Diversidade, Liberdade e Inclusão Social

Foto: Obama, Cameron e Helle Thorning-Schmidt


quarta-feira, 30 de setembro de 2009

As Obras no Brasil e o 'Jogo de Planilhas' das Empreiteiras



Lula, Chávez e Dilma no canteiro de obras da refinaria Abreu e Lima em Pernambuco, obra que foi impugnada pelo TCU.

O Mesmo Brasil de Sempre

O Tribunal de Contas da União emperrou uma série de obras do PAC por supostas irregularidades. No Brasil de ontem e também no Brasil de hoje - aquele que prometeu um país decente - as obras públicas realizadas por empreiteiras vêm gerando superfaturamentos. A própria lei de licitações permite, por exemplo, que o empreiteiro tenha o controle do projeto executivo. E quando o projeto básico -- responsabilidade da administração pública -- não é bem feito, o empreeiteiro faz o que se chama de "jogo de planilhas" e aumenta o preço e os custos dos insumos e serviços gerando uma desproporção em relação ao valor que foi licitado. E por isso aditivos contratuais são feitos para corrigir essas anomalias. E o TCU fica em cima e impugna. Não é uma, nem duas e nem três obras que foram impugnadas pelo TCU, são diversas, inclusive no Rio Grande do Sul e a que mais se encontrou irregularidades em superfaturamento é aquela usina termelétrica Abreu e Lima que o Brasil (Petrobrás) constroi em parceria com a Venezuela (PDVSA) em Pernambuco.

Toffoli Vai Ser Aprovado Pode Julgar Battisti e Fica no STF 25 Anos




Toffoli acabou de terminar a primeira parte do seu pronunciamento no Senado. A sala está cheia, inclusive com ex ministros do STF, como Sepúlveda Pertence. A manifestação de Toffoli foi bem sensata. Falou de direito constitucional, de controle de constitucionalidade, elogiou as agências de regulação criadas no governo FHC.

Ele agora está sendo sabatinado. Tem ele notório saber jurídico e conduta ilibada? O fato dele ter sido reprovado em concurso para Juiz seria empecilho para sua indicação?

Como até hoje nenhum candidato foi reprovado, acho dificil ocorrer uma reprovação da indicação de Toffoli, que vai ficar no STF nos próximos 25 anos

Sobre o julgamento de Cesare Battisti ele disse que está em tramitação no STF e não foi consultado sobre a tramitação do processo e na hipótese de ser aprovado vai analisar as questões relacionadas com impedimento e suspeição e disse que não vai atuar como advogado, mas como Juiz. Ou seja, Toffoli não nega que poderá sim participar do julgamento de Battisti.

O Estresse da Agricultura


Jô Soares e Delfim Netto, na década de 70. O humorista incorporava o ex ministro da Agricultura do governo João Figueiredo que não sabia nada sobre agricultura e dizia: meu negócio são números.


De mendicante a senhor

Delfim Netto na Folha de hoje.


A agricultura (o chamado agronegócio) é um dos setores mais competitivos da economia brasileira. Foi graças ao seu superavit comercial que o Brasil livrou-se da armadilha externa em que se encontrava. Ao longo dos últimos 15 anos a política agrícola tem sofrido altos e baixos, mas a tendência tem sido de melhoria continuada. Infelizmente, a segurança jurídica do setor tem sido frequentemente ameaçada. Os problemas fundamentais da criação de um seguro de safra e de instrumentos que permitam a defesa dos preços nos mercados futuros (e, assim, dar estabilidade de "renda") têm sofrido alguns percalços.Por outro lado, o problema da dívida, numa larga medida construído pelas "idas e vindas" do oportunismo governamental no uso político do setor, persiste e ainda não foi resolvido. O progresso da agricultura é produto de gente trabalhadora extremamente sofrida, de uma classe empresarial que acreditou no governo e viu o "ajuste" (a partir do Plano Real) fazer-se sobre o seu patrimônio. É produto também do suporte do maior instrumento de políticas públicas deste país, que é o Banco do Brasil, e dos investimentos acumulados desde o início dos anos 70 na Embrapa.O agronegócio tem sido mais recentemente estressado: 1º) pela centralização das decisões da política ambiental; 2º) pelo estímulo que se dá às organizações não-governamentais (que recebem subsídios escondidos dos governos brasileiro e estrangeiros), que perturbam os mecanismos da própria reforma agrária; e 3º) pela construção de duvidosíssimos "índices de produtividade". Ninguém pode ser contra a política de preservar (e melhorar!) o meio ambiente, mas ninguém pode ignorar que é impossível uma política "centralizada" para um país de 8,5 milhões de quilômetros quadrados e dominado por vários biomas. Ninguém defende a extinção das ONGs, mas não se pode admitir que o "não-governamental" se sustente, direta ou indiretamente, de "governos" (nacional ou estrangeiros). Ninguém pode ser contra o estabelecimento de "índices mínimos de produtividade", mas não se pode ignorar a imprecisão do conceito e o risco de seu uso político.A introdução do instituto da reeleição sem desincompatibilização, num país onde não existe controle social, está construindo um sistema onde todo o poder de eleger a Câmara e o Senado caminha para os grupos locais que controlam os prefeitos. Um dia isso será entendido. Quando isso acontecer eles não irão a Brasília como mendicantes perante o Poder Executivo. Eles irão para promover reformas constitucionais para tomar-lhe o poder...

Gil Continua Prolixo




Ele Disse Tudo, Mas Não Disse Nada



Entrevista do Gilberto Gil para o Terra Magazine:

Terra Magazine - Como você avalia a posição brasileira na crise política de Honduras?
Gilberto Gil - É a consequência natural do crescimento da influência brasileira. É tambem consequência de uma nova orientação da política norte-americana, que quer distribuir protagonismos para parceiros mais ampliados na América Latina, no mundo. Enfim, é uma consequência, é uma resposta na prática daquilo que o Obama disse quando apontou: "Esse (Lula) é o cara".

E o que pensa dos que veem isso como uma melagalomania da política externa do Brasil?
Gilberto Gil - Cada um vê como quer o fenômeno. Você perguntou a mim o que eu acho. Outras pessoas vão achar outras coisas.

terça-feira, 29 de setembro de 2009

Conta Outra, Amorim




"O retorno do presidente Zelaya a Honduras antes de um acordo foi irresponsável e tolo". "Os que facilitaram sua volta nas atuais condições têm responsabilidade especial de prevenir a violência e zelar pelo bem-estar do povo hondurenho"
Nota divulgada ontem pela OEA

Irresponsável e Tolo

Foi tenso o diálogo entre EUA e Brasil na reunião extraordinária da OEA, em Washington, convocada para discutir a crise em Honduras. Não houve consenso na hora da elaboração do texto da reunião, sobretudo em relação ao presidente deposto Manuel Zelaya e, portanto, foi divulgado apenas um documento assinado pelo presidente do Conselho, Pedro Oyarce, e pelo secretário-geral, José Miguel Insulza que diz exatametne aquilo que está ali em cima. E mais ainda o que segue:

"Em várias ocasiões, pedimos ao presidente Zelaya que não voltasse a Honduras antes de que um acordo político fosse atingido", disse Amselem. "Estávamos preocupados precisamente com os distúrbios que estão acontecendo agora. Tendo escolhido, com ajuda externa, retornar em seus próprios termos, ele e aqueles que facilitaram seu retorno são particularmente responsáveis pelas ações de seus seguidores."

Além de tudo isso, há suspeita nos meios diplomáticos de que o Brasil sabia de antemão dos planos do deposto. (As informações são da Folha).

Hoje o Ministro Celso Amorim desementiu que soubesse dessa estratégia de Zelaya voltar a Honduras. Ele disse que ficou sabendo do pedido de Zelaya meia hora antes dele chegar à embaixada brasileira, conforme informações do terra.

Ora, tudo isso não fecha. Primeiro, Chávez é o pivô do golpe. Zelaya foi deposto por causa de sua aproximação com Chávez. Ficaria muito estranho ele pedir pouso na embaixada venezuleana, boliviana ou equatorenha. O plano estratégico idealizado por Chávez, Zelaya e Amorim (será que Lula continua não sabendo de nada?) foi no sentido de que a melhor estratégia é se abrigar num país "mais neutro" como o Brasil. Além disso, ninguém entra clandestino em um país sem saber o destino, onde ficar, sem ter um "porto seguro".

