Leio no diário gauche de hoje uma crítica, para variar, ao grupo midiático RBS.
É que existe um grupo de pessoas que vive de esmolas e tráfico de drogas nas esquinas das ruas Ipiranga com Santana. Zero Hora fez uma matéria dizendo que esse pessoal é o dono da rua. Tal comentário aumentou e alimentou a raiva que certos blogueiros da nossa gauche tem com a Zero Hora e o tal de PIG, a mídia grande e bobona.
Diz o gauche em vermelho bem vermelhão:
Queimando mendigos
O jornal Zero Hora, que pertence ao grupo midiático RBS (apoiadores e beneficiários do golpe civil-militar de 1964), hoje, está simbolicamente queimando mendigos e moradores de rua de Porto Alegre.
Procede como porta-voz do senso comum mais rançoso e intolerante. Desconhece a responsabilidade social que deveria portar como empresa de comunicação de massas. Prefere manifestar-se como o mais atrasado dos indivíduos da classe média urbana, supondo que a cidade é de quem paga por ela. Quer abolir de uma vez por todas o espírito iluminista de cidadania e colocar em seu lugar a impostura do indivíduo consumidor, que se basta na sua neurose excludente e medrosa.
Zero Hora vem construindo – há tempos (não é de hoje) – uma série que ratifica e sanciona os impulsos mais rebaixados do ser humano, baseado na aprovação do mito da irresponsabilidade social. Os moradores de rua são perdedores, devem ser enxotados do convívio urbano (e humano). Na sociedade que a RBS busca, não cabem os insolventes, porque estes aspiram no máximo a serem cidadãos, e jamais serão os consumidores perfeitos.
ZH está autorizando mesmo que um adolescente estúpido, filho da classe média branca e ainda solvente, amanhã ou hoje à noite mesmo, compre um galão de combustível e execute a sua micro-solução-final para “os donos da rua”.
Mas um mendigo incendiado será que basta para o altar de sacrifícios do deus-mercado de ZH?
Meu comentário:
Ninguém está a defender o incêndio de mendigos. Mas certas coisas não pode acontecer na grande cidade. Ninguém -nesse mundo cão - deve morar nas ruas ou em baixo das pontes. E o poder público tem abrigos para essas pessoas dormirem e repousarem. Só que, por diabos, essas pessoas não querem ir para os abrigos, não querem ir para os albergues públicos, não estão interessadas em frequentas essas estruturas públicas que foram feitas exatamente para dar guarida às pessoas que ficam nas ruas. Esse pessoal quer ficar na rua, dormindo em baixo de ponte, ao relento, pedindo esmolas, praticando pequenos furtos, traficando drogas. O Brasil continua refém da ditadura do pensamento politicamente correto. Ele toma conta de tudo. E se o assunto vira notícia de jornal, lá vem as pedras contra o PIG, contra a mídia bobona e fascista.
Praça, rua, ponte são espaços públicos que não podem ser privatizados, por ninguém.
Um comentário:
Dois pesos... ele fala também na morte do Zé, por culpa do Estado que deveria proteger... Se alguém fala que o estado deveria proteger, ele é contra. Como pode?
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