Diversidade, Liberdade e Inclusão Social

Foto: Obama, Cameron e Helle Thorning-Schmidt


quinta-feira, 21 de maio de 2009

De Mãos Vazias



Lula e o premiê chinês Wen Jiabao. Lula propôs a ampliação de troca comercial entre os dois países, mas volta de mãos vazias de Pequim, sem ter avançado no objetivo de diversificar a pauta do comércio bilateral.

Muralha Chinesa
Editorial da Folha de hoje.




A viagem do presidente Lula à China termina como a anterior, em maio de 2004, e a do presidente Hu Jintao ao Brasil, seis meses depois: sem resultados relevantes para nosso país. O regime chinês, por seu turno, obteve várias conquistas no período, mesmo sem ter oferecido contrapartidas significativas.Lula parte de Pequim sem acordos novos para exibir. O contrato da Petrobras para exportar 150 mil barris diários de petróleo em 2009 já fora anunciado em fevereiro. A liberação para entrada do frango brasileiro na China data de 2008. Na gaveta ficaram a meta de reverter o cancelamento da compra de 45 aviões da Embraer e questão das barreiras para carnes suína e bovina.Em 2004, Lula podia dizer-se traído pelos chineses. Logo após sua visita, a China suspendeu embarques da soja brasileira, sob pretexto de contaminação. Soja e seus derivados constituem o item principal das exportações para aquele país -32% do total das vendas em 2008.Por ocasião da vinda de Hu Jintao, o Planalto, apressadamente, reconheceu a China como economia de mercado plena, sob protesto da indústria daqui, que viu assim restringida a margem para mover ações antidumping contra os chineses. A contrapartida, autorizar embarques de frango brasileiro, arrastou-se por quatro anos.A burocracia chinesa usa sem peias a alavanca que a assimetria do comércio bilateral lhe franqueia. O movimento comercial mais que quintuplicou desde 2003 e, nos dois últimos anos, se tornou superavitário para a China, com saldos de US$ 3,6 bilhões (2008) e US$ 1,9 bilhão (2007). O país asiático acaba de tomar o lugar dos EUA como principal parceiro comercial do Brasil.Do ponto de vista qualitativo, a vantagem chinesa é muito mais evidente e preocupante. Mais de três quartos do que exportamos para lá são itens básicos, como produtos agrícolas, petróleo e minérios. Mesmo entre industrializados, semimanufaturados (16%) levam vantagem sobre manufaturados (7%). Dos dez principais produtos que os chineses nos vendem, nove são equipamentos eletroeletrônicos, com muito mais valor agregado.O governo federal diagnosticou, corretamente, a necessidade de diversificar a pauta das exportações e de atrair investimentos chineses para o território nacional. O Brasil pode vender mais e melhor para a China. A fim de que isso ocorra, autoridades e empresas precisam deslanchar uma ofensiva sobre aquele mercado, com mais profissionalismo e organização do que o demonstrado até aqui.

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