Zelaya tomou um avião emprestado por Chávez e na fronteira ingressou num automóvel e fez uma grande aventura até chegar onde ele queria chegar: a embaixada brasileira em Tegucigalpa. E agora vem o Amorim dizer que ficou sabendo da pretensão de Zelaya meia hora antes dele chegar na embaixada! Sinto muito, Amorim, mas essa alegação não fecha!

É claro, é evidente, é cristalino que o Amorim e o Lula sabiam muito bem dos planos idealizados por Chávez e Zelaya. O governo brasileiro é co-partícipe desse plano. É questão de lógica. O Brasil não foi escolhido na sorte, foi escolhido porque é um país menos agressivo diplomaticamente do que a Venezuela. E agora está colhendo os frutos de ser um títere de um bufão chamado Hugo.

O Que Aparece e o Que Não Aparece Nos Jornais



Esta foto - que pesquei do excelente foto terra 24 horas -- foi tirada no domingo, 27 de setembro em Caracas na Venezuela.

São estudantes fazendo manifestações. Mas bah, os estudantes sempre fazem manifestações!

Sim, of course, mas existe aqui uma peculiaridade: geralmente os estudantes latino americanos protestam contra governos de direita ou de centro.
Mas neste caso, o protesto é contra o governo Chávez na Venezuela.
Santa contradição, Batman.


Caramba, mas por quê, afinal, esses valentes universitários protestam contra um governo que se diz de esquerda?
Ora bolas, eles pedem a liberdade do estudante Julio Cesar Rivas, de apenas 22 anos, ocorrida em 7 de setembro último, por protestar contra a perda das liberdades individuais na República Bolivariana da Venezuela e seu grande delito é integrar a oposição a Chávez, tornando-se assim o mais jovem preso político da Venezuela.



Enquanto a manifestação contra Chávez ocorre, em outro ponto da Venezuela, os presidentes Chávez e Lula conversam ensaiando as últimas movimentações do caso Zelaya em Honduras.

Charges dos Nossos Dias


Angeli


Iotti





Tudo Errado em Honduras


Mulher usa fitas adesivas sobre a boca e a testa com as palavras "Honduras" e "Censura" durante manifestação de apoio ao presidente deposto, Manuel Zelaya, em Tegucigalpa. O governo interino do país publicou no sábado um decreto em que suspende durante 45 dias as liberdades de circulação e expressão, e proíbe as reuniões públicas, entre outras medidas.

Tudo errado em Honduras. O Brasil dá palanque para o Zelaya alimentar os antagonismos da crise. O governo golpista fecha rádio e tv pró Zelaya. O estado de sítio permanece. Não se pode sair às ruas na noite. O povo se divide. E se uma guerra civil acontecer diante dos ânimos insuflados pela intolerância? Como fica a situação do Brasil? Abaixo artigo de Clóvis Rossi na Folha de hoje.



Pede Para Sair, Zelaya



Se eu fosse do governo brasileiro, chamaria o capitão Nascimento, o personagem desse excelente ator que é Wagner Moura em "Tropa de Elite", para dizer "pede para sair, Zelaya". É a única solução para acabar com o esculacho na missão em Tegucigalpa.Tudo bem condenar o golpe contra Manuel Zelaya em Honduras. Tudo bem também com a concessão pela embaixada brasileira de abrigo, hospedagem ou como se queira chamar, ao presidente vítima de um golpe mal disfarçado em ato constitucional.


Mas é demais deixar que o hóspede vire dono da casa, como está demonstrado nos textos desse brilhante repórter chamado Fabiano Maisonnave. Pior ainda é deixar que Zelaya faça, de território brasileiro, convocações para a resistência, o que não viola apenas as normas que caracterizam o asilo (pode não ser tecnicamente asilo o status de Zelaya, mas equivale a ele e o seu comportamento, por extensão, também tem que ser equivalente).Viola acima de tudo a obrigação de qualquer líder político decente de proteger os seus. É covarde e indecente convocar manifestações refugiado na embaixada brasileira, sabendo que quem ouvir o chamado corre risco até de vida. Um líder político decente tampouco se cerca de ladrões -de celulares e até de toalhas-, como os que se "hospedaram" na embaixada.Aliás, gente decente não constrange os anfitriões levando uma penca de "convidados" para a casa que lhe abriu as portas.Zelaya continua sendo o presidente legítimo de Honduras, até porque não consta que a Constituição hondurenha -ou qualquer outra- inclua decência entre as qualidades para ser presidente.Mas fica a cada dia mais claro que não há no drama hondurenho, agora transformado em ópera-bufa, um só personagem que pessoas decentes gostariam de convidar para o aniversário dos filhos.

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Quando o Michael Moore tem Razão



Os filmes de Michael Moore deve ser vistos com alguma reserva. Deixando o preconceito de lado, temos de admitir: o cara é bom documentarista. O cabra sabe fazer documentário. Tem perspicácia, humor e adora construir situações bizarras. Claro, ele manipula, inventa, exagera e por isso o cuidado.

O presidente Obama está tentando fazer o que Bill Clintou não conseguiu: tornar a saúde pública universal. Como pode o povo de um país como os EUA não ter o sagrado a um direito básico da cidadania que é a universalização da saúde? Uma situação completamente desproporcional e absurda.

Por isso -- para entender sobre o tema -- vale a pena assistir ao filme Sicko, S.O.S. Saúde de Michael Moore.

Quando custa um tratamento para um câncer? Quando custa um tratamento para doença cardíaca?

Muitos americanos estão indo à bancarrota ou para a morte porque não têm dinheiro para custear certos tratamentos.

O Estado americano lava as mãos e deixa o mercado se auto regular e não dá condições aos cidadãos de terem acesso a uma saúde pública e universal, como ocorre nos países europeus. E o pior, quem defende esse tipo de idéia -- pitoresca -- é taxado de socialista ou comunista.

A proposta de universalização do serviço público de saúde não tem nada a ver com ideologia. É do interesse de todos. Mas nos EUA o que vale é o "cada um por si, porque pagamos os impostos". Cabe ao Obama modificar essa perversa lógica. Eu acredito.

O Brasil "Ativista"



Protagonismos sem critérios

O Brasil resolveu ser, no governo Lula, ativista nas questões externas. Por tradição a diplomacia brasileira sempre foi tímida. Estamos mudando. É evidente, é lógico, é claro que o Zelaya não foi parar na embaixada brasileira em Honduras por acaso. Houve toda uma estratégia organizada por Chávez para que tudo isso ocorresse. E o fim de semana foi de reuniões e complicações. Em isla Margarita o anfitrião Chávez fez o que mais gosta: na frente dos holofotes e dos microfones discursou para os complicados convidados, entre eles o excêntrico ditador líbio Kadafi. Neste panorama, o Lula resolveu convidar novamente o Ahmadinejad para visitar o Brasil. Tudo bem, questão de opção. Se o Brasil quer ser protagonista das questões mundiais que seja, mas que tenha também critérios. Está todo mundo protestando contra as experiências que o Irã vem fazendo com o urânio e o Brasil se cala, não diz nada, convida o Ahmadinejad para dar uma circuladinha no país. Somos duros contra o golpe em Honduras, mas somos excessivamente tolerantes com certos movimentos que ocorrem por ai. O Chávez disse ontem que a Dilma vai ser a próxima presidente do Brasil. Questão de opção. O Brasil está sendo ativista, mas quem está impondo a agenda brasileira do ativismo, por enquanto, é o Sr. Hugo.

