prateleiras e seus escritos sobre a ganância dos capitalistas (crise dos mercados), sobre o individamento das pessoas(crise americana) estão cada dia mais atuais.


Pois é, dizem que estão passando espanador para tirar os mofos dos livros do velho (e do novo) Marx. Já disse e repito, Marx foi um excelente crítico das nuances do capitalismo do século XIX. É fundamental para quem estuda política, economia e sociologia e até mesmo ciências sociais estudar -- e bem -- Marx. Mas Marx foi um péssimo conselheiro, um pífio vidente. Dizem que Marx acerta todas. Eu discordo deste ponto de vista. O grande erro de Marx foi não ter previsto o crescimento de uma grande massa de classe média que é dominante hoje na Europa onde Marx viveu, na América do Norte, em alguns países asiáticos e está se tornando também predominante na América Latina. Esse foi o grande erro de Marx, porque o surgimento desse fenômeno sociológico fez cair por terra a divisão da sociedade pelo dualismo simplório dos explorados e exploradores. A grande cidade moderna é reduto dessa classe média dominante que é tudo ao mesmo tempo: revolucionária e reacionária; pós modernista, modernista e conservadora; que participa e não participa. E esse fenômeno é que encanta a humanidade de hoje em dia. O mundo que estamos embutidos é complexo, difuso e diversificado e se balança entre as sucessivas crises do mercado, do capitalismo e das gripes suínas da vida. Crises essas que são alimentadas pela velocidade impressionante das novas tecnologias, sobretudo essa geringonça chamada internet. Dizem que o capitalismo está com os dias contados. Eu não acredito nessa lenda. A Folha de hoje anuncia que o investimento externo no Brasil aumentou muito em abril de 2009, porque o Brasil, por incrível que pareça, é um país com estabilidade e os juros são elevados e bons para o investidor. Que diabo de crise é essa? O mundo de hoje continua como o de ontem. Poucas mudanças estão sendo sentidas. Talvez um maior controle do Estado sobre os mercados. E acho isso fundamental, sempre concordei que a participação do Estado como indutor, controlador e fiscalizador da economia e dos mercados -- que não podem e nem devem ser absolutamente livres. E mesmo pensando assim e defendendo esse tipo de atuação, sou proclamado pelas listas e blogs de esquerda como um ilustre neoliberal. Mas convenhamos, os interlocutores que participam das listas de esquerda não tem nada muito além na cachola do que titica de galinha.

3 comentários:

ZEPOVO disse...

Generalizações são perigosas e vc sabe. A classe média é um fenomeno mui bem planejado pelo capitalismo. São os que pagam os impostos, elo de ligação entre o poder e a plebe, e o principal, os grandes consumidores de bugigangas para a economia de massa girar.
A classe média tambem é muito útil para validar o falso sentimento de que no capitalismo todos podem subir, é só ser esforçado...
O cara passa 40 anos trabalhando feito uma besta, consumindo tudo que ganha em bens inúteis e mais um pouco nos juros. Com 60 anos se aposenta com uma merreca, e se "apartou" um apartamento de 3 quartos que levou 20 anos para pagar pode festejar. Se conseguir uma casinha na praia já pode se considerar um vencedor no mundo capitalista.

Carlos Eduardo da Maia disse...

Tudo bem, Zé, mas as pessoas têm que aprender a organizar suas vidas. Gastar por gastar é bobagem. Ingressar na febre do consumir por consumir, também. Duas coisas são importantes, aumentar consideravelmente a classe média ( o que vem sendo feito no Brasil nos últimos anos, sendo mérito dos dois governos FHC e Lula) e a classe média tem que aprender a poupar, constituir renda, fazer patrimônio. Este é o caminho e a linguagem do desenvolvimento. O problema é que a nossa esquerda ainda está atrelada a conceitos antigos que dividem um mundo complexo, difuso e diversificado em apenas dois pólos, os explorados e os exploradores. Como bem disse o sociólogo português, Boaventura dos Santos, no I FSM, a boa luta hoje não é mais da exploração dos explorados, mas da inclusão social dos excluídos. E para isso temos de lutar. Vamos a essa luta.

ZEPOVO disse...

Ok, o socialismo e as esquerdas em geral precisam largar alguns penduricalhos herdados dos velhos comunistas. Não sou contra a classe média, apenas contra o comportamneto de manada.