Diversidade, Liberdade e Inclusão Social

Foto: Obama, Cameron e Helle Thorning-Schmidt


sexta-feira, 8 de agosto de 2008

A Bolívia de Evo

Evo desfila em Cochabamba, mas não consegue circular por Santa Cruz de La Sierra


A Bolívia vive situação de pré-guerra civil. O Presidente da República não consegue chegar em redutos da oposição, mas é ovacionado nos bastiões governistas e indígenas. Assim caminha a Bolívia de Evo, que faz um governo alimentando antagonismos sociais. É esse o melhor caminho? E esse referendo revogatório em um país campeão de golpe de estado como a Bolívia é instrumento total de desestabilidade. Demagogia pura. Coisa de republiqueta.


Na Folha de hoje:



Impedido de chegar a bastiões da oposição nos últimos dias, o presidente da Bolívia, Evo Morales, escolheu a majoritariamente governista e indígena El Alto, na região metropolitana de La Paz, para encerrar a campanha ao referendo revogatório de domingo, quando estarão em jogo o seu mandato e os de oito governadores, seis deles oposicionistas.Num palco armado em um viaduto, protegido por milhares de pessoas na cidade em que 90% o apóiam -a maior taxa do país-, por funcionários do governo e panfletos pagos por ministérios, Morales qualificou de "ditadura civil" os protestos que impediram sua presença ou a de ministros em regiões do país governadas pela oposição."Estão tomando aeroportos, tentando tomar algumas instituições. As ditaduras militares estão sendo substituídas pelas ditaduras civis. Saudamos as Forças Armadas por se somarem ao processo de mudança."Ontem foi o Dia das Forças Armadas. E mais cedo o presidente havia dito o mesmo no desfile militar e indígena no departamento de Cochabamba, que, embora governado pela oposição, é seu berço político.Foi referendado pelo comandante das Forças Armadas, Luis Trigo Antelo, que pediu o fim dos atos violentos para que o país não vire "Angola, Congo ou Haiti". Mas as palavras mais fortes vieram do ministro da Presidência, Juan Ramón Quintana, para quem a Bolívia está "às portas de um verdadeiro golpe de Estado".Quintano acusou os governadores de oposição de armar grupos paramilitares -disse que seu carro foi alvejado na noite de terça em Trinidad, no departamento de Beni.Proibido passarEmbora analistas descartem confrontação em larga escala ou desagregação territorial, os últimos dias deram mostras da efetividade das ações opositoras e do acosso a Morales nas chamadas "terras baixas".Na soma dos episódios, o presidente ou integrantes do governo foram impedidos de chegar a cinco dos nove departamentos do país. No caso mais simbólico, Morales teve de cancelar o encontro que teria com os colegas Hugo Chávez (Venezuela) e Cristina Kirchner (Argentina), na terça-feira.Anteontem, esperado em Santa Cruz, a base mais forte da oposição, onde sua aprovação não alcança 30%, o presidente nem desembarcou do avião. Nos arredores do aeroporto, membros da União Juvenil Cruzenha (UJC), grupo de direita que o governo qualifica de fascista, queimavam pneus e ameaçavam sua comitiva."Sim, fomos nós. O presidente nem ministros não pisam mais aqui", disse à Folha, por telefone, o presidente da UJC, David Sejas, 34. Ele, que diz não ter apoio do governador local, Rubén Costas, contou que a entidade se replicou nos departamentos opositores.Segundo rádios locais, a União Juvenil de Riberalta participou ontem da invasão do aeroporto da cidade, em Beni. O aeroporto de Cobija (Pando), fronteira com o Brasil, também foi tomado -até por funcionários do governo departamental.Ontem, ante a negativa dos governadores de quatro departamentos de baixarem decreto com restrição à venda de bebidas alcóolicas e outras medidas de praxe 48 horas antes da eleição, o governo nacional o fez. No anúncio, o ministro da Defesa, Walter San Miguel, disse que haverá ordem no domingo.Como rebento político dos protestos e bloqueios do fim dos anos 90 e início desta década, o governo Morales tem dificuldade para reagir às manifestações que replicam alguns de seus métodos, e sofre cobranças quando o faz. A semana foi marcada pela morte de dois mineiros em protesto contra o governo. A imprensa e organizações sociais cobram que Morales peça desculpas.Com uma Polícia Nacional considerada pequena e mal equipada, La Paz diz não autorizar uso de armas de fogo e hesita em acionar as Forças Armadas em conflitos -dada a memória da atuação dos soldados na Guerra do Gás, em 2003, quando mais de 70 morreram. O conflito levou à queda de Gonzalo Sánchez de Lozada, que fugiu para os EUA.

2 comentários:

ZEPOVO disse...

Gostando ou não de Evo, todos democratas devem apoiá-lo.
É preciso que fique claro o golpe que a oposição separatista pretende.
Democracia é democracia mesmo que o "outro" lado ganhe as eleições. evo É O PRESIDENTE DEMOCRATICAMENTE ELEITO, DE FATO E DE DIREITO.
Oposição separatista, golpista e rebelde são pelo "politicamente correto" em vigor TERRORISTAS.

Carlos Eduardo da Maia disse...

Concordo, Zé, Evo foi eleito democraticamente e deve cumprir seu mandato até o final. Mas essa história de referendo revogatório é uma imensa de uma demagogia.