O Grito dos Produtores


Insensatez dos índices oficiais de produtividade

O produtor rural é o responsável por abastecer com alimento barato a mesa dos cidadãos brasileiros e levar nossos produtos (alimentos, fibras, energia) a mais de 150 países, esforço que já garantiu à nação aproximadamente US$ 200 bilhões em reservas cambiais.Além de sustentar as exportações, o produtor é o protagonista do agronegócio (que é um só, seja ele familiar ou empresarial), setor que impulsiona o PIB e multiplica empregos. Se a agricultura vai bem, a indústria produz e o comércio limpa a prateleira. Caso contrário...Para cumprir essa missão, o produtor sente a cada dia o aumento dos custos e o achatamento de margens. Para manter-se competitivo e produzir com sustentabilidade, ele tem que incessantemente investir em tecnologia, gestão, certificação relacionada à segurança, qualidade e respeito socioambiental de produtos e processos a fim de atender às exigências dos mercados doméstico e internacional. Tudo isso custa -e muito.Entretanto, ao propor reajustar os índices de produtividade da agropecuária, o governo parece ignorar essa realidade e pega de surpresa um dos setores mais eficientes da economia.Já pressionado pela ausência de uma política agrícola consistente, que carece urgentemente de um maciço seguro rural, e por arrastados investimentos em infraestrutura logística, o setor rural é, agora, mais uma vez golpeado diante da ameaça de revisão dos índices, medida que não dá chance de defesa ao produtor.Com esse gesto, o governo deu um claro exemplo de que, em alguns assuntos, ainda vive do passado.Primeiro, porque fez o anúncio logo após manifestações do MST, o que não nos faz pensar outra coisa: o governo pautou seu trabalho por um grupo que nem sequer existe juridicamente, para não arcar com possíveis processos, e que se camufla de social, sendo, na verdade, de atividade política anarquista.Segundo, ao levar adiante a questão, o governo ainda encampa a ideia de que a agropecuária usa terra como reserva de valor. Em um mundo globalizado, em que o agronegócio brasileiro é um dos líderes, quem for perdulário não está tendo uma atitude egoísta, está sendo burro.Como inteligentemente disse o ex-ministro Roberto Rodrigues, o mercado desapropria quem é improdutivo. Não é preciso uma lei.O índice tinha razão de ser em décadas passadas, quando o Brasil tinha moeda fraca e vivia o pesadelo da inflação. Naquela época, tinha-se a terra como poupança, patrimônio, muitas vezes sem usá-la. A realidade mudou.A Constituição Federal define que a propriedade rural deve alcançar determinada eficiência na produção para evitar a desapropriação, ou seja, cumprir a chamada função social da terra (artigo 186). Porém, veda expressamente a desapropriação de propriedades produtivas para fins de reforma agrária (artigo 185).A existência de indicadores de produção para agropecuária é uma insensatez. Comércio, indústria e serviços não têm índices, baseados em lei, a cumprir. Nesses casos, o livre mercado trata de regular produção e produtividade, atrelando o desempenho à conjuntura de preços e custos.O produtor rural é influenciado pelo cenário econômico. Um frigorífico ou uma usina de açúcar e álcool que, eventualmente, são obrigados a reduzir a atividade se tornam uma porta fechada para o produtor. Mesmo assim, ele terá que continuar produzindo só para atender a um indicador de produtividade, correndo o risco de não ter para quem vender e, assim, amargar prejuízo? Situação complicadíssima que vem ocorrendo em razão do recuo de demanda e preços por causa da crise internacional.No Brasil, ainda se tem a concepção romântica de que um pedaço de terra resolve o problema. A terra é um pequeno componente da produção. Sozinha, não serve para nada.Eficiente, o agronegócio gera emprego e renda, produz comida segura e barata, impulsiona as exportações, garantindo bilhões de dólares em reservas cambiais, num processo contínuo de transferência de benefícios socioeconômicos à sociedade brasileira. É esse resultado que o governo quer dilapidar?Somos contra o conceito dos índices de produtividade. Obrigar uma empresa, no caso, uma fazenda, a produzir sem as adequadas condições econômicas leva à falência, com a destruição da estrutura produtiva e dos empregos.Será que uma reforma agrária distributivista é a única forma que o governo imagina para o acesso à terra? Para as cidades, temos programas de financiamento, como o "Minha Casa, Minha Vida". Por que não tentar algo similar para o campo?O debate sobre o tema deve ser feito sem viés ideológico.


Artigo de Cesário Ramalho da Silva, na Folha de hoje, presidente da Sociedade Rural Brasileira (SRB).

60 Anos de Comunismo ou Capitalismo de Estado?


Exército Chinês posa de foice e martelo para as comemorações dos 60 anos do "comunismo".

Ofensiva de imagem


Artigo do jornalista Vaguinaldo Marinheiro - Caderno Mais! Folha de ontem -- sobre a China que está fazendo uma grande celebração pelos 60 anos da República Popular.


A China não é uma superpotência e não agirá como superpotência. É apenas um país em desenvolvimento que tem muitas questões internas a resolver -como a crescente desigualdade social e enormes problemas ambientais- antes de pensar em dominar o mundo.Essas frases são uma espécie de mantra repetido por vários dirigentes chineses, de pequenos funcionários provinciais a membros do Comitê Central do Partido Comunista chinês, que governa o país.É talvez a principal mensagem que a China quer passar ao mundo nos 60 anos da revolução feita por Mao Tse-tung, em 1949, que unificou o país.A China teme a consolidação de um sentimento anti-China, a exemplo do antiamericanismo, que trouxe e traz tantos problemas aos EUA."Quando não tínhamos crescimento, diziam que éramos débeis. Agora que crescemos, dizem que somos uma ameaça para o mundo", afirma Xu Ying, vice-diretor do Gabinete de Comunicação do Conselho de Estado da China.Xu diz que a China tem também razões históricas para não se portar como superpotência. Lembra que o país sofreu muito nas mãos de impérios (Japão e Reino Unido, principalmente) que invadiram o seu território e exploraram o seu povo.Mas o discurso dos dirigentes é contrariado pela prática porque a China apresenta vários cacoetes de uma potência.Se não utiliza força militar, apesar de fazer investimentos nessa área, planeja como ninguém avanços no "soft power", principalmente através dos meios de comunicação.O governo quer divulgar a imagem de "boa moça" da China e, para isso, prepara uma rede mundial de notícias, como a CNN ou a Al Jazeera.Já a Rádio China Internacional transmite hoje para todo o mundo programas em 38 línguas e outros 5 dialetos. Possui também 53 websites em línguas estrangeiras.Um programa chamado "Aula de Confucionismo Radiofônico", para ensinar mandarim, está se expandindo pelo globo.O governo também busca uma propaganda positiva do país por meio de jornalistas ocidentais que convida quase todas as semanas para conhecer os avanços do novo "Eldorado do mundo".No início deste mês, foi a vez de dez jornalistas latino-americanos. No roteiro da viagem estavam as óbvias e prósperas Pequim, Nanquim e Xangai, com seus megashoppings, jovens ocidentalizados e carros de luxo por todo lado. Mas também foi incluída a província de Guizhou, ao sul, a região menos desenvolvida da China, segundo os dados oficiais.Guizhou é um exemplo escancarado da desigualdade chinesa. Na avenida principal de sua capital, Guiyang, muitos Audis e lojas de grifes ocidentais, como Versace e Cartier; nas vias perpendiculares, muita sujeira e milhares de pessoas comendo nas ruas espetinhos de animais que ficam expostos crus sem refrigeração. Parece que há dois mundos. Ou duas épocas, a velha e a nova China.Também em Guizhou é possível encontrar trabalhadores que recebem 180 yuans por mês, menos de R$ 54.Os chineses reconhecem o problema da desigualdade econômica, mas acreditam que há um remédio melhor para ela que o assistencialismo.Creem que os ricos servirão de exemplo para que os demais se esforcem para subir na vida.Além disso, recorrem a Deng Xiaoping, artífice da abertura econômica a partir de 1978, que incentivava as pessoas a enriquecer, porque, dizia, não há socialismo sem riqueza.Em um outro claro exercício de propaganda, a comitiva de jornalistas é levada a conhecer uma "feliz" comunidade miao, uma das mais de 50 minorias étnicas da China, e condomínios onde "felizes" camponeses desalojados de suas terras por obras de infraestrutura vivem em apartamentos de 160 metros quadrados.
Minorias descontentes, como uigures e tibetanos, não devem nem sequer ser mencionadas. Se os jornalistas insistem numa pergunta, a resposta vem um pouco torcida: temos várias ações afirmativas para as minorias, que têm permissão para ter mais de um filho (para os han, a maioria, continua valendo a política do filho único) e bônus para entrar em universidades e para obter promoções no emprego.CondiçõesHá outras duas mensagens que emergem dos discursos dos dirigentes chineses além dessa propagação da imagem de uma China do bem.A primeira é mais do que uma mensagem, é um aviso. Afirmam: não somos bobos e os tempos do vale-tudo acabaram.Dizem que a China ainda quer investimentos do mundo, mas com condições; que hoje o país rejeita empresas muito poluidoras e que não vai tolerar corrupção.O episódio dos funcionários da mineradora anglo-australiana Rio Tinto, detidos em junho sob acusação de subornar funcionários públicos, é usado para ilustrar essa nova era.Também nesse ponto, os meios de comunicação locais (todos de propriedade do Estado) exercem um papel importante: casos de corrupção são agora manchete e há campanhas para incentivar as pessoas a denunciá-los.A segunda mensagem é uma advertência e aparece de forma mais subliminar que direta nos discursos e respostas dos dirigentes, que sempre apelam para uma linguagem diplomática de frases pouco incisivas.Traduzindo tudo, o que querem dizer é: parem de nos encher o saco; não venham nos dar lições; precisamos ser respeitados; salvamos o mundo de sua pior crise econômica; temos um quinto da população mundial e uma responsabilidade enorme com esse planeta; suas receitas de democracia e liberdade de imprensa não servem para nós neste momento.Como se gabam de ter criado um socialismo com características chinesas (ou um capitalismo de Estado, como preferem alguns), os chineses defendem também ter um modelo próprio, e adequado, para a relação Estado-cidadão."O mundo é diversificado e os países podem se desenvolver de formas também distintas", afirma o vice-diretor do Gabinete de Comunicação do Conselho de Estado da China, antes de sugerir o sexto "campei" da noite no jantar de despedida com os jornalistas."Campei" é uma espécie de brinde em que você deve esvaziar o copo, no caso, cheio de Moutai, um licor forte e muito tradicional no país.Após uma visita à China, não restam dúvidas de que o mundo é diversificado. Quanto a avaliar qual modelo é o mais adequado para 1,3 bilhão de chineses... Talvez só sendo um deles para responder.


