Enquanto o Ministro Ayres dá seu voto, os índios escutam.
Carlos Ayres Brito é o relator do processo Raposa Serra do Sol. Ele está proferindo seu longo, poético e prolixo voto exatamente agora. Ele fala, fala, fala e não termina de falar. Ele fala tanto que no meio de sua fala está havendo um intervalo. Ele faz lembrar o Zweig que escreveu o Brasil é um país do futuro e matou sua esposa e se matou meses depois. O voto é ufanista: temos que construir no Brasil uma sociedade justa, humanista e solidária. Eu também defendo isso, quem não defende? . Os índios são os eternos tadinhos. O excelentíssimo ministro disse que os índios brasileiros defendem a soberania nacional. Deve ter lido isso nos livros do José de Alencar. Eu não tenho nada contra os índios. Tento não ter nenhum preconceito em relação a eles. Acho apenas que a vida indígena é uma cultura completamente diferente da nossa. E há ai um paradoxo incontornável. Como resolver, então, a questão indígena se o contato do índio com a civilização sempre foi danoso para o índio? Vamos isolá-los nas reservas indígenas, como essa Raposa Serra do Sol? Mas isso tudo é complicado, porque não são apenas os índios que ocupam tais reservas. Existem ONG´s de tudo que é gosto. Uma amiga que visitou tribos indígenas na Amazônia me falou que muitos deles não sabiam falar português, mas estavam tendo aulas, com as ONG´s da vida, de inglês. Existem sim índios sabichões. Infelizmente e parece que esse aspecto fundamental não está sendo relevado pelo ministro. Pelo andar da carruagem o voto do Ministro vai ser a favor da demarcação e julgar improcedente a ação popular. Talvez. Não vou arriscar. Mas apostaria um bom malbec que o relator vai pela improcedência da demanda.
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