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sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Eu lá sei o que é isso?




Não sei se fiz certo, mas resolvi me aventurar pelos lados do twitter. Fiz a inscrição no site: http://www.twitter.com/ . Não sei bem o que é twitter. Deve ser alguma coisa parecida com Blog. Dizem que é um mini Blog. Sei lá. Vamos ver. Quem sabe?

Resvalando na Diplomacia


Apoiadores do presidente em exercício Roberto Micheletti seguram faixa durante um protesto a favor de seu governo, em frente ao escritório da ONU, em Tegucigalpa. Nesta semana, um seguidor do líder hondurenho deposto Manuel Zelaya foi morto em confronto com a polícia. Partidários ficaram feridos e vários foram detidos.

Artigo de Jorge Zaverucha na Folha de hoje.

A derrapagem brasileira em Honduras

O Itamaraty acelerou demais e derrapou na curva da diplomacia internacional. Difícil acreditar que nossa diplomacia tenha sido capaz de cometer tantos erros em tão pouco tempo.Transformar a remoção de Manuel Zelaya em um golpe de direita contra a esquerda é simplificar o ocorrido. O acontecido é muito mais complexo, e há brechas legais passíveis de serem exploradas por qualquer um dos lados para justificar suas posições.Curiosamente, Zelaya é patrocinado por Hugo Chávez, que, por duas vezes, tentou golpear o governo constitucional da Venezuela. E agora reclama de golpe contra seu aliado, que nada tem de socialista. Mas que gosta de permanecer no poder.Por outro lado, o governo de fato hondurenho alega que Zelaya violou a Constituição do país. Contudo, ao expulsá-lo do país à ponta de baionetas, sem o devido processo legal, o governo violou o artigo 102 da própria Constituição de Honduras: "Nenhum hondurenho poderá ser expatriado nem entregue pelas autoridades para um Estado estrangeiro".Portanto, não estamos assistindo a uma disputa entre democratas, mas, simplesmente, a uma contenda entre autoritários de esquerda e de direita que se fantasiam com vestes pseudoconstitucionais.O Brasil vinha se posicionando a favor da volta de Zelaya ao poder. Contudo, não enfatizava que ele era parte importante do projeto de poder bolivariano. Sua volta a Honduras foi patrocinada por Hugo Chávez, o arquiteto desse imbróglio.Dados o prestígio internacional do Brasil na região e a "neutralidade positiva" em relação a sua pessoa, Zelaya fez uma jogada esperta e audaciosa. E o Itamaraty acabou derrapando no projeto bolivariano.Às vésperas da eleição presidencial e do término do governo provisório hondurenho, Zelaya resolveu agir. As negociações lideradas por Óscar Arias estavam empacadas. A OEA, sem força militar para impor uma decisão, também nada resolvia. O tempo trabalhava contra Zelaya. Então, ele arriscou tudo, pois nada tinha a perder.Em manobra ousada, conseguiu usar a embaixada brasileira como escudo para avançar seus interesses.Por que o Brasil permitiu que Zelaya entrasse na embaixada sem ser na qualidade de asilado político? Se já é difícil explicar juridicamente a situação de Zelaya, o que dizer das dezenas de membros de sua comitiva? Quem são eles? Quantos são? Quais são os direitos deles que estão em risco?O governo brasileiro, que tanto criticou a ilegalidade da remoção de Zelaya, está contribuindo para violar claramente leis internacionais. Em nenhum momento a Convenção de Viena sobre Relações Diplomáticas, de 1961, estipula ser uma das funções de missão diplomática dar "abrigo humanitário" a quem está fora do Estado acreditado (artigo 3º).Não importa discutir se Zelaya é vítima ou vilão, mas respeitar regras institucionais aceitas internacionalmente. Ignorando-as, como pode o Brasil reivindicar um assento no Conselho de Segurança da ONU? A embaixada brasileira deveria receber Zelaya na qualidade de asilado.Mas é isso exatamente o que Zelaya não quer, pois implicaria sua saída de Honduras.O que Zelaya ambiciona é ficar em território hondurenho protegido pelos privilégios e pelas imunidades dos diplomatas brasileiros. Seu objetivo é transformar a Embaixada do Brasil em escritório político e lá ficar o máximo possível. Por quanto tempo? Isso interessa ao Brasil?O peruano Haya de la Torre ficou na embaixada colombiana em Lima, entre 1949 e 1954, só que como asilado político. Portanto, a comparação não procede.A ação de Zelaya é um meio para obter seu fim. Mas que o governo brasileiro dê guarida aos seus atos é outra história. E mais: de dentro da embaixada, Zelaya passou a fazer comício contra o atual governo hondurenho e disparou ligações telefônicas para seus aliados. Ou seja, está imiscuindo-se em assuntos internos de Honduras, e isso não tem respaldo no direito internacional (vide artigo 41 da Convenção de Viena). Nova derrapagem do Itamaraty.O estrago diplomático já foi feito.Está na hora de o Brasil rever seu comportamento. O Congresso Nacional precisa discutir realisticamente o ocorrido. O assunto é muito sério para deixá-lo apenas nas mãos do Poder Executivo.


JORGE ZAVERUCHA , doutor em ciência política pela Universidade de Chicago (EUA), é coordenador do Núcleo de Estudos de Instituições Coercitivas e da Criminalidade da Universidade Federal de Pernambuco. É autor de "FHC, Forças Armadas e Polícia: Entre o Autoritarismo e a Democracia", entre outras obras.

Chega de Passar a Mão por Cima de Tudo


A corajosa professora Maria Denise

Numa escola pública de Viamão, RS, um grupo de professores, alunos e pais de alunos resolveu fazer um mutirão para pintar a escola em um fim de semana. Quando a tinta estava secando um aluno de 16 anos começou a pixar o banheiro da escola. E a professora Maria Denise fez o sujeitinho pintar a sujeira. E foi atacada pela patrulha politicamente correta que atrasa este país....

Este Blog homenageia essa grande professora pela coragem que teve. Alguém tem de dar limites.

Muito bom o artigo publicado pelo Professor Régis Gonzaga (meu professor do cursinho Mauá em Porto Alegre) sobre o assunto na ZH de hoje.

Basta à Indisciplina

A professora Maria Denise, que nada tem do que se envergonhar, declarou ter agido com raiva no episódio da pichação da escola em que trabalha, em Viamão. Essa mesma raiva tem de tomar conta de todos nós. Chega de passar a mão por cima de tudo. Chega de morar em uma cidade imunda, suja, em que todos os prédios estão pichados, e ninguém faz absolutamente nada. Está na hora de dar um basta, mas não o basta da professora tão somente, um basta de toda a sociedade.
Espero que essa pichação signifique a retomada de um novo debate. Que tipo de sociedade nós queremos para os nossos filhos? Que tipo de sociedade nós estamos deixando para os nossos netos? O nosso papel como educadores é dizer: “olha, chegou. Vai haver repercussão, algumas pessoas são contra.” Houve quem dissesse que a atitude da professora não educa. Essas pessoas deveriam conviver com jovens, como nós fazemos diariamente, e ver como alguns adolescentes que agem corretamente se queixam. Alguém tem de dar limites, alguém tem de dizer chega.Estes jovens estão pedindo: “olhem pra mim”Nós vivemos em um mundo em que há um animal em extinção, e não poderia. O adulto.
pais que agem como colegas de seus filhos. Estou cansado de ir a festas em que os pais compram vodca com energético para os filhos de 12, 13 anos. Cansado de ver pais reclamarem do professor do filho porque ele aplicou uma prova um pouquinho mais difícil. Hoje, os bons alunos, mesmo os com uma estrutura familiar razoável, têm vergonha de dizer que estudam. Quantas e quantas vezes eu presenciei o diálogo entre dois meninos:– E aí, Fulano. Estudou para a prova?– Não, não estudei.– Pô, mas eu liguei para a tua casa, a tua mãe disse que tu estava estudando.– Não, não, estava vendo o jogo. Estava enganando a velha.Vergonha de dizer que tinha estudado, porque é feio estudar. Que valores são esses? Está na hora da sociedade toda se dar conta de que nós estamos indo para a tragédia. E há tragédia em todos os setores. Vivemos em um país em que os senadores mentem, os deputados mentem, os vereadores mentem, e nada acontece. Que mensagem nós passamos para essa gurizada? A mentira é uma boa.Aos pais do garoto que escreveu o apelido na parede da escola, quero dizer que a punição faz parte do aprendizado, e que eles não precisam ficar chateados. Se não houver punição, sai da escola, vai para o telefone público, vai para os prédios históricos, vai para os monumentos. E a cidade, que poderia ser bonita, paga a conta em razão de pichadores. Esses jovens estão pedindo desesperadamente: “olhem para mim! Por favor, me estabeleçam limites.” É por aí que nós podemos começar. Faz parte de ser jovem cometer deslizes, cometer erros. Mas cabe aos mais velhos corrigir para que eles não se repitam.A gurizada quer ser do bem, falta oportunidadePara não dizer que só falei mal da gurizada, é importante ressaltar que os responsáveis por esse tipo de incidente correspondem a uma parcela muito pequena da juventude. Faltam nas comunidades mais atividades que levem o jovem para o bem. A Fundação Thiago Gonzaga tem mais de 10 mil inscritos em Porto Alegre. O que isso quer dizer? Que a gurizada quer ser do bem, está faltando oportunidade. Para o mal, em cada esquina, há seis chances.O que as escolas podem fazer é criar atividades voltadas ao voluntariado, à ecologia, a tentar construir um mundo melhor. A grande maioria, tenho certeza, está disposta a participar.

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Enquanto isso no Brasilsão....


Glauco

Embaixada Não é Palanque


Manuel Zelaya, o Mel, tira um cochilo na embaixada do Brasilsão.

Editorial da Folha sobre as últimas notícias de Honduras.

Do golpe à aventura

Nada é unívoco na crise em Honduras, agravada pela presença do líder deposto Manuel Zelaya na embaixada brasileira A Crise política em Honduras alcança novos patamares de tensão com a presença do presidente deposto, Manuel Zelaya, na embaixada brasileira em Tegucigalpa -onde se encontra abrigado desde segunda-feira.
A embaixada está cercada por forças militares. Cortaram-se suas comunicações telefônicas. Organizações não-governamentais levam mantimentos às dezenas de pessoas apinhadas no local -que, conforme as convenções internacionais, constitui território brasileiro soberano.A suspensão imediata do cerco acrescenta mais um item relevante ao conjunto de condições apresentadas pela comunidade internacional para superar-se o isolamento em que se encontra o atual governo hondurenho.As forças golpistas, entretanto, resistem a qualquer concessão. O governo Micheletti rejeitou a proposta de acordo apresentada por Oscar Arias, presidente da Costa Rica e Prêmio Nobel da Paz, que previa a volta de Zelaya ao poder, num governo de conciliação nacional, com anistia a todos os envolvidos na crise. Esse continua sendo o melhor caminho para superá-la.
Todavia, não são as resistências do atual governo o único fator de agravamento da situação. Nada é unívoco no quadro hondurenho, e as atitudes de Zelaya não correspondem em absoluto ao papel de mártir da democracia que lhe tem sido atribuído.Zelaya tentou aplicar, contra uma cláusula pétrea da Constituição de seu país, o modelo chavista da permanência no poder, viabilizada por plebiscito popular. Naquela altura, já estava em curso a campanha para a sucessão presidencial -em que seu candidato tinha poucas chances de vencer.A tentativa de tumultuar o processo democrático -vale dizer, de golpe plebiscitário- foi condenada pelo Congresso e barrada na Corte Suprema. Roberto Micheletti, presidente do Congresso, assumiu conforme a linha sucessória estabelecida pela Constituição -já que o vice-presidente havia renunciado para concorrer nas eleições, marcadas para 29 de novembro. Foi o ato abusivo de expulsar Zelaya do país, "manu militari", que configurou a ilegitimidade do atual governo.A partir de então, o justificado repúdio internacional ao golpe propiciou a Zelaya ocasiões para exercer, como nunca, o aventureirismo tumultuário que culmina em seu peculiar "asilo" na embaixada brasileira. De asilo político, a rigor, não se trata: o presidente deposto não se refugiou na embaixada para proteger-se da perseguição de seus inimigos, mas sim para retornar a seu país, contando com uma tribuna privilegiada para inflamar os seus correligionários.
Se às autoridades brasileiras cabe protestar contra o cerco da embaixada, é também imperativo que se definam de pronto as condições para a estada de Zelaya. Ele precisa ser impedido de servir-se do espaço brasileiro como um palanque, dando novo combustível a uma crise que já ameaça desaguar num surto de violência civil.

Não é Mole Ser Brasileiro (Hoje) em Honduras


Após suspensão do toque de recolher população foi às ruas em busca de comida em Tegucigalpa, Honduras.

A Zero Hora enviou para Honduras o repórter Rodrigo Lopes que andou falando com as pessoas, principalmente brasileiros, que moram por lá, como mostra a matéria abaixo.

Alguns trechos destaco:

A psicóloga mineira Diacuy Mesquita, 53 anos, mora há 32 anos em Tegucigalpa disse:

– Hoje (ontem) está complicado, especialmente para nós, brasileiros. As pessoas nos tratam como se fôssemos cúmplices de algo que nosso governo teria feito – completou.

A carioca Isabel Cabral, 54 anos, funcionária da embaixada brasileira e filha do escritor João Cabral de Melo Neto. Ela ia a um supermercado, quando, afobada, atendeu o celular. Em um determinado momento, pediu:

Não posso mais falar português, as pessoas ouvem e sabem que sou brasileira. Me olham de forma estranha.

Perguntada sobre se o fato de ser brasileira virou um problema, responde, já em um espanhol de quem vive há 30 anos em Tegucigalpa:

– Desgraciadamente, sí.


CRISE EM HONDURAS

Convulsão nas ruas

A capital de Honduras viveu ontem seis horas de caos. Supermercados foram invadidos por pessoas desesperadas que queriam fazer estoque, as farmácias não tinham mais medicamentos, e as filas nos postos de gasolina e lojas de conveniência passavam de três quilômetros.

Tudo isso ocorreu entre 10h e 16h (hora local), quando o governo golpista suspendeu temporariamente o toque de recolher. Imediatamente, Tegucigalpa cedeu à confusão. Centenas de carros saíram ao mesmo tempo às ruas. O objetivo do Ministério da Indústria e Comércio: permitir que a população se abastecesse.

– Saí para comprar mantimentos, mas já fui a três supermercados, e em todos eles havia uma invasão. O que existe aqui é um caos – contou a Zero Hora a psicóloga mineira Diacuy Mesquita, 53 anos, há 32 na capital.

– Hoje (ontem) está complicado, especialmente para nós, brasileiros. As pessoas nos tratam como se fôssemos cúmplices de algo que nosso governo teria feito – completou.

ZH falou também com a carioca Isabel Cabral, 54 anos, funcionária da embaixada brasileira e filha do escritor João Cabral de Melo Neto. Ela ia a um supermercado, quando, afobada, atendeu o celular. Em um determinado momento, pediu:

– Não posso mais falar português, as pessoas ouvem e sabem que sou brasileira. Me olham de forma estranha.

Perguntada sobre se o fato de ser brasileira virou um problema, responde, já em um espanhol de quem vive há 30 anos em Tegucigalpa:

– Desgraciadamente, sí.

ZH voltou a conversar com Isabel duas horas depois. Já com as compras, tentava levar comida aos colegas da embaixada.

– Não sei até quando vai isso. Não posso emitir opinião, porque sou funcionária. Mas não sei dizer – finalizou.

Nos choques entre simpatizantes do presidente deposto, Manuel Zelaya, e forças do governo golpista, pelo menos duas pessoas morreram entre terça-feira e ontem, terceiro dia consecutivo de confrontos.

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

O Problema de Dilma é a Rejeição


Tenho grandes dúvidas se o Lula vai conseguir emplacar a Dilma em 2.010. Na pesquisa divulgada ontem CNI Ibope (Serra tem 34%, Ciro 17%, Dilma 15%, Heloisa Helena, 10% e Marina 8%) a pior notícia para Dilma (PT) não é o fato de ter sido ultrapassada por Ciro Gomes é sua rejeição: 40%.

A rejeição a José Serra é de 30%.

Uma diferença razoavelmente grande.

Mas muita água vai rolar ainda.
Impressão minha (assisti parcialmente) ou o Jornal Nacional ontem apenas deu a popularidade do Lula e não divulgou a pesquisa para intenção de votos para presidente?

Afirma Pereira




Existem filmes que são poesias. É o caso de "Sostiene Pereira" ou, em português de Portugal, "Afirma Pereira". No Brasil foi divulgado o título equivocado de "Cadernos da Revolução" (1995). É simplesmente horrorosa a tradução do italiano para o português, no DVD.


O cenário é Lisboa no ano de 1937. É um dos últimos filmes de Marcelo Mastroianni que morreu em dezembro de 1996. Marcello é Pereira, católico, conservador e viúvo escreve o obituário de pessoas famosas, como editor da coluna cultural de um jornal. Ele não se mete em política. A Europa ferve. O fascismo está na Italia, o nazismo na Alemanha, a Espanhola franquista em guerra civil e Portugal vive a ditadura de Salazar que governou o país luso de 1932 até 1968. A censura impõe o silêncio. Os velhos estão cansados, eles pensam na morte. Os jovens e seus ideais. Um artigo desperta Pereira, é sobre a morte, mas quem escreve é um jovem idealista que acredita na vida e nas idéias da liberdade. Eles se tornam amigos. Pereira, gordo, tem que mudar os hábitos, é questão de saúde, inclusive mental. E, de fato, Pereira, pela primeira vez na vida, se revoluciona. Até que um dia a violência do regime bate na sua casa e apaga as idéias e a vida de seu jovem amigo. Os jornais nada divulgam e Pereira, revoltado, resolve se vingar. Ele dribla a burocracia do autoritarismo e estampa a noticia do crime do regime na primeira página do jornal. E, pela primeira vez, depois de muito tempo Pereira sorri enquanto caminha, em passos rápidos, pelas ruas da Lisboa de Salazar.


Páginas da revolução (Afirma Pereira, 1996, Itália/Portugal, cor, 104min)direção: Roberto Faenza - elenco: Marcelo Mastroianni, Daniel Auteuil, Nicolau Breyner, Teresa Madruga.Na Lisboa salazarista, editor de jornal contrata jornalista para a coluna de óbitos e encontra jovem idealista, que descobre estar envolvido com ideias revolucionárias, colocando em perigo seus ideais.

terça-feira, 22 de setembro de 2009

'Grosseira Intervenção do Brasil na Política Interna de Honduras'


Sobre a situação em Honduras, entrevista no UOL de Durval de Noronha Goyos Jr., uma das principais autoridades mundiais em direito internacional, é árbitro da Comissão Internacional de Arbitragem Comercial da China, do Acordo Geral sobre Tarifas e Comércio e da Organização Mundial do Comércio (OMC).
Presença de Zelaya em embaixada brasileira é ilegal, diz especialista

UOL Notícias - O governo brasileiro pode manter Zelaya na embaixada em Tegucigalpa?
Durval de Noronha Goyos - A presença do Zelaya na embaixada, fazendo comício para a população de Honduras, é uma violação das normas de direito internacional, porque a única condição em que, de acordo com as normas internacionais, seria permitida a presença dele lá, seria como asilo político. Mas também o asilo traz como condição a não interferência nos negócios políticos do país dele e do Brasil. No caso específico, ele foi acolhido sem o instituto do asilo, o que demonstra uma falha muito grande no procedimento do Itamaraty e que pode induzir a um agravamento da situação interna em Honduras. A conduta dele é ilegal.

UOL Notícias - Essa ilegalidade abre brecha para que o governo interino corte a luz e a água da embaixada? Quais seriam as alternativas do Brasil para parar de descumprir essas normas?
Noronha - Sim, porque a situação é ilegal. Ou o Brasil dá asilo político a Zelaya ou tem que colocá-lo para fora da embaixada. A embaixada é território soberano do Brasil. Isso é interferência indevida nos negócios de outro país e fere também a Constituição brasileira.
UOL Notícias - Que problemas o Brasil pode enfrentar se continuar a manter Zelaya na embaixada?
Noronha - Já ocorreu uma série de problemas, como a expulsão dos diplomatas, pode haver rompimento de relações, além dos problemas bilaterais. A diplomacia brasileira, por ter sido atabalhoada, está complicando a política interna em Honduras. Já foi decretado o toque de recolher, de ordem interna, agitação social, pode haver até mortes. Agora a embaixada está vulnerável e isso provavelmente só irá piorar.
UOL Notícias - Quais seriam as possíveis saídas de Zelaya nesse momento?
Noronha - O Brasil teria que dar o asilo e pedir salvo-conduto para que ele venha até o Brasil, sob pena de continuar violando o direito internacional.
UOL Notícias - O que o Itamaraty poderia ter feito para evitar essa situação?Noronha - O país agiu errado ao permitir isso [a entrada na embaixada]. O Brasil poderia tê-lo impedido de ingressar, ou condicionado sua entrada ao asilo político, que teria o respaldo do direito internacional.
UOL Notícias - Por que o presidente deposto escolheu justamente a embaixada para se abrigar no país?
Noronha - Lá ele está protegido pela imunidade diplomática da embaixada, que é o território brasileiro em Honduras. Mas é uma grosseira intervenção do Brasil na ordem interna de Honduras mantê-lo lá e isso pode contribuir para lançar aquele país no caos político. É um território brasileiro, mas está em Honduras e Zelaya está fazendo política interna. Isso não tem o respaldo do direito internacional.

UOL Notícias - O governo interino já fala em responsabilizar o Brasil por possíveis prejuízos ou mortes causados pela atual crise. Isso seria possível?
Noronha - O Brasil é diretamente responsável por uma crise porque a agitação foi favorecida pela embaixada, então, está intervindo na política interna de outro país. Quanto às sanções, é complexo, porque é apenas um governo de fato, mas por outro lado pode gerar uma crise interna com um agravamento muito grande e que vai trazer o ônus para o governo brasileiro. Em tese, a situação pode evoluir até o fechamento da embaixada, mas é impossível avaliar a extensão que essa crise vai tomar.


UOL Notícias - O governo de fato de Honduras também ameaça invadir a embaixada. A presença ilegal de Zelaya abre brecha para esse tipo de ação?Noronha - A invasão também seria uma violação do direito internacional, mas não creio que eles façam isso, porque podem sofrer sanções da comunidade internacional. Esperamos que nada disso venha a ocorrer.


UOL Notícias - E os brasileiros naquele país, como devem agir caso necessitem dos serviços da embaixada?Noronha - Os brasileiros têm que esperar a situação se normalizar ou o governo, emergencialmente, tem que colocar facilidades nos países vizinhos. O Itamaraty tem que ter plano de contingência. E essa crise é bastante concreta e foi criada pelo próprio Brasil.

No Olho do Furacão Hondurenho











Essas são as últimas fotos sobre Honduras. A situação parece bem grave. O portal Terra anuncia duas mortes em frente à Embaixada brasileira. Os serviços básicos parece que foram cortados, eletricidade, água e telefone, segundo o UOL.
E o Brasil no olho deste furacão.

E se Os Farrapos Tivessem Vencido?



Nada de Vinho, Nada de Cerveja, Nada de Polenta, Nada de Indústria.


O professor e historiador Mario Maestri fez uma análise bem interessante e engraçada sobre o que seria a República do Pampa, hoje, caso os farrapos e republicanos tivessem vencido a guerra dos farrapos.

Esse texto foi publicado no Caderno de Cultura da ZH do último sábado e está aqui na íntegra.

Abaixo apenas pincei algumas partes do artigo do professor Maestri.

O leitor Adão Nunes comentou a respeito deste assunto no post sobre o nosso bom churrasco paulista.


As Fronteiras do Páis Farroupilha


Porém, é mais provável que a jovem república tivesse seus limites nos rios Jacuí-Ibicuí, permanecendo brasileiros Porto Alegre e todo ou parte do norte da antiga província de São Pedro. A população livre da capital libertou-se e resistiu às tropas farroupilhas, apoiada ativa ou passivamente pela comunidade colonial-camponesa alemã, que nada tinha a ganhar e muito a perder com os republicanos da Campanha. Pela indômita resistência, Porto Alegre, três vezes cercada e bombardeada pelos farroupilhas, ostenta, hoje, no seu brasão, a consigna de “leal” – ao Império – e “valorosa” – diante dos republicanos.


Os republicanos derrotados de 1845 só voltaram a adentrar simbolicamente os muros de Porto Alegre, um século e alguns dedos mais tarde, quando os neofarroupilhas e sua cavalhada passaram a acampar, na capital, sem qualquer ensaio de resistência, cada mês de setembro, enlameando e bostejando, respectivamente, o chão do Parque Harmonia e a memória já quase perdida da heroica resistência porto-alegrense às tropas dos latifundiários.


A República do Pampa possuiria população diminuta e de perfil étnico diverso que o atual. Como no resto do Brasil, os grandes proprietários fundiários sulinos sempre se opuseram ao assentamento de camponeses. A imigração alemã não seria retomada, com a fundação de Santa Cruz [1847], e as quatro colônias italianas imperiais [1875] seriam desviadas para territórios brasileiros. A república latifundiária não conheceria o impulso demográfico e a acumulação de capitais permitidos pela proliferação de economias familiares nascidas da vaga colonial-camponesa europeia. Portanto, nada de vinho, nada de cerveja, nada de polenta, nada de indústria!A própria economia pastoril conheceria forte golpe com a secessão. Sem o apoio das províncias centrais brasileiras, o tráfico de trabalhadores escravizados seria abolido, sob a pressão inglesa. As fortes perdas de cativos para o Uruguai, durante a guerra de independência, seriam repostas com dificuldade e a necessidade de fortalecer os exércitos pampianos levaria à abolição da escravatura, como nas repúblicas vizinhas. Um ponto para os republicanos! A produção charqueadora-pastoril sofreria com a falta de mão de obra para ser explorada.


Os fazendeiros farroupilhas do norte do Uruguai, entre eles o general Netto e Francisco Pedro de Abreu, se submeteriam comportados às leis da nação vizinha, ou seriam expulsos a patadas, pelo presidente blanco, como Atanásio Aguirre, pois não poderiam esconder-se sob a bandeira dos exércitos imperiais, como fizeram em 1851 e 1865. O estrangulamento da imigração camponesa alemã e a inexistência da italiana, polonesa, judia, etc. materializariam o destino pastoril sonhado pelos chefes e ideólogos farroupilhas para a antiga província. Como no Uruguai, na República do Pampa não brotariam as indústrias artificiais, contra as quais os descendentes políticos farroupilhas – liberais, federalistas, libertadores, udenistas, neoliberais etc. – mobilizaram-se e mobilizam-se. Cidades como Caxias, Marau, Santa Cruz do Sul não existiriam nas fronteiras da nação farroupilha.


Sem matérias-primas, sem petróleo, sem um porto decente como Montevidéu e, sobretudo, com uns raquíticos dois milhões de habitantes, restaria aos pampianos a produção de carne, de lã, os móveis e chocolates de Guaíba, uma raquítica agricultura, carente de implementos e agro-tóxicos, comprados a peso de ouro de São Paulo, e travada pelas barreiras alfandegárias sobretudo do Brasil.


A saída seria transformar os pampas em um imenso deserto verde, igual que o Uruguai atual!Os produtos industriais importados dos USA, da Europa, da Argentina e sobretudo do Brasil, seriam proibitivos para a maior parte dos pampianos, desempregados e subempregados, que partiriam aos magotes para trabalhar na construção civil e em metalúrgicas paulistas, onde seriam tratados como os nordestinos. Periodicamente, as autoridades brasileiras regulamentariam a permanência dessa mão de obra estrangeira barata.Para terminar, não teríamos a Semana Farroupilha, já que seria a semana da Pátria, nem o Movimento Tradicionalista Gaúcho, substituído pelo Ministério da Cultura.


A grande novidade seria o fortíssimo MOUBRAPAM (Movimento pela União do Brasil e do Pampa), nascido durante os motes populares ocorridos em Bagé, a capital mais populosa cidade do Pampa, quando da quinta desvalorização do estribo, moeda nacional da República, após a crise de 2008. Tudo no início do segundo mandato do presidente Tonico Augustus Nico Fagulhas, que se encerra em 20 de setembro de 2010. Caso não modifique a constituição para concorrer ao terceiro.


* Mário Maestri, historiador, é professor do Curso e do Programa de Pós-Graduação em História da Universidade de Passo Fundo

Brasil No Meio do Furacão Hondurenho




Manifestantes tentam desviar da fumaça de bombas de gás lacrimogêneo lançadas pela polícia em Tegucigalpa. Militares hondurenhos cercaram a embaixada brasileira na capital e entraram em confronto com manifestantes.


Análise de Eliane Castanhêde na Folha de hoje:
Brasil vê escolha como sinal de prestígio regional
Além de a volta do presidente Manuel Zelaya a Honduras ter sido considerada uma manobra simples, bem planejada e eficaz, a escolha da embaixada brasileira foi saudada por Planalto e Itamaraty como demonstração da liderança e do poder moderador que o Brasil vem ocupando no continente.Havia outros destinos mais óbvios, como a embaixada mexicana, por exemplo, já que o México é um país mais próximo em vários sentidos da América Central e tem forte peso em Honduras. Mas o Brasil não só é mais equidistante politicamente entre Washington e Caracas, como é também o país em ascensão naquela área.Pelas versões de Brasília, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva não tinha a menor ideia, pelo menos até domingo, de que Zelaya estava de malas prontas para voltar e disposto a bater à porta da embaixada. Ele só soube a bordo do avião, a caminho de Nova York. E respaldou a decisão de recebê-lo.O primeiro contato com a embaixada foi feito entre uma deputada zelaysta e o encarregado de Negócios do Brasil, Francisco Catunda Resende, que é a máxima autoridade brasileira remanescente no país -o embaixador Brian Michael Fraser Neele foi chamado de volta depois do golpe que derrubou Zelaya, em 28 de junho.Meio aturdido, conforme relatos do Itamaraty, Resende telefonou para o subsecretário para a América do Sul, embaixador Ênio Cordeiro, que acionou a hierarquia até chegar ao chanceler Celso Amorim, que já estava em Nova York, e a Lula, em pleno voo.Assessores e diplomatas não descartam a possibilidade de Zelaya ter combinado toda a operação com o seu principal aliado e quase mentor Hugo Chávez, da Venezuela.Mas optar pela embaixada venezuelana poderia radicalizar ainda mais o confronto entre os dois lados. O Brasil, apesar de ter sido firmemente contra o golpe e a favor do presidente eleito desde o início, é considerado "mais neutro".Agora, o temor é sobre o que vai acontecer daqui para a frente. Ao chegar, Zelaya convocou manifestações a seu favor diante da embaixada brasileira e, se puser os pés fora do prédio, há duas opções: ou ser carregado nos ombros do povo, ou parar na cadeia. Ele está com prisão preventiva decretada.Com eleições presidenciais marcadas para 29 de novembro, o que os governos da região já discutiam era como reagir e receber o futuro governo eleito. A volta de Zelaya e a escolha da embaixada brasileira mudam tudo. Recrudesce a pressão para que ele recupere o poder, e o Brasil está no meio do furacão.

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Por que Zelaya Escolheu a Embaixada Brasileira?


Foto de Manuel Zelaya e Conselheiros na Embaixada brasileira em Tegucigalpa - Honduras.
Zelaya está agora na embaixada brasileira em Tegucigalpa.
Por que Zelaya escolheu o Brasil?
Primeiro, o Brasil aparentemente é um país neutro no conflito e com liderança na região. Lula não é Chávez ( o pivô da crise), nem Evo e nem Correa. Segundo, o governo Lula e o ministro Celso Amorim sempre apoiaram Zelaya e criticaram o golpe.
Zelaya está tentando retornar a Honduras, mas não consegue. Esteve na fronteira com a Nicarágua, mas não teve força (popular) para ingressar em seu pais.
Agora resolveu utilizar o Brasil como companheiro de luta.
E o Brasil - parece - concordou.
E nosso país se insere definitivamente no centro da crise política e que é uma questão interna de Honduras e dos hondurenhos.
Diplomaticamente, isso é positivo?
Já se viu que o golpe não é tão impopular assim.
Parte significativa da população de Honduras apoiou o golpe. O que fazer diante do impasse? Seria muito melhor para o Brasil ele ficar distante nessas horas. Mas não foi isso que optou o Brasil. Isso faz parte da política "estratégica" do Ministro Celso Amorim.
Deu no UOL:
O ministro Celso Amorim disse que o Brasil espera uma solução rápida para crise política em Honduras após o regresso do presidente deposto, Manuel Zelaya, a Honduras. Amorim também disse que espera que a chegada de Zelaya represente um novo estágio nas negociações para se solucionar a crise no país da América Central. Zelaya está na embaixada do Brasil em Tegucigalpa, capital hondurenha.Mais cedo, a informação da chegada de Zelaya à embaixada brasileira foi confirmada por sua mulher, Xiomara Castro e seus filhos. O porta-voz do Departamento de Estado dos EUA, Ian Kelly, também confirmou que Zelaya estaá em Honduras e pediu calma.

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Churrascarias Paulistas São Melhores que as Gaúchas


Grelha é o segredo de um bom churrasco


No site da ZH on line alguém postou um artigo dizendo que as churrascarias paulistas são melhores do que as gaúchas, o artigo está lá embaixo. Existe uma enquete a respeito disso. O assunto causa polêmica em época de Semana Farroupilha.

Opinião do redator deste empório:

Sou gaúcho e gosto de churrasco. Em Porto Alegre existem duas boas churrascarias e ambas servem churrasco a La paulista: "na Brasa" e a "Montana Grill" do "Chitãozinho e Xororó" ali perto do Beira Rio. Não estou considerando as churrascarias uruguaias como a "Parrilla del Sur" e a "El Viejo Pancho", onde se come "assados de tira" e "entrecots" magníficos.
Tanto a "Na Brasa" como a "Montana Grill" se servem churrasco com garfinhos, pasteizinhos, queijinhos, castanhas de caju e até, talvez, sushi e "frutos do mar". Coisas do Brasil dos nossos dias. Mas a carne, em sí, é muito boa: macia, no ponto certo, bem feita.

Nas churrascarias tipicamente gaúchas, onde o churrasco é servido no espeto, não se come tão bem como as churrascarias do tipo paulista. E sabem por quê? Por causa do espeto e da qualidade da carne. A carne no espeto -- se não for servida na hora H -- geralmente é seca. E nas churrascarias gaúchas as carnes, via de regra, são secas e passadas. Isso não ocorre -- não estou generalizando -- com as churrascarias a la paulista.

O segredo de um bom assado é a grelha.
Uma verdade: bom churrasco a bom custo se faz em casa e na companhia de um bom vinho.

O artigo da ZH é o seguinte:

O churrasco gaúcho é uma ficção. Digo porque moro aqui, e desafio qualquer um a ir a uma churrascaria de qualquer cidade do interior do Estado e comer um bom churrasco. Vai comer carne de segunda e dura. O maior estelionato que já vi chama-se churrasco gaúcho. Após conhecer este Estado, os paulistas voltam para São Paulo falando que aqui é Primeiro Mundo. Claro, foram para a Serra em férias. Assim é fácil ser Primeiro Mundo. Convido-os a irem a uma churrascaria paulista, comerão carne de primeira e macia, um churrasco incomparável. Mas, devo adverti-los, os paulistas não se valorizam e dão nomes que propagam este estelionato, pois as churrascarias chamam-se: O Gaúcho, Potência do Sul, Vento Haragano, Porteira dos Pampas, Estrela dos Pampas, Fogo de Chão, Carne Gaudéria entre outras. Vocês têm algumas pretensões: ser o maior Estado do país, e alguns querem separar-se do Brasil. Advirto: para ser o maior Estado do país terão que superar a cidade de São Paulo, algo que ainda é um sonho, e depois ainda tem São Paulo Estado. Desistam! E, separar-se do Brasil, é melhor carregar o Paraná junto, porque senão passarão fome.

O MST Representa 0,05% da População Gaúcha



Dado oficial do MST: existem cerca de 1.300 famílias sem terras no Rio Grande do Sul. Este dado está no Blog Alma da Geral do Guga Türck que pertence ao "Coletivo Catarse" que faz os vídeos do MST. E um dos líderes do movimento, na sede do INCRA, disse o seguinte em gravação feita na semana passada: "Nós do MST estamos em jornada de luta faz bastante tempo, sai de uma mobilização vai para a outra, a fim de reivindicar o assentamento imediato de 1.300 famílias que temos hoje acampadas aqui no Rio Grande do Sul." Essa gravação está aqui.

Isso significa um universo de cerca de 5.000 pessoas. Considerando que o RS tem uma população de um pouco mais de 10 milhões de habitantes, dados da wikipédia, o número de sem terras é de 0,05%
Mas esse número pode ser menor, porque os cadastros podem estar inflados, porque o INCRA (ufa, finalmente) resolveu fazer um pente fino na lista dos candidatos que querem adquirir terras pela autarquia.
Foi o que falou o superintendente regional, Mozar Dietrich. Além disso, o órgão não comprará mais terras em 2009. A decisão é uma retaliação à invasão do MST na sede do INCRA em Porto Alegre, onde o vandalismo -- para variar -- tomou conta. Além disso, sumiram notebooks, filmadoras e GPS do patrimônio público.

O objetivo do cadastramento é, conforme matéria da ZH, dificultar o acesso à terra de pessoas que não têm vocação para a agricultura ou que se envolveram em atos criminosos. Com a carência de filhos de agricultores para suas fileiras, o MST buscou novos militantes nas vilas urbanas.

Resumo da ópera, a situação agrária no RS não é nada grave. Se o próprio MST diz que existem 1.300 famílias "sem terra" e esse número está inflado com contingentes de pessoas que não são agricultores torna-se sem propósito os objetivos ideológicos do MST, porque as pessoas envolvidas, são muito poucas. E, convenhamos, não é difícil para o poder público fazer o assentamento de 1.300 famílias. Tem muito proprietário rural que gostaria de ganhar uma bela graninha vendendo suas terras, como fez Alfredo Southall, de São Gabriel, no ano passado.

O que efetivamente se verifica é que o MST faz um barulhão imenso, tranca nossas ruas, invade os prédios públicos, fazendas privadas, danifica plantações como forma de pressão para assentar um contingente de menos de 0,05% da população gaúcha. É razoável, é justo, é crível, é proporcional esse tipo de ação?
O fato é que não interessa ao MST que se acabe com as fileiras dos sem terras. O que interessa ao movimento é que mais e mais pessoas ingressem nessa catequese. E quem está ingressando não são os filhos dos agricultores, mas os desempregados das grandes cidades.

Budapeste - O Filme



O pessoal da locadora ligou. Chegou o filme Budapeste. Sai na chuva para buscar. Na poltrona dei play.

Budapeste não é cinza, é amarela. A língua tem uma sonoridade peculiar. O som sai bonito. E-x-ó-t-i-c-o. Eles são os cariocas do leste europeu. Perto do Danúbio tem um monumento ao escritor anônimo, a caneta de bronze dá sorte - basta tocar. José Costa (Leonardo Medeiros) é carioca, um ghost writer de sucesso e de repente, numa das vicissitudes da vida, ele aparece em Budapeste. No hotel, liga a TV e ouve a sonoridade da língua. Fica fascinado. De volta ao Rio ele se depara com sua rotina e sua vida passa, sua mulher Vanda (Giovanna Antonelli) que lhe dá um filho gordo que balbucia palavras sonoras. Os anos passam. Ele continua a escrever para os outos que fazem sucesso. De saco cheio e com o desejo de retornar a Budapeste - ele, enfim, volta e quer ficar. Conhece Kriska (Gabriella Hamóri) que apenas se comunica com ele em húngaro - a única língua que o diabo respeita. Somente em húngaro, ela pede. Costa ou Kosta fascinado pela mulher e pela língua aprende. E aprende bem. As palavras são apenas palavras. Significados estéticos ou não. Nada mais do que significados.

A estátua de Lenin navega partida nas águas turvas do Danúbio. Budapeste assiste de cabeça para o ar. No final das contas, Kosta faz sucesso em Budapeste, se torna ghost writer de um importante poeta e se aventura pelas sociedades dos escritores secretos e assume sua própria identidade. Ele é o dono do livro, das palavras que ele escreveu. E na vernissage ele encontra Chico Buarque, o verdadeiro José Costa, que fala húngaro.


BUDAPESTEProdução: Brasil/Portugal/Hungria, 2009
Direção: Valter Carvalho
Com: Leonardo Medeiros, Gabriella Hámori e Giovanna Antonelli